O pecado original romance Capítulo 58

— Estou acabada. – Disse Eva, naquela noite, depois de vestir sua camisola para dormir.

Já passava de três da manhã quando eles se despediram do motorista na esquina do prédio onde ficava o apartamento de Eva.

— E como se sente? – Perguntou Jonathan, ostentando um sorriso malicioso enquanto enxugava os cabelos.

Eva o encarou, registrando seu charme enquanto caminhava, seminu, através da porta do banheiro. Ela não pôde deixar de notar o hematoma que continuava ali, uma vez que a maquiagem que o cobria havia sido lavada. Um sorriso coquete surgiu em seu rosto ante à pergunta, dispensando a necessidade de uma resposta.

— Eu acho que te amo, sabia? – Ele ronronou, aproximando-se por trás dela e beijando seu pescoço.

Eva deixou seu sorriso se desvanecer, em um misto de preocupação e lisonja. Sentiu as maçãs de seu rosto se ruborizarem violentamente e seu coração saltar dentro do peito. Ela já esperava que, eventualmente, o rapaz viesse a se declarar para ela daquele jeito, mas temia mais a sua própria reação àquela atitude.

Ela suspirou, tentando se acalmar.

— Jonathan, eu... – Ela começou, mas foi interrompida.

— Está tudo bem, Eva. – Ele acariciou seus cabelos ainda molhados. – Eu entendo. Só te olhei dali de onde eu estava e precisei pôr para fora. Você não precisa dizer de volta.

Ela suspirou mais uma vez, virando seu rosto para o do rapaz e dando-lhe um beijo na bochecha. Eva esfregou seu próprio braço a tento de disfarçar os sinais de seu corpo.

— Vem, vamos dormir. – Ele a puxou pela camisola. – Daqui a pouco preciso estar de pé.

Ela o acompanhou, um pouco aturdida, a vontade de correspondê-lo a corroê-la, como se a falta daquela resposta lhe impedisse o oxigênio de chegar às células.

Quando as luzes se apagaram, Eva se aninhou no braço de Jonathan, como costumava fazer, apoiando sua cabeça sobre o ombro do rapaz. Seus corpos se encaixavam bem naquela posição. Era como se suas curvas e protuberâncias houvessem sido entalhadas sob medida.

Eva se deixou viajar no ritmo da respiração de Jonathan, que, exausto, logo pegou no sono, iniciando um ressonar baixinho e ritmado.

— Eu acho que também te amo. – Ela sussurrou, sentindo seu coração bater mais forte, como se seu corpo confirmasse aquilo que havia afirmado.

Logo depois, Eva sentiu a exaustão atingi-la com força, guiando-a a um sono pesado.

*

Apenas com muito esforço conseguira manter-se atento às explicações do instrutor que acompanhava a turma de candidatos. As olheiras fundas sob seus olhos eram potencializadas pelo enorme hematoma que havia escurecido ainda mais ao longo do dia. Ao tomar uma reprimenda em forma de olhar, Thomas havia pedido desculpas e agradecido ao amigo por ter tomado partido em sua briga. O dia se passou e, apesar do cansaço constante a lhe pesar sobre os ombros, a lembrança da noite anterior, por vezes, desenhava um sorrisinho em seu rosto. Thomas não desgrudava os olhos do celular e não parecia capaz de falar sobre algo além da interação que havia tido, finalmente, com Erica no dia anterior.

Para compensar parcialmente o que havia acontecido por sua culpa no dia anterior, Thomas ofereceu uma carona, que Jonathan fizera questão de aceitar.

Quando entrou pela porta do apartamento, viu que Eva se desmanchava em risadinhas, juntamente com uma bela e dourada mulher que ostentava uma proeminente juba cacheada.

As duas olharam em direção à porta ao mesmo tempo, encarando Jonathan longamente.

A outra mulher sorriu, levando a mão ao braço de Eva e cutucando-a, como se aprovasse o material que observava.

Jonathan sorriu de volta enquanto Eva caminhava, felinamente, em sua direção.

— Oi. – Ele disse, correspondendo ao beijo que Eva depositou em seus lábios. – Como foi seu dia?

Ela se ajeitou ao seu lado, entrelaçando seu braço ao dele e guiou-o até Melissa.

— Você deve ser Melissa, certo? – Jonathan estendeu a mão. – Ouvi muito falar de você.

Melissa sorriu, beijando a bochecha de Jonathan.

— Hm! E eu de você. – Ela sorriu. – Parece que vamos ter de encenar um relacionamento durante o final de semana, certo?

Eva se mostrou levemente desconfortável com a proximidade de Melissa, empurrando sua mão para longe em um tom de brincadeira.

— Sim, mas será apenas encenação. – Ela grudou o corpo ao braço de Jonathan. – Ele é só meu, sua safada.

As duas desataram a rir, espantando a tensão momentânea.

A tarde se passou de maneira divertida. Melissa e Eva pareciam ter muito assunto e Jonathan acabara por passar a maior parte da tarde em silêncio enquanto os três esvaziavam uma garrafa de vinho. Por vezes, fazia algum comentário sobre assuntos sobre os quais entendia, mas, na maior parte do tempo, a timidez o manteve em um silêncio moderado.

— Então, dividiu Eva com outro homem, Jonathan? – Melissa perguntou, repentinamente, por pouco não fazendo, tanto Eva quanto Jonathan cuspirem o vinho que tinham na boca no momento.

— Melissa! – Repreendeu Eva, assim que se recompôs. – Que inconveniente.

A mulher sorriu com dentes muito alinhados.

— Ah. – Ela começou. – Me contem como foi, vai? Teve dupla penetração?

Eva, que acariciava nervosamente a mão de Jonathan, ruborizou violentamente.

— Eu já te contei como foi. – Eva afirmou, nervosamente, arrancando um olhar curioso do rapaz. – Não foi suficiente?

Melissa tocou brevemente a mão de Jonathan, acariciando-a com a unha.

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