Jonathan sabe que não saiu de casa a toa, precisa continuar, já esperou demais, chegou a hora do tudo ou nada!
Ele xinga em voz baixa e soca o volante com a palma aberta, frustrado.
— Merrda.
Ele respira fundo, recua o impulso. Volta a chamar. A mesma coisa. Chamada após chamada, silêncio e depois a gravação irritante.
— Onde você se enfiou, Ravi Smith?
Jonathan tenta então o plano B: o hacker que já trabalhou com eles nos bastidores da investigação. Mas ao abrir o contato, um ponto vermelho indica Offline. Totalmente desconectado. Nenhum sinal, nenhuma atualização. Apenas o frio digital da ausência.
— Ótimo. Todo mundo resolve evaporar hoje?
Ele j**a o celular no banco do passageiro, os pensamentos latejando. Tensão começa a subir como uma febre. A trilha que antes parecia clara agora ganha neblina nas bordas.
— Não posso fazer isso sozinho... — ele diz ao próprio reflexo no espelho retrovisor.
— Mas se for preciso, vou até o fim.
Jonathan freia bruscamente. Algo muda no rosto dele. Não é mais dúvida, é decisão.
Jonathan soca o volante com força, o estalo ecoa pelo carro parado no acostamento como um trovão abafado.
— Filho da putta... — rosna, o coração disparado, o suor começando a brotar na nuca.
O nome na tela do celular ainda brilha. Ele range os dentes, b**e com a mão aberta no painel e grita, como se o carro pudesse absorver a angústia.
O som do celular vibra de repente, cortando o caos como um raio em céu escuro. Jonathan se sobressalta e vê o nome que pisca na tela.
Ravi.
Ele atende no viva voz imediatamente.
— Ravi, Karalho! Finalmente!
— E aí, irmão... que desespero é esse? A voz de Ravi está rouca, ainda meio sonolenta.
— Preciso falar com você. Agora. É urgente.
Do outro lado, o silêncio dura apenas dois segundos antes da resposta.
— Acabei de acordar, véi. Passei a madrugada toda quebrando uns servidores, e não era coisa pequena.
A dor ainda lateja quando Jonathan estaciona diante do prédio de Ravi. A luz pálida da manhã escorre pelos prédios como um véu tímido, e o ar ainda carrega aquele silêncio espesso que precede as decisões irreversíveis.
Ele sobe sem ser anunciado, Ravi sempre deixa a porta destrancada. É um hábito antigo, um gesto de confiança que diz mais do que qualquer palavra. Ao entrar, o apartamento exala uma mistura de café velho, noites em claro e tecnologia. Cabos, telas, peças de computador abertas. O caos organizado de um gênio.
— Banho, pensa Jonathan ao ouvir o chuveiro ligado ao fundo. Sorri de canto.
— É claro que tá no banho.
Ele se j**a no sofá afundado da sala, olha ao redor e se sente em casa. Mas a mente não descansa. O plano martela no fundo do peito como um tambor de guerra. A busca por Jeff, a oração de Marta, o peso das perguntas não respondidas... E agora, a chance de cruzar a última fronteira, o submundo.
O som do chuveiro cessa. Minutos depois, Ravi surge no corredor vestindo uma calça de moletom e a camiseta preta colada ao corpo ainda úmido. Os olhos estão mais despertos agora, e a expressão carregada de curiosidade.
— Não fez café? Tá perdendo o costume?
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