— Precisamos sair daqui – Antonela se rastejou agachada, enquanto agarrava na mão de Dominique e ia pela escada de emergência.
— O que você está fazendo amiga? – ela interceptou Antonela no meio do percurso, olhando em seus olhos assustados – você tem uma entrevista de emprego.
— Eu não posso trabalhar aqui – disse e, quando sentiu que o coração iria explodir, parou, encostando na parede atrás dela e deslizou o corpo até os degraus – eu sei que o meu pai vai querer me matar quando souber que eu não fiz a entrevista, mas eu não posso trabalhar para o Benjamim. Para o homem que me abandonou no altar e depois, fingindo que não me conhecia, me levou para a cama.
— Você não é tão inocente assim, Antonela – Dominique se agachou e, percebendo o desespero da amiga, tentou ser solidária – mas ele é um deus grego, quem resistiria a tanta beleza?
Seus olhos se estreitaram em reprovação ao comentário de Dominique. Percebeu que, no fundo, ela só tentava ajudar. Mas naquele caso, não havia muito o que fazer. Benjamim havia feito de propósito? Antonela não duvidava disso, mas ela não se humilharia ao ponto de ir atrás dele exigir qualquer explicação.
Voltou a se levantar, sentindo os nervos mais calmos agora e decidiu ser hora de partir. Descia as escadas apressadamente. Queria desaparecer daquele lugar antes que encontrasse Benjamim acidentalmente.
— Eu posso ir lá exigir uma explicação dele – disse isso, fazendo Antonela parar subitamente de tão assustada que ficou com suas palavras – ele vai ter que explicar direitinho porque abandonou você no altar.
Antonela não duvidava que ela seria capaz.
— Esquece isso, Dominique – segurou em seus ombros, suplicando – vamos embora daqui e vamos fingir que nada disso aconteceu.
— E o que vai dizer para o velho Henrico? – aquela pergunta fez as pálpebras dos seus olhos tremerem – ele vai recusar as suas desculpas, Antonela, e você vai acabar arrumando outro problema com o seu pai.
— Melhor um problema com ele do que encarar aquele diabo dos olhos verdes – o comentário fez Dominique sorrir – além disso, eu estou farta de cumprir as ordens do Henrico.
— É o diabo dos olhos verdes mais lindo que eu já vi – o comentário fez Antonela revirar os olhos, quando ela voltou a caminhar para fora do prédio.
Em silêncio, entrou no carro, percebendo que Dominique tinha razão. Henrico não aceitaria suas desculpas, sejam quais forem elas. Precisava arrumar um emprego urgentemente, para acalmar a fúria do seu pai e para se tornar independente e finalmente ir embora daquela casa.
— Não é possível ter apenas uma vaga de emprego em toda essa cidade – ela resmungou – eu consigo um emprego melhor, em um lugar que não tenha que encarar o homem que me enganou.
— Você está certa – ela disse, dirigindo de volta para casa de Antonela – mas aquele emprego era o melhor que você podia conseguir.
— Por que eu tenho a impressão de que você está tentando me coagir?
Dominique encarou seus olhos, sentindo-se ofendida.
— Eu desejo o melhor para você – disse, sem olhar nos olhos dela – e se o melhor é trabalhar para o Benjamim, que seja.
Mas Antonela não permitiria que ninguém a influenciasse. Pediu que Dominique mudasse a rota e pararam no café da cidade. Enquanto tomava o café da manhã, procurava na internet vagas de emprego nas redondezas. Tinha o semblante preocupado e se frustrou quando pela segunda vez percebeu que Dominique tinha razão. Ela não encontraria um emprego melhor do que aquele.
Estava entrando em um estado de desespero quando seu celular tocou. Levou um enorme susto quando viu que a chamada era da sua casa, especificamente de Henrico.
Sentiu que infartaria e seu rosto empalideceu assim que ela atendeu a ligação e ouviu a voz furiosa de Henrico do outro lado da linha.
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