Alessia comemorava seu trinfo, embora ainda se sentisse ligeiramente tonta, tentou levantar-se, quando cambaleou para o lado e quase caiu. Procurava sua bolsa para pegar o celular e fazer algumas ligações.
Onde ela arrumaria o dinheiro para pagar Fred?
Alessia não se importava com a maneira como conseguiria isso, ela faria tudo por Benjamim, para tê-lo finalmente ao seu lado. Quando pensava na possibilidade de Antonela ficar com o que era seu, ela ficava ao ponto de colapsar.
Pegou o celular com as mãos tremulas e procurou um dos contatos em sua agenda telefônica. Chamou algumas vezes quando a voz do outro lado ressoou preocupada.
— Senhora, Alessia – a voz de Fabricio estava frenética do outro lado da linha – como está o patrão?
— Eu não liguei para falar sobre ele – disse impaciente, transparecendo toda sua insignificância em relação ao pai – preciso que você venha até o hospital e traga uma quantia para que eu possa pagar as despesas médicas do meu pai.
— Mas senhora – a voz de Fabricio foi silenciado pelo medo, mas ele prosseguiu em seguida – estamos sem dinheiro no caixa.
— Eu sei que o papai guarda um dinheiro extra na fábrica – ela insistiu, tentando persuadir apenas a obedecê-la – faça o que estou mandando, Fabricio, a vida do meu pai depende disso.
Um silêncio transcorreu do outro lado da linha. Alessia tinha consciência de que estava colocando o jovem rapaz em mãos perigosas, propondo a ele que pegasse os últimos recursos de seu pai, ainda mais sem o consentimento dele, mas ela não se importava com as consequências que Fabrício sofreria, ela queria apenas se casar com Benjamim.
— Eu quero você aqui em uma hora, entendeu?
— Sim, senhora – a voz tremula do outro lado provou o quanto ele estava apavorado, mas Alessia não deu a ele tempo para se acalmar.
Ela encerrou a ligação e vibrou silenciosamente. Tinha um sorriso genuíno no rosto.
Do lado de fora do hospital, Fabricio caminhava apressadamente até a entrada. Olhava atentamente para os lados, temendo que algo pior pudesse acontecer. Apertou firmemente o pacote cheio de dinheiro que tinha nos bolsos quando finalmente entrou na recepção.
Pediu para o guarda para ver Henrico Bianchi, mas não lhe foi autorizado. Fabrício pensou em voltar e guardar aquele dinheiro. Ele sabia melhor do que ninguém o quanto Henrico vinha poupando dinheiro para futuramente ter algo para lhe salvar.
Certamente o momento para usar o dinheiro seria aquele, porém seu coração não concordava com suas atitudes. Por que ele sentia que algo estava errado?
— Senhor, eu vim para visitar a filha dele, Alessia Bianchi – insistiu um pouco mais, sabendo que Alessia jamais perdoaria ele caso falhasse.
Foi autorizado para entrar. Seguindo o caminho que o guarda o havia indicado, ele não avistou Alessia no corredor. Entrou no quarto e a viu deitada em uma maca completamente imóvel.
Ela não havia avisado que também estava internada. As desconfianças de Fabrício aumentaram desproporcionalmente. Seu rosto escureceu e suas narinas inflamaram quando seus olhos se encontraram com os de Alessia. Por que aquela mulher não conseguia ser gentil como Antonela era?
— Está atrasado – ela disse, levantando-se com dificuldade – fez o que eu mandei?
A voz dela sempre autoritária e fria causou arrepios nele. Alessia conseguia ser pior do que o pai.
— Fiz – ele gaguejou, mas não se moveu. Continuava com as mãos enfiadas no bolso, apertando involuntariamente o envelope.
Ela empalideceu imediatamente e, arregalando os olhos, soube que precisava tirar Fabrício dali imediatamente antes que ele descobrisse suas verdadeiras intenções.
— Você já pode voltar para a fábrica, Fabrício – ela forçou um sorriso simpático para ele, o que só piorou a situação – mandarei notícias do meu pai a você.
Fabrício olhou para ela e depois desviou o olhar para Fred. A aparência do enfermeiro não era das melhores, tinha uma expressão carrancuda no rosto e foi incapaz de olhar nos olhos de Fabrício. Seu olhar recaiu sobre o envelope que ele segurava.
Saiu do quarto achando aquilo tudo muito estranho.
Certificando-se de que estava sozinha com Fred no quarto, Alessia pediu que ele se aproximasse.
— Eu não consegui muito dinheiro – lançou o envelope em sua direção – mas considere isso como um pagamento inicial.
Fred nem olhou nos olhos dela, para não arriscar se arrepender e desistir daquele plano imediatamente. Ele deu uma olhada para dentro do envelope, não impressionado, e em seguida entregou a ela o teste de gravidez.
— Lembre-se, Alessia, eu obtenho o seu segredo – ele a fuzilou com um aviso, antes de soltar de vez o papel – qualquer passo falso seu em não cumprir suas promessas, Benjamim e toda essa cidade saberão que você mentiu.
O sangue de Alessia congelou em suas veias. Ela não o respondeu. O que poderia dizer a ele? Que roubou o próprio pai falido para concluir seu plano quase perfeito. Não era o momento para demonstrar fraquezas.
— Nos vemos em breve – dessa vez, Fred olhou nos olhos dela para ter certeza de que Alessia havia entendido bem o recado – parabéns, você está grávida do homem mais poderoso da cidade.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O filho secreto do bilionário