Tinha chegado o dia que eu precisava enfrentar Seth cara a cara. Não queria olhá-lo, nem conversar. Lembraria fatalmente do dia que eu estava de vestido e acredito que ele também lembraria. Tentei engolir em seco. Tudo ia ficar bem, tudo ia ficar bem, tentei dizer para mim mesma.
Perguntei para Shiloha se ela sabia onde Seth estava, mas ela não tinha certeza se tinha o visto no escritório dele ou no quarto dele. Suspirei enquanto seguia para o escritório com um pouco de medo.
De fato, ele não estava lá. Depois das pilhas que eu tinha tirado dali, na verdade, o ambiente parecia ainda mais limpo, agradável, aberto. Tudo parecia mais organizado, de certa forma, embora a presença de Seth no ambiente não fosse presente. Talvez ele preferisse a bagunça, já que não estava ali.
Engoli em seco. Não queria encontrar Seth no quarto dele. Ainda mais agora que os pais dele tinham saído e todo tipo de comentário podia cair na boca dos funcionários que estavam ali comigo. Respirei fundo.
Bati na porta do quarto de Seth. Uma única batida simples e esperei que ele aparecesse. Ele logo abriu a porta. Estava falando quando a fez e acho que ele não tinha percebido ainda que sua mãe tinha saído da Mansão, era a única explicação plausível.
– Veio se despedir de mim, mãe? – Disse e acabou calando-se um pouco surpreso com minha presença ali. E eu também. Invariavelmente, meus olhos caíram para seu cabelo molhado no alto da cabeça, sua blusa social aberta, seus músculos aparecendo por sob a abertura espetacular. Eu simplesmente não conseguia mover meus olhos dali. Havia acontecido algum delete no meu cérebro, visto que eu fiquei um tempo parada, analisando a visão de beleza grega que estava na minha frente.
Ele era musculoso. Algo que não era facilmente percebido por mim, pelo menos, não ao se olhar por sob aquelas camadas de roupas que Seth costumava usar. Ele tinha o cabelo molhado respingando sobre a blusa e tinha uma linda descida esculpida sobre as fossas ilíacas. Meu Deus, o que eu estava fazendo o encarando tão descaradamente assim?
Seth pareceu perceber o que tinha feito, visto que rapidamente se virou assustado por ter me deixado vê-lo assim. Acho que agora, de alguma forma estranha, estávamos quites. Os dois tinham se visto vestidos de forma inapropriada. Seth, então, passou a abotoar a camisa, o cabelo caindo sob os olhos e eu esqueci completamente que eu precisava falar em inglês para que ele me entendesse.
– Eu vim… – Percebendo que estava falando em português, tentei balançar minha cabeça forçando meu cérebro a se lembrar como falava aquilo em inglês. Meu Deus, o que eu estava fazendo?
Percebi, por um delete, que eu tinha fechado a porta, por pura mania mesmo. Contudo, agora eu não conseguia mais andar. Tinha dado um passo para dentro do quarto e não conseguia mais me aproximar da porta para abrir. Parecia pedir muito para que minhas pernas se mexessem contra minha vontade.
– O que você está fazendo aqui? – Perguntou Seth com sua tonalidade de voz rude e tempestiva. Olhei quando ele sentou em sua cama e cruzou os braços. Ele certamente não queria me ver. Se servia de consolo para ele, eu também não queria vê-lo.
– Vim saber se precisa de ajuda e do que precisas para seu aniversário. – Disse enquanto abria minha agenda tentando me concentrar nas folhas em branco e em minha caneta pronta para escrever. Vendo o silêncio que tinha se instalado, olhei de soslaio para Seth que me olhava. Quase tive um ataque de vermelhidão tentando não o olhar novamente.
Ele me olhava ativamente e eu tenho quase certeza que ele estava lembrando do dia que eu estava menos coberta, diferente de como estava agora. A vergonha me consumia, mas tentei parecer profissional ainda assim.
– Sahir já te passou o que vou querer de comida e bebida? – Ele perguntou e pareceu perceber que me encarava muito, voltando o olhar para baixo. Sua voz ainda estava grave e profissional, como se ele não quisesse demonstrar que também estava afetado com tudo aquilo.
Por que a porta estava fechada? Céus, porque o ambiente estava ficando asfixiantemente quente?
– Sim. Ela disse que você vai precisar de algumas caixas de som também. – Ele concordou balançando a cabeça. O silêncio voltou para nós. Acho que tinha acabado tudo ali.
– Algo mais? – Perguntei e minha voz saiu fina como de um soprano. Tentei não olhar para ele. Duvido que ele não me encarava novamente.
– Você estará na minha festa? – Ele perguntou me pegando completamente de surpresa. O olhei assustada e o meu olhar acabou batendo-se com o dele. Estávamos agora nos olhando no fundo dos olhos. Eu não sabia o que responder.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Sheikh e Eu(Completo)
adorei a historia......