POV DARIUS.
Me estiquei na cama. Não consegui dormir o restante da madrugada. Aquela humana invadia meus pensamentos a toda hora, o vínculo de companheirismo tentando me dominar. Um impulso de ir atrás dela me dominava. Levantei-me todo nu; gosto de dormir assim, bem à vontade.
— Alice, a essa hora, já acordou e descobriu que fomos embora. Ela deve estar muito triste com nossa partida. Não queria fazer nossa companheira sofrer por nossa causa — disse Baltazar, nervoso.
— Alice é uma humana adulta e já passou por isso antes. Seus animais doentes, uma hora, se curam e vão embora. Ela se acostuma e logo nem vai lembrar de nós — falei, tentando não me abalar com o pensamento de Alice sofrendo por nós.
— Como consegue não se importar com nossa companheira? — perguntou Baltazar, irritado. Bufei, já impaciente com esse assunto. Eu me importava com ela, mas não com tanta intensidade.
— É claro que me importo com Alice. Ela é nossa companheira e vai nos livrar dessa maldição, então, ela é o ser mais importante para mim nesse momento — falei com frieza e indiferença, tentando parecer que não me importava.
— Às vezes, esse seu desinteresse por nossa companheira me irrita. Mas tudo bem, se quiser agir assim, pois assim Alice será somente minha — disse ele, rindo. Rosnei sem perceber, e Baltazar riu ainda mais da minha reação.
— Cale a boca. Temos o que fazer hoje. Essa alcateia e nosso reino estão uma bagunça com a nossa ausência. Vamos nos alimentar e cuidar dos anciões primeiro; quero descobrir o traidor ou traidores e depois cuidar dos problemas do reino — falei enquanto tomava banho.
— Não esqueça que temos que cuidar do assunto da tentativa de invasão. Temos que responder com força a essa afronta e desrespeito — disse Baltazar, rosnando.
— Assim que confirmarmos os mandantes, eu irei agir. Faz tempo que não arrancamos algumas cabeças. Você poderá se divertir. E, como estamos sob o efeito da transformação que não aconteceu no previsto, será bom para extravasar um pouco os efeitos da maldição — comentei.
— E o melhor: soltaremos toda nossa ira sobre nossos inimigos — disse Baltazar, com uma risada sombria.
Logo estava chegando na sala de jantar. Não havia ninguém, só os ômegas colocando os alimentos na mesa. Estava cedo, todos ainda dormiam. Achei ótimo assim. Eu gostava do silêncio e da solidão. Os ômegas me olharam e se curvaram, saindo em seguida. Finalmente, uma refeição de verdade, não aquela comida que Alice me dava. A imagem dela veio à minha mente; a essa hora, Alice costumava estar no celeiro, me alimentando e cuidando de mim.
Sacudi minha cabeça para espantar esses pensamentos. Terminei meu café da manhã e saí de casa, indo para as masmorras. Temos uma prisão moderna e equipada, mas mantemos as masmorras para prisioneiros especiais.
As masmorras eram tudo, menos acolhedoras. As paredes de pedra áspera transpiravam umidade, e o ar denso cheirava a podridão, morte e medo dos antigos hóspedes. Era um lugar onde a verdade era arrancada à força e onde até os lobos mais fortes perdiam a esperança. Entrei na área das celas, meu olhar frio e inexpressivo contrastando com o leve sorriso de escárnio que eu carregava. Baltazar se agitava com um misto de raiva e impaciência.
— Esse velho desgraçado ousou se voltar contra nós. Vamos acabar com ele — murmurou Baltazar na minha mente, com um tom grave e sombrio.
— Acalme-se, Baltazar. Primeiro, ele vai nos contar cada detalhe da sua traição. Depois, decidiremos seu destino — falei mentalmente.

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