As horas se arrastavam, o sono não vinha,
a raiva e os ciúmes me consumiam.
Julha Thompson
Christopher e eu passamos um dia maravilhoso juntos. Sim, poucas horas, mas horas maravilhosas em que vivemos em nosso mundo. Um mundo onde nada e ninguém interfere em nossa felicidade. Christopher se comporta como um verdadeiro cavalheiro ao cozinhar para nós e me vestir após o banho. Fazemos amor em todos os cantos do apartamento — na escada, cozinha, em nosso quarto, sala — onde me entrego por completo enquanto ele me trata como uma rainha. É um dia memorável, fazendo desse momento uma despedida que ficará marcada em mim pelo resto da vida. Algumas vezes eu penso em contar toda a verdade para ele, falar sobre os planos que eu tenho feito para o futuro, mas eu não quero estragar o momento que levarei como recordação. E vivo cada minuto ao seu lado com afinco.
O fim de semana chega e nada muda após o dia em que passei na companhia de Christopher, tudo continua como antes. Mamãe está viajando a trabalho, Christopher se divide entre me perseguir pela casa e ficar em seu escritório. Com exceção de Ada, que ainda me evita, de alguma forma, agradeço aos céus por isso. Não sei se suportarei ver mais uma vez o seu olhar de decepção em mim, mesmo sabendo que o sentimento está ali.
Estou deitada em minha cama, recordando do dia em que eu estive nos braços do meu amado, quando sou despertada do meu devaneio ao ouvir o meu aparelho celular tocar. Estico o braço e o pego do criado-mudo, então desbloqueio a tela e vejo o nome do Felipe surgir.
Eu reluto em atender. Desde o dia em que estive com Christopher, tenho evitado Felipe. Covarde. Foi isso que eu me tornei, uma traidora covarde. Mas após pensar por alguns minutos e com a insistência dele, chego à conclusão de que não posso ficar fugindo e terei um problema a menos quando contar tudo a ele.
— Alô — digo ao atender. Minha voz soa falha, toda a confiança que reuni segundos atrás se esvaiu.
— Oi, meu anjo. — Carinhoso como é, ele se dirige a mim. — Tudo bem com você?
Respiro fundo, buscando forças para continuar.
— É... eu... eu estou bem sim — digo, incomoda, não estando bem certa disso.
— Que bom, querida. Eu fico feliz por isso. Desculpe-me estar ligando uma hora dessas, eu não sabia se deveria, mas a saudade está me matando. Depois que a sua mãe foi te buscar na escola, mal nos falamos, só trocamos algumas mensagens. Eu fiquei me perguntando se eu havia feito alguma coisa pra te chatear.
Suas palavras me atingem de uma maneira que eu não gosto. Culpa. Ouvir que Felipe se sente culpado por um erro que não pertence a ele é lamentável. Isso não pode continuar.
— Felipe, o problema não é você, sou eu. Desculpe-me. Eu andei com alguns problemas, mas já resolvi parte deles. Eu... eu também senti saudade. — Engulo em seco. E é verdade, em partes. Eu sinto saudade do amigo que Felipe é para mim.
— Muito bom ouvir isso. — Posso ver um riso satisfeito em seus lábios. — Caso precise de mim, estou à disposição.
— Obrigada, mas só uma única pessoa pode resolver todos os meus problemas. Eu.
— Claro, querida, mas caso queira alguém para desabafar — ele insiste — estou aqui. Agora me conte como foi o programa só de meninas com a sua mãe? Divertiram-se bastante?
A culpa joga na minha cara o fato de eu poder ser tão cretina com uma pessoa maravilhosa como Felipe. Ele não merece que eu o trate dessa maneira.
Isso tem que acabar, Julha.
— Foi... é... bom... tudo bem — gaguejo.
Anotando mais uma mentira para a sua conta, Julha Thompson. O meu demônio interior joga na minha cara, como se eu não soubesse.
— Que bom, meu amor, eu fico feliz por vocês. — Sinto que as palavras que saem da sua boca são sinceras. — Eu sei o quanto é importante pra você a aproximação com a sua mãe, torço para que continuem se entendendo.
Eu também, penso.
— Obrigada! — agradeço e sei que um simples agradecimento não é o suficiente, mas é só o que posso lhe oferecer no momento. — E me desculpa por não ter ligado antes pra você, nós chegamos tarde.
— Foi o que eu imaginei. Não se preocupe, querida, eu não poderia atrapalhar o momento que era apenas de vocês.
— Obrigada por compreender. — Lágrimas se formam em meus olhos. Angustiada, sinto o meu peito apertar em aflição.
— Não precisa agradecer, minha princesa. Qualquer que sejam as circunstâncias, eu sempre vou torcer por você, por sua felicidade.
— Bom, eu agradeço de novo. — Limpo a garganta. — Felipe — chamo a sua atenção para mim —, nós precisamos conversar. Eu quero saber se você pode vir aqui em casa para tomarmos um banho de piscina e almoçarmos. Eu quero esclarecer algumas coisas com você.
— Agora?
— Se você não tiver nenhum compromisso importante, eu quero que seja hoje. Agora.
— Por mim tudo bem, mas você está me deixando preocupado. Aconteceu alguma coisa? Fiz algo que a magoou?
— Não, Felipe, o problema sou eu, só quero conversar. Mas se você não puder eu vou entender — minha voz soa cansada. E realmente estou cansada, cansada de toda essa mentira que não traz benefícios para ninguém.
— Claro que eu posso. Vou tomar banho um rápido e daqui a pouco estarei aí.
— Está bem, eu fico te aguardando.
Antes de encerrar a ligação, ainda ouço a sua voz me chamar.
— Ju?
— Sim.
— Eu te amo. — Suas palavras me pegam de surpresa, fazendo com que eu me sinta ainda mais culpada.
— E... Obrigada. Quer dizer, até já, Fê! — gaguejo.
Encerro a ligação e jogo o meu corpo sobre a cama, deixando o celular cair ao meu lado antes de cruzar os braços sobre os meus olhos. Eu respiro fundo, buscando forças para enfrentar a longa conversa que terei com Felipe.
Depois de me vestir com um biquíni simples preto, coloco por cima uma camiseta do Mickey que chega à metade das minhas coxas, calço o meu par de chinelo e sigo para a sala de televisão para o aguardar. Estou mais aliviada, não feliz, por ter certeza que irei parar de enganá-lo. Nada que eu fizer pode apagar as merdas que fiz.
Uma hora depois, eu ouço a campainha tocar.
— Eu atendo — digo para Ada, que caminha em direção à porta.
Ada então volta para a cozinha enquanto eu sigo a passos largos até a porta e a abro. A imagem de Felipe vestido em uma bermuda preta e camisa branca, uma mochila em seus ombros e um boné preto sobre a cabeça surge no meu campo de visão. Ele está ainda mais lindo. Ao me aproximar, envolvo os meus braços em volta do seu pescoço e o perfume adocicado invade as minhas narinas. Eu o aperto em um forte abraço e para mim isso parece mais um pedido verdadeiro de desculpas.
— Que bela recepção — ele diz, segurando o meu rosto em suas mãos ao aproximar os seus lábios dos meus, depositando um selinho estalado. Com um sorriso tímido, ergo o canto dos meus lábios. — Eu quero ser recebido assim todos os dias.
— Vamos entrar. Quer tomar café? — pergunto e o pego pela mão, puxando-o para dentro.
— Não, eu já tomei em casa. Obrigado.
Paro bruscamente no centro da sala e me viro para ficar de frente para ele, pronta para lhe contar toda a verdade.
— Eu posso ir até o banheiro me trocar? Depois podemos conversar, estou curioso para saber o que você tem de tão importante para me dizer.
Eu abro e fecho a boca, mas nada do que eu havia planejado consigo dizer.
— Claro, você conhece o caminho. Eu te espero na piscina.
— Está bem — diz e se afasta.
Eu o observo até sumir pelo corredor que dá acesso ao banheiro social. Sigo para a piscina com os pensamentos fervilhando, me perguntando quais palavras eu deveria usar para contar a Felipe o real motivo de tê-lo chamado aqui. Não tenho ideia de qual será a sua reação quando receber a notícia de que o nosso “namoro”, ou seja lá como ele vê o nosso relacionamento, chegou ao fim.
Assusto-me ao sentir duas mãos envolvendo a minha cintura. Felipe. E essas mesmas mãos puxam meu corpo de encontro ao seu, aproximando os nossos quadris e roçando suas pernas nas minhas. Se fosse em outra situação, essa aproximação me deixaria excitada, mas não é esse o caso.
— Quer conversar? — diz, antes de beijar o meu ombro.
Quero? Eu quero sumir agora, mas preciso dar uma explicação para Felipe. Ele sempre foi muito sincero comigo, devo isso a ele. Deus, por que as coisas não são diferentes? Mais uma pergunta que nunca vou conseguir resposta.
— Quero — respondo, decidida e encarar a situação, então me viro para ficar de frente para ele.
— Está bem, sou todo ouvidos — ele dá um sorriso solícito.
— Fê, e... eu... — gaguejo, procurando as palavras certas, mas é mais difícil do que imaginei.
— Eu te acho linda quando gagueja. — Com o dedo polegar, ele acaricia a maçã do meu rosto. — Fale, minha princesa, eu estou aqui para te ouvir.
— Está bem. Eu vou mudar de cidade — cuspo as palavras.
— O quê? — Ele me encara com uma expressão incrédula. O sorriso que mantinha em seus lábios morre com a mesma velocidade em que recebe a notícia.
— É isso que você acabou de ouvir. Eu vou estudar em Vegas.
Felipe se afasta rapidamente, visivelmente incomodado. Ele se vira e fica ao meu lado, mergulhando o seu pé na superfície da piscina, enquanto encara a água cristalina à nossa frente.
— Nossa! Você realmente me pegou de surpresa. — Ele volta a sua atenção para mim. — Há quanto tempo decidiu isso? — diz. O seu tom de voz decepcionado me machuca pra inferno.
— Já faz algum tempo. Eu ia te contar, mas... — Dou de ombros, não encontro mais palavras para expressar o que sinto.
— Há quanto tempo, Julha? — O seu tom agora passa a irritado.
— Dois meses — digo baixinho.
— Eu não ouvi, Julha — ele insiste.
— Dois meses.
— Dois meses? E só agora que você me diz? — Seu olhar sobre mim é furioso.
— Felipe, me desculpe. Eu estava esperando o momento certo para contar, não tive intenção de te magoar.
— E escondendo de mim iria evitar que isso acontecesse?
Faço sinal de negação com a cabeça, extremamente envergonhada.
— Foi o que eu imaginei — ele diz antes que um sorriso irônico apareça em seus lábios. Ele simplesmente sai, me ignorando completamente.
— Fê, espere. — Eu o sigo e ao alcançá-lo agarro o seu braço, fazendo-o parar. — Olhe pra mim. — Não era a minha intenção, mas a minha voz sai mais autoritária do que eu gostaria.
— O que você quer? Tem mais alguma coisa que eu não saiba? Fala logo, Julha, eu preciso ir embora. Preciso tentar entender tudo o que está acontecendo.
— Droga. Por isso que eu não quis contar antes a você. Eu temia que você reagisse dessa forma. Você não entende que a melhor maneira de compreender tudo é conversarmos como pessoas civilizadas?
— Ah, claro — ele ri com ironia. — Eu não entendo? E você, Julha, você me entende? Claro que não — bufa, fazendo uma careta e desviando o seu olhar do meu. — Você não entende que eu te amo? Não é fácil ser dispensado pela minha namorada. Não é fácil ouvir que ela vai embora. Que faz dois meses que decidiu mudar de cidade e eu não posso fazer nada para em pedi-la. Só tenho que aceitar.
Sinto-me culpada. Lágrimas já inundam os meus olhos.
— Eu não quero que as coisas acabem dessa maneira, mas não vejo outra saída. Mesmo sabendo que você nunca irá me perdoar, foi o único jeito que encontrei para evitar que sofrimentos maiores venham a acontecer.
— Então me diz o que está acontecendo, quem sabe eu posso te ajudar. — Ele segura o meu rosto entre suas mãos, mas eu me afasto.
Dói ter que o tratar assim, mas não posso dar esperança a ele.
— Me desculpe, Felipe, mas essa é a minha decisão.
— Julha, nós podemos continuar namorando, nos veremos nas férias e eu...
— Pare, Felipe, pare — grito. Assustado, ele dá um passo para trás. — Qual é a parte de “nós dois não vai mais rolar” você não entendeu? — Falar com ele dessa forma machuca, mas acredito que uma vez decepcionado comigo, seus sentimentos irão mudar e ele não vai sofrer.
— Está bem, me desculpe. Eu... eu só preciso ficar sozinho. — Ele se vira para sair, mas fica parado. Então volta a me olhar e depois de dar alguns passos se aproxima e ergue uma de suas mãos, passando-a no meu rosto enquanto olha nos meus olhos. — Eu tinha tantos planos pra nós — diz, com pesar na voz e os olhos marejados, antes de beijar a minha testa. Um beijo de despedida. — Espero que você esteja fazendo a coisa certa. Boa sorte e adeus, Julha — diz quase sem voz.
Com o coração apertado, eu vejo Felipe se afastar, e não posso fazer nada. Nada saiu como eu havia planejado. Não tivemos uma conversa descontraída, não almoçamos, nem houve tempo para explicações. Mal tive a chance de me despedir. Eu não o julgo por isso, Felipe tem os seus motivos. Sim, não vou negar que me sinto aliviada por ter contado a verdade, ou parte dela, para ele. Felipe está magoado, com raiva de mim, mas espero que algum dia ele possa me perdoar. Minha vida se transformou em um pandemônio. Nem sei se algum dia irei conseguir colocar tudo em seu devido lugar.
Acho que você esqueceu de contar a parte principal. O meu demônio interior me provoca.
Não, eu disse tudo o que ele deveria saber.
Covarde.
Sim, meu demônio interior é um cretino intrometido, mas não posso deixar de concordar com ele quando me acusa de ser uma filha da mãe covarde. Eu sou, mas não suportaria seguir a minha vida sabendo que Felipe estaria me odiando. Eu não desejo que ele dedique o seu amor a mim, não mereço, mas gostaria que fôssemos ao menos amigos.
Agora ele está com raiva de mim, mas acredito no tempo, eu sei que ele é o melhor remédio para curar todos os males. Tempo. Se é isso que ele precisa, eu darei a ele, e caso nada aconteça como imagino, deixarei que ele me mate dentro do seu coração. Se isso o fará feliz, que assim seja.
***
Uma semana depois...
Assustada, acordo com vozes animadas vindas do andar de baixo da casa.
— Mas o que está acontecendo? — Desconheço a minha voz, ela soa rouca.
Com a visão ainda embaçada, olho para o único ponto de luz no quarto — o relógio que está sobre o criado-mudo ao lado da cama marcando 00:30. Já é quase uma da madrugada, horário propício para iniciar uma festa. Dou um sorriso irônico.
Arrasto-me pelos lençóis em seda que cobrem a cama e alcanço o celular que está ao lado do relógio. Após alguns minutos, consigo ligar a lanterna que será o meu guia na penumbra que está o meu quarto. Acompanhada do coração, que parece querer sair pela boca, dou um salto para fora da cama e pego o meu robe que está na cadeira da minha penteadeira. Depois de vesti-lo, calço os chinelos e saio do quarto.
Ao me aproximar dos degraus da escada, o som das gargalhadas inconfundíveis de mamãe se mistura ao riso de Christopher, que muitas vezes foi como música para os meus ouvidos. Com a curiosidade aguçada, desço lentamente os degraus, percebendo que o som fica ainda mais preciso. A minha pulsação acelera e eu fico confusa, dividida entre a razão, que pede para voltar ao meu quarto e esquecer o sons que vem do andar de baixo, e o meu coração, que ordena que eu siga em frente. Como sempre, o coração ganha. Chego à sala e paro bruscamente ao ver Christopher com a minha mãe em seus braços, rodando-a pela sala, como um casal apaixonado e feliz.
Mas é o que eles são, sua idiota, um casal feliz. Joga na minha cara, sem piedade alguma, o meu demônio interior.
Ver a cena me faz sentir como se tivesse acabado de levar um soco no estômago, eu o sinto revirar. Um gosto amargo sobe em minha boca e rapidamente levo as mãos aos lábios, impedindo que eu jogue para fora tudo o que comi na noite anterior. O maldito ciúme vem com força. Decido então voltar para o meu quarto, não sei se suportarei mais ver o quanto eles são felizes. Dói muito.
Decidida a dar meia-volta e seguir para o meu quarto antes que possam notar a minha presença, eu me viro sobre os calcanhares e subo dois degraus, mas já é tarde demais.
— Filha?
Paro no terceiro degrau ao ouvi-la sussurrar o meu nome. Meu corpo estremece, então respiro fundo, buscando um pouco de equilíbrio que ainda me resta. Olho por cima do meu ombro e vejo que Christopher já a tinha colocado de pé no chão e se afastado. Fecho os olhos ao mesmo tempo em que respiro fundo, sentindo o seu olhar em minhas costas.
O perfume dele parece ter vida própria e invade as minhas narinas. E como um filme, toda a nossa história passa diante dos meus olhos.
— Minha querida, nos desculpe por tê-la acordado. — Ela caminha com toda a sua elegância em minha direção, então me viro fingindo manter um controle que não possuo. Desço os dois últimos degraus e caminho até ela. — Venha, querida, junte-se a nós. — Ela estende a mão em minha direção.
Faço um pequeno meneio de cabeça e aceito o seu toque. Primeiro, olho para a minha mamãe, e depois Christopher, que desvia o olhar, não me permitindo decifrar os seus sentimentos através das suas íris azuis. Duas perguntas martelam em minha cabeça.
O que Christopher está me escondendo? E quando foi que Katherine voltou de viagem?
Sou despertada do meu devaneio quando eu a sinto se aproximar e me envolver em um breve abraço.
— Quando chegou de viagem? — Minha pergunta soa mais séria do que eu gostaria, dando a impressão de que a sua presença me incomoda.
— Não gostou de me ver, Julha? — Sua pergunta é direta, sem rodeios.
— Não é isso, mãe, só estou surpresa — digo, com sinceridade.
— Eu sei. — Um sorriso irônico aparece e se desfaz rapidamente. Não tenho certeza se realmente o vi ou foi a minha imaginação.
— Eu cheguei a pouco. Christopher foi me buscar no aeroporto, eu quis fazer uma surpresa. — Ela dá de ombros e me olha antes de se virar para Christopher. — Mas acho que eu não agradei.
— Não é isso, mãe. Eu não a esperava, mas fiquei feliz que tenha voltado antes. — Meu olhar para ele é acusador. Christopher poderia ter me alertado da chegada dela.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Padrasto 1
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