POV DARIUS.
Assim que cheguei perto da escada, senti o cheiro e olhei para cima. Lá estava ela, me observando, com os olhos cheios de lágrimas. Pela primeira vez em anos, aquilo me incomodou. Ela desceu a escadaria correndo e, quando chegou até mim, me abraçou com força e chorou. Eu senti um aperto no peito pelo seu sofrimento.
— Meu filho, tive tanto medo que estivesse morto. Darius, graças à deusa, você está vivo. Orei tanto para que ela o trouxesse de volta para mim — disse minha mãe, enquanto chorava, abraçada a mim. Antes, eu a teria afastado rapidamente. Mas agora, fiz algo que há anos não faço. A abracei de volta.
Senti o cheiro de meu pai e olhei para cima. Ele estava descendo a escada apreensivo e ficou surpreso ao me ver abraçando minha mãe. Eu não permitia demonstrações de afeto, até isso essa maldição me tirou. Não sentia mais capacidade de amar e demonstrar carinho. Mas agora me sentia diferente.
— É por causa dela, Darius. Nossa companheira — falou Baltazar, se metendo em meus pensamentos.
— O que tem Alice? — perguntei, fingindo não ter ouvido.
— Segundo os anciões, somente nossa companheira poderia nos livrar dessa maldição. Alice já está nos mudando — disse Baltazar, animado em falar dela.
— Não diga bobagem, eu não estou mudando — falei.
— É mesmo? Então, por que o poderoso rei alfa supremo, cruel e insensível, está abraçando e consolando sua mãe? — perguntou debochado. Fiquei tenso e afastei minha mãe com cuidado. Ela me olhou com carinho, da mesma forma que sempre me olhava com amor, depois de uma transformação em besta infernal.
— Filho, graças à deusa, você está vivo. Onde você estava? — perguntou meu pai, me causando surpresa. Era a primeira vez que via medo e preocupação no seu olhar.
Meu pai nunca se preocupou quando eu saía para uma batalha ou missão, pois sabia que eu voltaria vivo. A maldição não permitiria que eu morresse. Essa é a única vantagem desse castigo que herdei do meu maldito avô.
— Vamos todos para meu escritório, precisamos conversar — falei, começando a andar em direção ao escritório. Ouvi os quatro me seguindo. Entrei no escritório, que estava do jeito que deixei, e me encostei na mesa.
— Então, filho, o que aconteceu? Procuramos por dias, encontramos a casa da bruxa e havia muito sangue, mas nenhum corpo. Sentimos o cheiro do seu sangue e pensamos no pior. Temos batedores revirando aquela floresta até hoje atrás de você — disse meu pai.
— Nunca desistimos de te procurar, meu filho — falou minha mãe. Suspirei, cansado.
— Aquela bruxa, com um dos anciões, armou uma emboscada para me matar. Quando percebi, já era tarde. Fui drogado por Agnes. Ela me deu uma poção que prometia acalmar a besta infernal. De certa forma, acalmou, mas bloqueou Baltazar, me enfraqueceu, tirou todos os meus sentidos, me deixando fraco como um humano. Tudo para que os lobos da alcateia Lua de sangue me pegassem e me matassem. Consegui matar todos, mas fui gravemente ferido e caí no rio. Fui arrastado para longe — narrei o ocorrido.
— Pela deusa — falaram Gabriel e Giovanni juntos, rosnando.
— Malditos, como ousam trair seu rei? — falou meu pai, rosnando raivoso.
— Filho, o que aconteceu depois? Como sobreviveu? — perguntou minha mãe, nervosa. Nunca a vi assim antes; Agatha nunca se mostrou fraca e vulnerável como agora.

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