O Príncipe do Oriente romance Capítulo 46

A grande verdade é que os segundos mais pareciam horas naquele momento para Karim. O sofrimento mental era tão grande que ele simplesmente deixou de tomar qualquer decisão quanto ao crime simplesmente esperando que um médico trouxesse notícias da sua esposa e do seu filho.

Quando foi chamado e disseram que Karen estava sangrando e que Omar poderia ter morrido, Karim ficou alguns segundos em paralisia total. Chegou até mesmo a tontear um pouco, as pernas um pouco bambas, antes que a adrenalina percorresse o seu corpo e ele corresse a fim de descobrir o que afinal havia acontecido.

Tinha que ser um pesadelo. Era a única coisa que ele conseguia pensar.

Contudo, não era um pesadelo. Por mais que lhe doesse a imagem a sua frente, ela era genuinamente verdadeira e ele precisava agir. Quando percebeu, estava escoltado por guardas na sala de espera, esperando que qualquer mínima informação chegasse aos seus ouvidos.

Quando Saiji despontou no horizonte, foi quase com um suspiro que Karim correu até ele. Transtornado, balançou o homem pelos ombros, os olhos esbugalhados enquanto parecia procurar as palavras para perguntar:

― Karen? Omar? Eles estão bem? ― Saiji, calmamente, tirou as mãos do rei do seu ombro antes de responder gravemente:

― Foi uma cirurgia muito complicada. Vossa Majestade Karen quase perdeu o útero e, com o sangramento excessivo, precisou de duas bolsas de sangue. A cirurgia foi bem sucedida, mas precisamos esperar para ver se vossa majestade vai acordar. É um risco, você compreende, Rei Karim? ― Lágrimas despontaram nos olhos de Karim enquanto ele balançava a cabeça num gesto afirmativo.

― Mas há esperanças?

― Sempre há. ― Saiji foi resoluto.

― E-E… Omar? ― Perguntou em um fio de voz. Não havia mais espaço no pobre coração de Karim para tantas dores e tantas emoções fortes. Não sabia se ia aguentar descobrir que seu filho havia sido morto, no fim.

― Tivemos que retirá-lo, a bolsa foi rompida. Ele nasceu prematuro, Rei Karim. ― Karim arregalou os olhos, surpreso.

― Na-Nasceu? ― De tudo, essa era a única coisa que realmente ele não estava esperando. Que seu filho havia nascido. Que Karen não teria a honra de ser a primeira a ver o filho deles. Que o pobre Omar, como ele, houvesse já enfrentado a vida em tão tenra idade, nascendo prematuro e com vários problemas decorrentes disso. Seu coração doía com a hipótese de que, como ele, Omar não tivesse a chance de viver ao lado da mãe.

Não, não ia pensar nisso.

― Eu posso vê-lo? ― Conseguiu balbuciar.

Saiji suspirou.