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O filho secreto do bilionário romance Capítulo 61

Dominique acordou aquela manhã e passeou pela casa. Inspecionou cada canto a procura de Carmélia. Estranhou despertar e não a ver preparando seu café da manhã.

Espiou através das cortinas que cobriam parcialmente a janela. Viu seu velho Chevette coberto por orvalhos da manhã, as galinhas ciscando no terreiro, mas nenhum sinal de Carmélia. Saiu, dando a volta completa em volta da casa, mas ela não se encontrava em lugar algum.

Carmélia raramente saía da fazenda, a não ser quando precisava ir ao banco ou fazer compras para o mês.

— Apavorante – ela soltou as palavras, ao imaginar os motivos que levaram sua mãe a sair tão cedo assim.

Voltou para dentro e se deparou com Antonela encostada no balcão, de cabeça baixa como se estivesse ali por muito tempo. Quando ouviu os passos de Dominique levantou o olhar e sorriu.

— Não conseguir dormir – as palavras foram soltas, mas o sorriso em seu rosto era tão pálido e triste quanto aquele dia – precisa colocar uma lona sobre o carro durante o dia, para não estragar a pintura.

Dominique virou o rosto olhando para o veículo, depois se virou para Antonela, sabendo que ela evitava a todo custo falar sobre sua partida, para assim não tornar tudo ainda mais difícil.

— Minha mãe saiu sem me avisar – ela descansou as mãos sobre a cintura e soltou o ar dos pulmões - o qual triste seria se você partisse sem ela se despedir do Adam?

— Impossível – respondeu, desviando o olhar – eu jamais iria embora sem agradecer a ela tudo o que fez por mim e pelo Adam. Eu a espero retornar.

O clima era tão estranho, que Antonela nem sequer questionou por que Carmélia sairia tão cedo. Ela ficou batendo os dedos sobre o balcão, ao mesmo tempo que observava os movimentos automaticamente, enquanto sua mente viajava para um lugar bem longe dali.

Dominique deu a volta por ela e entrou na cozinha, tirando uma panela do armário, enchendo-a de água e ligando o fogo. Em seguida, sentou-se em frente a ela e a observou em silêncio.

— Não está atrasada para o trabalho? – Antonela levantou o olhar e questionou.

Dominique respirou fundo, e quando falou, sua voz soou cansada.

— Estou. Mas o Benjamim vai compreender o meu atraso – levantou-se, arrastando a cadeira ouvindo o rangido nas tabuas de assoalho – além disso, não vou sair daqui sem me despedir da minha melhor amiga.

Uma dor atingiu o coração de Antonela pela décima vez e um nó sufocou sua garganta, de modo que ela não soube o que dizer. Era para ela estar se arrumando para ir trabalhar ao lado de Dominique, mas até mesmo isso havia sido rompido. No fundo, Antonela gostava de trabalhar nas empresas de Benjamim, gostava de estar perto dele. Agora não lhe restava mais nada e por muito tempo ela teria que aprender a conviver com o vazio que isso deixaria em sua vida.

Se perdeu novamente nos próprios pensamentos, enquanto o aroma de café invadia suas narinas e ela sentia as pequenas mãos de Adam a agarrarem, fazendo-a voltar a realidade.

Ela estranhou o garoto estar acordado aquela manhã. Esfregava os olhos insistentemente enquanto resmungava, soltando pequenos sons pela boca.

Ela não conseguiu esconder o próprio espanto.

Os olhos de Henrico recaíram de repente sobre Adam e brilharam como dois faróis. O coração de Antonela parou de bater quando ela se deu conta do que de fato acontecia.

— O que você faz aqui? – ela caminhou na direção de Carmélia e pegou Adam nos braços, como se temesse a aproximação do pai.

— Eu já sei de tudo, Antonela – o som da voz afundou Antonela em seu devaneio. Ela sentiu o peso daquelas palavras, diminuindo a distância entre eles dois – até quando iria esconder isso de mim?

Antonela encolheu os ombros diante da força que a voz dele exercia sobre ela. Ela se viu imaginando que tipo de avô Henrico teria sido se ela tivesse contado a ele a verdade. Certamente ele a expulsaria de casa e não se importaria com aquele menino.

Olhou para Carmélia, que esperava com enorme expectativa um final feliz para aquela história, mas Antonela reprovou instantaneamente sua decisão em contar a verdade a Henrico sem seu consentimento.

— O senhor não precisa se preocupar com isso, pai – ela engoliu o choro que brotava em sua garganta – estou indo embora da cidade e o senhor poderá continuar vivendo como se eu e o Adam não existisse.

— Você não vai para lugar algum, Antonela – os olhos dela se arregalaram de repente, embora Henrico mantivesse o tom de voz neutro, havia certa ternura nele – estou aqui para impedir sua partida.

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