Demorou para que Karim conseguisse provar que Aziz foi culpado. E talvez porque por um momento esquecera que havia uma câmera onde Karen costumava pegar os últimos raios solares. Se não fosse por isso, talvez Aziz nunca pudesse ser incriminado pelo erro que cometera. Mas Zafaar havia falado e Aziz não conseguira provas de que não tinha sido culpado. No fim, as coisas andaram do jeito que Karim queria e ele agradeceu aos céus por ter o ajudado.
Infelizmente, nesse tempo, Karen não acordou. Continuava dormindo tranquilamente em um quarto privativo no hospital. Karim já estava conseguindo arrumar uma ala do castelo para transferi-la enquanto ela ainda não acordava e o pequeno Omar também tão logo viria para perto deles. Era com pesar que ele via sua esposa ainda dormindo e era com raiva que decidira ele mesmo dar a sentença de morte do tio alguns dias depois.
Foi televisionado, mas muitos queriam adentrar a câmara de julgamento com o intuito de ver o que aconteceria com Aziz. Alisha pode aparecer, mas não o fez. Talvez porque não ligasse para o marido que certamente morreria, talvez porque simplesmente não queria entrar em prantos em frente de tantas pessoas.
Karim sentou-se na cadeira que lhe foi destinada e ouviu os crimes que aparentemente seriam julgados como totalmente cometidos por Aziz serem listados em voz alta. A cada frase do juiz, os gritos dos presentes aumentavam mais e mais, demonstrando raiva e indignação.
― Por tentar matar a Rainha Karen…
― Babaca!
― Que queime no inferno!
― Haraam!
E Karim sorriu acidamente. Mesmo assim, não achava que Aziz sofreria o suficiente pelo que tivera feito ele passar durante tantos anos. Ainda assim, como bom governante, mesmo tomado de raiva e cólera, proferiu a sentença com dignidade, fingindo que nada daquilo o deixava a flor da pele, prestes a pular em cima do homem diante de qualquer comentário inescrupuloso.
― Você foi condenado a morrer também por um tiro, a mesma arma que foi utilizada numa tentativa de assassinato. Você concorda com a sua sentença Aziz Eid? ― Perguntou Karim forçando a voz a sair quando sua única vontade naquele momento era urrar e espancar o tio até a morte.
― Sim. ― Proferiu o homem com um mini sorriso no canto dos lábios.
― Você tem direito a dizer as suas últimas palavras. Sinta-se a vontade. ― Karim fez um floreio com as mãos dando a palavra ao homem mesmo que a contragosto. Sua vontade era que o homem já morresse imediatamente por um tiro. Por sua vez, Aziz sequer conseguiu proferir as primeiras palavras.
Os homens presentes continuavam gritando impropérios que Karim queria gritar junto também, xingando e cuspindo o chão na frente do homem que havia se tornado um pária frente a sociedade. Aziz, contudo, parecia indiferente a tudo aquilo, como se nada daquilo o importasse no fim.
― Silêncio. ― Pediu Karim e os homens foram diminuindo os gritos ate cessar.
― Eu gostaria de fazer um pedido.
― Você não tem direito a pedidos nenhum!
― Seu único pedido deveria ser de desculpas, idiota!
― Queime no inferno, retardado!
As vozes voltaram a gritar esquecendo do pedido de silêncio do Rei. Os ânimos estavam completamente a flor da pele e não era para menos. Ninguém queria mais ver Aziz com vida há algum tempo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Príncipe do Oriente