O Príncipe do Oriente romance Capítulo 34

Karim respirou fundo. Os dias, as semanas passavam lentamente sem que ele tivesse alguma notícia que fosse sobre o pai de Karen ou seu tio Aziz. Fosse como eles estivessem agindo, estavam as surdinas. Karim até pensou em oferecer mais dinheiro para o pai de Karen, mas sabia que ele só aumentaria cada vez mais até que ele fosse o homem mais rico de Omã. O fato era que Karim tinha que agir rápido.

Para isso, como um jogo de xadrez, precisava ser o primeiro a bolar as tramas e dar o primeiro passo. Normalmente o oponente pego de surpresa fazia as piores escolhas. Portanto, ele precisava dar o xeque mate primeiro, ainda que estivesse apenas armando suas ideias.

― Eu preciso de um plano! Argh! Omar, você era muito melhor do que isso, seu maldito! Por que teve que morrer? ― Com raiva, Karim colocou tudo da sua mesa no chão enquanto bagunçava o cabelo e tentava pensar numa estratégia.

Depois de semanas, a melhor estratégia chegou nele sem que ele procurasse. Fora realmente um susto do qual ele não conseguia fingir o assombro, mas se a ideia fosse minimamente verdadeira… Haveria uma chance…

Sorriu. Haveria uma chance dele conseguir se livrar das ameaças dos dois homens e de, por conseguinte, cuidar de Karen. Com esse pensamento em mente, Karim foi atrás das informações que precisava e a ideia fez o seu coração se aquecer.

Poderia finalmente o destino estar sorrindo para ele e o dando a chance de ser feliz? Será que finalmente depois de tanta tempestade, ele poderia aquecer o seu coração e diminuir um pouco da dor que o apertava o peito?

Ainda eram dias longos tentando aprender a ser o homem que deveria ser para sua nação. Tentado ser pelo menos um décimo do que seu irmão era. As vezes, ainda tinha as imagens dos momentos bons que passou com seu irmão e isso lhe fazia tentar uma vida melhor, mas as vezes seus únicos pensamentos eram pela segurança da mulher que nunca poderia estar ao seu lado como sua verdadeira esposa.

Era um destino cruel.

― Você tem certeza? ― Perguntou para o guarda Zahr. O homem assentiu sério.

― Não lhe custaria confirmar. Mas há a possibilidade. Até porque não consigo ir mais longe do que já fui para conseguir averiguar essa opção. ― Karim assentiu fechando a carranca e decidindo ele próprio descobrir.

― Deixe por minha conta. Tentarei eu agora. ― Zahr concordou saindo do recinto. Imediatamente, Karim chamou seu motorista particular para arrumar o carro para que eles saíssem da mansão um pouco. O homem foi preparar enquanto Karim vestia uma blusa social. Não queria encontrar ninguém parecendo o príncipe, o que poderia intimidar quem poderia lhe dar a informação que ele ansiava.

Olhou-se no espelho e sorriu. Conseguiria a informação custasse o que custasse. Poderia ser a cartada que ele precisava para começar o jogo dele. Obviamente, ele esperava que a resposta para suas perguntas fossem sim.

Entrou no carro que já o esperava e pediu para que o motorista seguisse o percurso que Zahr fazia. O motorista nada falou. Karim aproveitou os poucos minutos do passeio para colocar suas ideias no eixo.

As coisas estavam difíceis e ele mal havia tomado posse. Só não gostaria de imaginar como as coisas seriam quando ele fosse Rei. De fato, era jovem demais para isso, mas passara os últimos meses tentando se preparar da melhor maneira possível. Estava com as forças esgotadas de tanto estudar e de tanto treinar para ser o melhor que Omã precisava, mas as coisas poderiam mudar a partir daquele momento.

― Aqui já está bom. ― Disse para o motorista que rapidamente parou para que Karim descesse do carro. O coração dele disparava no peito esperando o momento certo de entrar no recinto. Uma eletricidade que ele tratou de tentar esconder bem dentro dele enquanto respirava fundo e passava a mão pelo cabelo. Umedeceu os lábios e endireitou a coluna.

― É daqui cinco minutos, se eu tiver êxito. ― Disse para si mesmo, mas isso não diminuiu o seu nervosismo.

Para piorar, os minutos se arrastaram lentamente enquanto ele respirava fundo. O relógio badalou dez horas da noite e Karim finalmente entrou.

Conseguiria a sua informação, custasse o que custasse.

*

― Karen! ― Gritou novamente no hall do hospital ao vê-la sair do elevador. A jovem paralisou a bons metros de distância dele e então Karim a observou.

Seus olhos percorreram o hijab escuro e as vestes largas também escuras. As bochechas estavam sem cores, levemente mais arredondadas. Continuava linda, mas poderia ter a possibilidade…?

Quem não conhecesse Karen tão bem como ele, talvez sequer se atentasse para as roupas largas e para a mini barriga. Afinal, a jovem nem tinha tanto assim que fosse visível, mas Karim poderia se gabar, se quisesse, que conhecia Karen com a ponta dos dedos. Tinha tocado a pele dela, tinha percorrido cada linha do corpo dela com as mãos, conhecia-a como um Deus talvez conhecesse as criaturas que esculpiu. A possibilidade era tão grande e latente que Karim sentiu subitamente os olhos encherem-se de lágrimas pela luz no fim do túnel que apareceria.

Não seria fácil. Contudo, se fosse possível, Karim sabia como o povo de Omã tinha um fraco gigantesco por mulheres grávidas. Certamente, por isso, aceitariam se por acaso ele… tivesse Karen como esposa.

A ideia o deixava tão ávido por respostas que ele andou em passos precisos e rápidos para perto de Karen. O sapato de couro italiano estalou a cada passo para próximo da jovem. Ela se encolheu com medo, mas não saiu do lugar. Olhou para baixo como se quisesse esconder alguma coisa que pudesse estar estampada em sua face. Karim a olhou com um misto de emoção antes de falar:

― Podemos conversar?

― De novo? ― Ela retrucou.

― Ah, agora você vai querer me responder e me ouvir. ― Karen arqueou uma sobrancelha sem entender sobre o que diabos Karim falava, mas concordou decidindo o seguir por via das dúvidas.

Entraram novamente no carro e o motorista passou a dar voltas aleatórias por Omã enquanto Karim não parava de a encarar com um sorriso bobo nos lábios. Karen desviou o olhar. Estava receosa do porquê ele não parava de a encarar. Por isso, acabou perguntando:

― Porque me olhas tanto?

― Não posso?

― Não… ― Ela disse reticente. Ele sorriu ainda mais.

― Não acredito que achou que poderia mentir para mim para sempre. ― Ele jogou. Para sua surpresa, Karen ficou completamente sem cor e gritou estupefata:

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