O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 2

O cheiro de Marta ainda parece morar ali. Na mansão silenciosa, ele paira no ar como um fantasma sutil, uma lembrança viva e cruel. Ao empurrar a porta de casa, Jonathan não diz uma palavra. Nenhum gesto. Só atravessa o saguão como uma tempestade muda. Seus passos ecoam duros no mármore frio.

Sobe as escadas com pressa, abre a porta do quarto com brutalidade contida, j**a as chaves na cômoda como quem lança um fardo, e arranca a camisa com força, como se o tecido estivesse contaminado, como se queimasse.

Entra no chuveiro e deixa a água quente escorrer, fervendo contra a pele. Fecha os olhos. Respira fundo. E falha. Porque a água não leva a culpa. Nem a raiva. Nem o arrependimento.

Nada leva.

Deita-se na cama, ainda molhado. O colchão está frio. O peito, ainda mais. O travesseiro, antes cúmplice do descanso, agora é testemunha da sua dor. Ele fecha os olhos com força, tentando escapar. Mas o sono chega como um ladrão, invadindo a mente cansada. E o sonho vem.

Um campo aberto. Verde. Imenso. O céu é tão azul que parece inalcançável. O vento toca o rosto como uma carícia. E lá está ela. Marta. Vestida de branco, os cabelos soltos, os olhos calmos. Um sorriso sereno que parece de outro mundo. Nas mãos delicadas, dois sapatinhos de bebê, um azul e um rosa.

Jonathan estende a mão, mas ela não se aproxima. Apenas o observa. Como quem diz tudo sem dizer nada.

Ele acorda com um sobressalto. O coração dispara como se tivesse corrido quilômetros. O suor escorre pela têmpora. O quarto está escuro. Silencioso. Mas dentro dele, algo grita.

Senta-se na cama, respira com dificuldade. A imagem do sonho ainda pulsa sob as pálpebras fechadas. Marta. Os sapatinhos. O sorriso.

Será que ela está tentando dizer algo?

Na varanda, a madrugada o acolhe com o silêncio cúmplice das estrelas. Ele encara o céu como se pudesse arrancar respostas das constelações.

— Que diabos está acontecendo comigo? — murmura, com a mão no peito, como se tentasse conter algo que quer explodir.

Mas não consegue fugir do sentimento nos dias que se seguem. Marta está em tudo. No perfume da camareira que limpa os escritórios. No jeito de uma funcionária prender o cabelo. No silêncio que se instala no corredor sempre que ele passa. Como se o mundo, de repente, se tornasse um eco do que perdeu.

***

— Você tá diferente — diz Rui, empurrando o copo de suco para o lado e encarando o amigo do outro lado da mesa. Estão na sede da Schneider Chemical, almoçando em uma das salas reservadas da diretoria. — Parece que viu um fantasma.

Jonathan não reage de imediato. Mantém os olhos fixos no prato, onde a comida está intocada.

— Talvez eu tenha visto mesmo — diz enfim, num tom baixo, quase mais para si do que para Rui.

— O quê? — Rui se inclina, tentando entender.

Jonathan ergue os olhos devagar, como se revelasse um segredo que o corrói.

— Eu acho que Marta está grávida.

Rui arregala os olhos. O garfo para no ar.

— Como assim, “acha”? Você recebeu alguma notícia? Alguém te disse alguma coisa?

— Não. Nenhuma notícia. Nenhum recado. Só… — ele suspira — só um sonho.

Rui o encara, cético.

Cacos de Controle 2 1

Cacos de Controle 2 2

Verify captcha to read the content.Verifique o captcha para ler o conteúdo

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino