O Padrasto 1 romance Capítulo 7

I Want you to love me

Like I’m a hot ride

Keep Thinkin’ of me

Doin’ what you like

So boy forget about the world

Cuz it’s gon’ be me and you tonight

I wanna make you beg for it

Then imma make you swallow your pride.

Only Girl (In the World)

Rihanna

Alguns minutos após deixarmos a minha casa, sentada ao lado de Felipe, mas tendo os pensamentos em Christopher e na ceninha de ciúme que ele protagonizou e que me deixou um tanto confusa por não saber se realmente estava com ciúmes ou era apenas mais um dos seus teatros, nós seguimos ao encontro de Ane e Bruno.

— Eu espero que não tenha causado problemas com o seu padrasto. — Felipe quebra o silêncio.

Eu o fito de soslaio, o seu olhar sobre mim é curioso. Eu gostaria que esse assunto não tivesse saído de dentro de casa, mas, por outro lado, eu não posso ficar fugindo de todos os assuntos relacionados ao meu padrasto.

— Não dê muita importância a Christopher, minha mãe irá amansá-lo. — Desvio a minha atenção das ruas movimentadas e o encaro, sorrindo, mas o meu sorriso não alcança os olhos. — Mas, Felipe — entrelaço minha mão com a dele e fito seus lindos olhos que estão sobre mim atentamente —, eu quero que você me entenda e saiba que eu adoro estar em sua companhia, gosto disso que temos, sem exigir nada em troca.

— Porque é o que você quer. O que você está querendo dizer com isso, Julha? — Ele desvia o olhar do meu.

— Sim, é o que eu quero, porque você não merece que eu o magoe, que o faça sofrer. Eu sou uma porra de garota estragada, cheia de problemas familiares e não quero te arrastar para o meio disso. Não, você não merece.

— Do que está falando? — Ele volta a me olhar. — Você ao menos perguntou pra mim se eu não quero fazer parte disso? Porque sim, eu quero, Julha, quero fazer parte da sua vida não só como uma transa de uma noite ou uma amizade colorida, mas como seu namorado. Eu quero estar na sua vida com toda a porra de defeito que você tem e quero que você me permita te amar, porque eu não vou me afastar de você.

— Eu não posso. Não posso te dar mais do que isso. Desculpe-me.

— Não pense que eu vou me afastar de você porque está agindo desta forma. Eu não vou.

— Okay — digo, exausta, porque sei que ele não vai me ouvir, não agora. —Vamos falar sobre isso em outro momento.

— Está bem, minha princesa, vamos deixar as coisas como estão. Eu só peço que não se afaste de mim e me permita sentir por nós dois. — O lindo sorriso dele é solícito, ilumina o seu rosto e de alguma forma me transmite a paz que eu tanto preciso.

Ah, como eu gostaria que as coisas fossem de outra maneira.

Em alguns minutos, o carro vira a esquina do quarteirão que dá acesso à casa da minha amiga. De longe, já se pode ver uma movimentação estranha em frente à casa dela. Eu fico desconfiada de que ela está aprontando uma das grandes, que o nosso programa não será apenas entre amigos assistindo a um filme de romance, comendo pipoca e tomando refrigerante cola, como ela havia sugerido. Bufo, frustrada, no exato momento em que o carro para em frente à casa dela. Ane realmente está aprontando.

— Obrigada, senhor Coel — Felipe agradece enquanto o homem gentilmente abre a porta do carro para que possamos descer.

— Disponha, senhor. Senhorita.

— Obrigada — agradeço e saio do carro, passando pelo homem.

Ele assente com a cabeça, retribuindo o breve cumprimento com um sorriso amistoso. Felipe segura a minha mão, entrelaçando os nossos dedos.

— O que está acontecendo aqui? — Felipe pergunta, voltando a atenção para mim como se eu soubesse. Ele me olha confuso, seu cenho franzido.

— É o que eu quero saber. — Dou de ombros, estou tão surpresa quanto ele. — Nós vamos descobrir juntos. — Ouvimos um limpar de garganta que chama a nossa atenção. Só então notamos que o motorista ainda está aqui.

— A que horas o senhor deseja que eu venha buscá-los.

— Desculpe–me, Coel, eu não sabia que ainda estava aqui. Não se preocupe, eu ligo quando estivermos prontos.

— Sim, senhor.

— Por favor, Coel, sem essa de senhor, apenas Felipe — diz de maneira gentil.

— Sim, senh... — Ele dá um sorriso divertido. — Claro, Felipe.

Nós nos despedimos do motorista e seguimos para a entrada principal da casa, onde notamos que Ane e Bruno estão com mais convidados do que o combinado. Além do som alto, há também uma grande movimentação dentro da casa.

Surpresos, Felipe e eu nos entreolhamos. Eu arqueio as sobrancelhas e ele me fita em espanto antes de dar de ombros, está tão confuso quanto eu. Mais alguns passos e já estávamos na entrada principal da casa com um jardim arborizado, dezenas de tipos de flores bem-cuidadas revelam o carinho que a família tem por elas. Eu percorro os olhos à nossa volta e não tenho mais dúvida de que Ane está dando uma festa. A minha amiga está ficando maluca.

Entramos na sala de estar e eu vejo muitos rostos conhecidos desfilando pela casa — alguns dançando, outros bebendo e muitos já bêbados. Petrificada com o que acontece ao meu redor, olho um pouco mais à frente e vejo Nilay aos beijos com um garoto do segundo ano, que parecia querer comê-la viva. Ane ultrapassou todos os limites ao dar essa festa.

— Uau! Isso aqui está muito animado — diz Felipe, me despertando do meu devaneio e me fazendo revirar os olhos ao ouvir o tom animado que a sua voz carrega.

— É, está — digo, sem ânimo. Olhar para todas essas pessoas bêbadas e felizes só me faz ter mais certeza de que aqui é o lugar onde eu não queria estar, não hoje.

Ane não demora para notar a nossa presença, e quando percebe vem correndo em nossa direção.

— Vadia, que saudades eu estava de você. — Ela me recebe em seu modo carinhoso de ser envolvendo os braços em volta do meu pescoço e me puxando para um forte abraço.

Solto a mão de Felipe, que nem mesmo me recordava estar segurando, e envolvo o corpo da minha amiga enquanto me equilibro para não cair.

— Eu também estava com saudades, sua sem juízo. — Retribuo o carinho.

— E então, como foi de viagem? — pergunta ao se afastar do abraço. Ela carrega nos lábios um pequeno sorriso irônico que não passa despercebido para mim.

Meu coração bate acelerado, o medo de que Ane continue com seu interrogatório na presença de Felipe percorre o meu corpo.

— Foi tudo bem — digo apenas, então ela me fita com desconfiança. — Agora me diga, o que é essa gente toda? — Tento mudar de assunto, mas ela parece não me ouvir.

— Você me fez muita falta — diz num tom doce e me dá um beijo estalado no rosto. Ela está levemente alcoolizada, sinto o cheiro forte de álcool exalando de sua boca. — Você está linda. — Ela pega em uma das minhas mãos e me faz dar uma voltinha. — Está bronzeada — completa, batendo o seu ombro contra o meu, brincando, e sorri com malícia.

— Não como você, mas agradeço o elogio.

Ane realmente estava muito bonita. O seu corpo escultural está coberto por um short jeans branco e um cropped amarelo, que combina perfeitamente com o par de sapatilhas da mesma cor. O seu longo cabelo está com grandes cachos soltos em seus ombros, emoldurando seu lindo rosto.

— Oi, Fê. Desculpe a minha falta de educação — cumprimenta Felipe com um beijo no rosto.

— Oi, Ane, sem problemas. Eu sei que a sua amiga rouba mesmo sem querer a atenção de todos. — Ele dá um sorriso com uma expressão carinhosa, cumprimentando a minha amiga gentilmente.

— Agora venham, vamos entrar e nos juntarmos ao restante do pessoal. — Seguimos Ane para dentro da casa e nos embrenhando no meio de alguns colegas da escola. Ane nos guia até Bruno, que conversa com um grupo de garotos do primeiro ano.

Eu fico espantada ao constatar que tem muito mais pessoas do que imaginei.

Cadê o filminho, a pipoca e o refrigerante que nos acompanhariam em um programa para casais? Céus, alguém pare a minha amiga. O barulho é ensurdecedor.

— Amor, olha só quem chegou — Ane diz, quase que gritando para ser ouvida. Ela envolve os braços em volta da cintura do namorado, que se derrete, apaixonado.

— Até que enfim vocês chegaram. — Ele se afasta do abraço de Ane e se aproxima de mim.

— Oi, Bruno, tudo bem?

— Tudo bem. — Ele assente com a cabeça. — Como foi de viagem? Felipe, meu caro. — Ele se afasta de mim e vai cumprimentar Felipe com um aperto de mão.

— Graças a Deus correu tudo bem — digo apenas. Recordar a maravilhosa semana que passei na companhia de Christopher faz com que o meu peito aperte de saudade. Eu daria a minha vida para reviver tudo outra vez.

— Vamos pegar umas bebidas. — Ane se vira para Bruno. — Nós vamos até o bar, já voltamos — grita e sai me puxando pelo braço sem me dar a chance de recusar.

— Quer me derrubar? — digo, me equilibrando sobre as minhas pernas.

— Pare de fazer drama. — Revira os olhos e dá um largo sorriso divertido.

— Drama será quando todos assistirem, em rede nacional, à sua morte assim que seus pais descobrirem que você deu essa festa e convidou a escola. Sem contar a altura do som. Eu ainda não sei como seus vizinhos não chamaram a polícia.

Ela revira os olhos e, em seguida, saca o controle remoto que está no bolso do seu short e diminui o volume. Um pequeno burburinho se ouve, algumas pessoas parecem não ter gostado nada disso. Dane-se se eles gostaram ou não, porque se der algum problema, esses são os primeiros a correrem.

— Hoje você está trabalhada no drama.

— Drama? Sério? Olha a quantidade de pessoas que tem nessa festa — digo, olhando em volta e a fazendo parar bruscamente. — Achei que fôssemos apenas nós — grito, encarando-a com os olhos semicerrados.

Ela dá uma gargalhada jogando a cabeça para trás, e depois passa o braço em volta do meu pescoço.

— Ah, qual é? São só alguns colegas — diz com um riso sarcástico nos lábios.

— Alguns colegas? Olhe só para isso. — Reviro os olhos.

— Vamos nos divertir, deixa de ser chata — diz, fazendo um biquinho.

Eu rio, divertida, não consigo ficar irritada com ela por muito tempo, então envolvo um dos meus braços em sua cintura.

— Tudo bem, mas não garanto comparecer ao seu velório — brinco.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Padrasto 1