Não demorou para que eu recebesse batidas na minha porta. Não queria receber ninguém, então não respondi, para que ninguém pudesse entrar. Contudo, logo percebi, pela voz grave, que era Seth e que, sem eu ter permitido, ele adentrava o meu quarto.
– Agnes? – Ele perguntou e eu bufei me levantando da cama. Seth estava parado rente ao batente da porta, esperando ser convidado para entrar. Revirei os olhos.
– Sim, Senhor Seth? – Perguntei falando sarcasticamente “senhor”.
– Cinco minutos. – Ele respondeu e eu franzi o cenho sem entender.
– Cinco minutos para o que? – Ralhei sem entender.
– Para você descer. Te espero lá embaixo. – Ele disse e simplesmente saiu. Arqueei uma sobrancelha sem entender coisa alguma do que estava acontecendo. Então era assim? Ele aparecia de frente a porta do meu quarto, pedia para que eu descesse em cinco minutos e eu o fazia sem reclamar nem um pouquinho?
Era sim. Pensei, por fim, bufando. Seth era meu chefe e desse ponto eu não poderia reclamar. Olhei para o espelho para analisar minha figura mais uma vez. Continuava com a roupa emprestada de Karen, ainda que o véu já estivesse escorregando um pouco da minha cabeça e uma fina camada do meu cabelo estivesse aparecendo. Dei de ombros. Tanto faz. Eu não era da religião deles. Não precisava levar ao pé da letra como eles.
Olhei então a janela. O sol já tinha desaparecido. Seth devia ter permanecido a tarde e um pouco da noite também aguentando as duas chatas que não paravam de falar de casamento. Agora, certamente, estava me chamando para que pudesse me dar uma bronca pelas minhas atitudes e me colocar de castigo me fazendo limpar toda a mesa.
Por que Seth parecia ser bem capaz dessas coisas.
Ah, mas se ele ia ver. Eu não ia me desculpar nem um pouco pelo que eu tinha falado. Não estava errada. Elas que estavam. E elas que tinham começado. Se ele achava que eu ia pedir desculpas para alguém, era bom ele tirar o cavalinho da chuva, porque eu preferia ficar de castigo a arrumar a mesa do que me sujeitar a pedir desculpas por algo que não me arrependo!
Bati os pés no assoalho enquanto marchava impiedosamente até o andar debaixo. Minha imaginação fértil lembrou-se da música da entrada triunfal de Star Wars, quando Darth Vader aparecesse em toda sua imponência, e eu tentei imitar toda essa pompa marchando para a escada prestes a matar Seth com o poder da força.
– Tem banheiro lá embaixo se tiver com vontade, Agnes. – Ouvi a voz de Karen sussurrar enquanto passava por mim. Okay, chega. Viajei demais.
Seth me esperava lá embaixo. Estava com uma calça jeans, o que era muito casual para o homem que eu conhecia, e uma blusa daquelas grandes que ele usava, de cor branca. Calçava botas e os cabelos estavam novamente escondidos por uma toalha preta com branco. Sério, porque? Os cabelos dele eram tão lindos sem aquilo. Ok. Isso não é coisa para se pensar, Agnes.
– Vamos, irritadinha. – Ele disse e eu não pude deixar de revirar os olhos. Eu não era irritadinha. Talvez com um pouco de problemas de agressividade, como Dr. Eduardo que me tratou um dia diria.
– Para onde vamos? – Perguntei sem compreender, arqueando uma sobrancelha, repleta de curiosidade. Seth não me respondeu de imediato. Abriu a porta da sala seguindo para a entrada da mansão e eu o segui, mais pela curiosidade de porque ele estava indo lá fora e não me respondendo, em vez disso.
– Seth? – Perguntei seguindo-o. Seth não me respondia enquanto seguia para o que parecia uma caminhonete 4x4. Fiquei olhando o carro gigantesco até que Seth parou em frente ao carro e estampou para mim um grande sorriso na face.
– Vou realizar o seu desejo. – Eu não consegui, acabei gargalhando. A frase tinha sido muito engraçada.
– Não vai não. – Respondi olhando o carro. Era hilário! De onde Seth tinha tirado que eu tinha o sonho de ter uma picape? Isso porque ele não sabia o quão metralhadora eu era dirigindo um carro! Péssima piada, eu sei.
– Vou sim. – Ele insistiu. Coloquei minhas mãos próximo ao peito, cruzando-as. Ainda não compreendia como aquele carro seria capaz disso. Além disso, ainda tentava compreender em que momento eu tinha pedido para ele realizar os meus desejos, quando ele tinha uma noiva para realizar os desejos dela.
– Hã... Seth. – Engoli em seco. – Eu não sei de onde você tirou essa ideia maluquinha da sua cabeça, mas não era para você estar realizando desejo algum meu e sim da Nadirah. – Respondi e Seth revirou os olhos levemente aborrecido.
– Os de Nadirah já vou realizar quando nos casarmos. O seu, poderei fazer agora. – Respondeu todo galanteador. Não pude deixar de rir, dessa vez, de nervoso.
– Eu não preciso que realize meus desejos, Seth. – Respondi e senti minha garganta ficando seca. Tinha sido um pouco grossa. Mas hey! Eu nunca tinha pedido para Seth realizar um desejo meu. De onde ele tinha tirado essa ideia toda? – Acho que, na verdade, você deveria estar me perguntando o que aconteceu para Nadirah está chorando antes. – Seth revirou os olhos novamente. Agora ele estava aborrecido.
– Eu já sei. – Sua voz saiu grave e amedrontadora.
– Já sabe? – Perguntei incrédula. Como ele sabia e não tinha me chamado a atenção ainda? O louco tinha enlouquecido?
– Já sei a versão da Nadirah. – Ele respondeu risonho. Risonho demais para meu gosto. – Agora falta você contar sua versão. – Disse, simplesmente.
– Então esse era o meu desejo que você ia realizar? – Perguntei tonta. Agora sim a conversa estava dando-me dores de cabeça.
– Não. – Bufou. – Você é sempre lerdinha assim, Agnes, ou só está se fingindo por que não quer que eu realize seu desejo? – Arqueei uma sobrancelha. Sobre o que diabos aquele homem estava falando? O que tinham posto na bebida de Seth? Ou será que era eu que estava drogada e não sabia?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Sheikh e Eu(Completo)
adorei a historia......