De repente, houve um silêncio, como se todos na mesa fossem impactados pela notícia. Depois, os olhares se voltaram para Henrico, que, abaixando o olhar, tornou-se pensativo. Todo mundo sabia que Alessia iria ser presa, o próprio Henrico já esperava por isso, mas foi inevitável a reação. Era como se tudo estivesse acabado e todo o esforço de ser um bom pai, jogado na lata do lixo.
Antonela, percebendo que Henrico ficara quieto demais, se apressou em direção a ele, quando foi interrompida pela sua voz áspera e alta.
— Não precisa se preocupar comigo, Antonela – ele finalmente lançou um olhar para ela – deixei que a Alessia estragasse o nosso jantar, não permitirei que ela estrague esse almoço também. Continuaremos comendo.
Ela parou e ficou olhando para ele, enquanto enchia a colher com comida e o enfiava na boca, mastigando, mastigando e, por mais que Henrico se esforçasse, o semblante carrancudo não abandonava seu rosto.
Ela conseguia imaginar o quanto ele estava sofrendo, mas ela fez o que ele pediu. Voltou a se sentar ao lado do seu marido e a terminar sua refeição. Mas o silêncio permaneceu e ele foi castigador naquele momento.
— O Adam ama esse lugar – disse Benjamim e sorriu para Antonela enquanto segurava sua mão por debaixo da mesa – ele se transforma quando está aqui. Estava até mesmo pensando em comprar uma fazenda como essa, para que ele crescesse mais livre.
— Um pai faz tudo pelos seus filhos – o jeito como Henrico disse isso soou como um desabafo doloroso até mesmo para ele – mas você será um pai melhor do que fui.
— O senhor não tem culpa de Alessia ter se tornado uma assassina – o comentário de Antonela fez Dominique engasgar-se. De repente, o clima ficou ruim, fazendo Antonela se arrepender imediatamente por dizer aquilo.
A frase foi tão direta que fez Antonela e Henrico se entreolharem, pasmos. A mesa inteira ficou quieta pela segunda vez.
— Desculpa, o senhor pediu para que eu não tocasse no assunto – ela levou o copo até os lábios e bebeu um longo gole do suco de caju – mas não podemos fingir que nada está acontecendo e que não estamos sofrendo com isso.
— Vou carregar a dor de ver minha filha presa por assassinato pelo resto da minha vida, Antonela – ele soltou um longo suspiro – mas precisamos seguir em frente. Eu não estragarei esse momento em família que estamos vivendo agora, indo para um canto me lamentar. Já estou velho demais para perder tempo com isso.

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