Antonela acordou assustada. Olhou para Adam, que dormia tranquilamente, soltou o ar com alívio. Tivera um terrível pesadelo que ficou pensando por muitos minutos. Levantou-se e deu um beijo no pequeno rosto dele. Percebeu, por fim, que Dominique não estava na cama.
Ela sempre era a primeira a acordar, mas era estranho o silêncio que imperava na casa, sem qualquer barulho ou presença de Dominique. Caminhou até a cozinha e ela não estava ali, foi até o banheiro e Dominique havia desaparecido.
Se assustou quando se virando, esbarrou com Carmelia no meio do caminho.
— Está procurando a Dominique, ela não está – foi direta com as palavras, quando estendeu a mão e ofereceu a ela as chaves do velho Chevette – pediu para que eu entregasse isso a você.
Os olhos de Antonela recaíram sobre as chaves. Se ela não estava, por qual motivo sairia a pé sem o carro? A história era estranha e fez Antonela chegar a conclusões nada agradáveis.
Olhou para Carmelia que a todo custo evitava olhar em seus olhos.
— Para onde ela foi? – a pergunta ficou suspensa no ar, diante do silêncio de Carmelia – a Dominique nunca sairia sem o carro, ainda mais tão cedo assim.
Desviou o olhar para o relógio de pulso, ainda faltava uma hora para o início do expediente.
— Ela pediu para que eu dissesse que foi ao médico – uma ruga se formou na testa de Antonela, quando finalmente Carmelia levantou o olhar – mas se eu dissesse isso, seríamos duas mentirosas. Portanto, eu não faço ideia de onde minha filha desajuizada poderia ter ido.
Antonela não esperou que nenhuma palavra a mais fosse dita. Girou os calcanhares, enquanto fechava os punhos e correu para o quarto. Se arrumou apressadamente. Talvez sendo rápida, pudesse impedir que Dominique cometesse um erro.
Ela tinha quase certeza de que Dominique havia ido falar com Benjamim. Ela conhecia Dominique tão bem que, sabia que não se controlava quando uma injustiça acontecia diante de seus olhos.
Olhou pelo espelho retrovisor sabendo que sua aparência estava péssima, mas Antonela não podia perder tempo se arrumando. Deu a volta pela cerca e saiu em velocidade pela estrada de chão. Dirigia como se sua vida dependesse daquilo.
Estacionou o carro e desceu, correndo até a entrada do prédio. A respiração de Antonela ficou presa na garganta quando ela bateu defronte com Benjamim saindo da empresa. Ela apenas conseguiu sentir ele a segurar enquanto seu corpo era eletrocutado com o toque dele.
— Para onde vai com tanta pressa, Antonela? – ele sorriu, tendo ela em seus braços.
Ela soltou a respiração ao olhar nos olhos dele e só depois de muitos segundos paralisada, ela percebeu a posição que se encontrava e se afastou.
— Chegou cedo hoje – o comentário dele a pegou desprevenida – e com a pressa que está parece ter coisas urgentes para resolver.
— Preciso falar com a Dominique – ela limpou a garganta e abaixou o olhar – e eu não quero atrapalhar você no seu compromisso.
Passou por ele quando ele a segurou, impedindo-a de prosseguir. Ela levantou o olhar até ele, questionando quantas vezes mais aquela cena se repetiria.
— Está preocupada por que a Dominique me contou sobre a Alessia chantageá-la? Antonela fechou os olhos sabendo que Dominique havia passado do limite – estou indo resolver isso.
Viu ele partir, indo em direção ao carro, quando voltando a se apressar, Antonela entrou no elevador em direção ao andar onde trabalhava. Embora Benjamim afirmasse que elevaria ela a um cargo maior, nem mesmo assim a raiva de Antonela havia se dissipado.
Ela caminhou até onde Dominique estava e parando a sua frente a indagou.
— Então você foi ao médico? – Dominique arregalou os olhos assustada – e que diagnostico ele passou para você? De mentirosa?
— Por que está falando assim comigo? – encarou ela com decepção.
— Você não tinha nenhum direito de contar a ele o que estava acontecendo – magoada, a voz feroz de Antonela a queimava, enchendo suas veias de adrenalina – como posso confiar a você os meus segredos a partir de agora?
— Acha mesmo que eu ficaria de braços cruzados vendo a sua irmã arruinar sua vida? – ela não ponderou nas palavras – você é boazinha demais, Antonela, e isso vai arruinar você.
Antonela pensou em explicar, como se ela tivesse deliberadamente causado toda a situação. Como se revelar seus segredos tivesse sido o plano de Dominique o tempo todo. Não, não era e Antonela sabia disso. Foi apenas a mágoa e a raiva que fizeram Antonela revisitar o seu pior lado.
Antonela girou os calcanhares e partiu. Se ficasse só mais um minuto ali, a amizade entre elas ruiria rapidamente. Esperou que Benjamim retornasse e que desistisse da ideia maluca de promovê-la, mas ele passou a manhã inteira longe da empresa.
Ela sabia que assim que o mundo lá fora soubesse da sua apoteose, os problemas triplicariam.

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