O Sheikh e Eu(Completo) romance Capítulo 21

Resumo de Capítulo 21: O Sheikh e Eu(Completo)

Resumo de Capítulo 21 – Capítulo essencial de O Sheikh e Eu(Completo) por Diana

O capítulo Capítulo 21 é um dos momentos mais intensos da obra O Sheikh e Eu(Completo), escrita por Diana. Com elementos marcantes do gênero Romance, esta parte da história revela conflitos profundos, revelações impactantes e mudanças decisivas nos personagens. Uma leitura imperdível para quem acompanha a trama.

Coloquei o cinto de segurança no carro. Só para precauções. Claro. Não era como se eu não tivesse medo de andar de carro com Seth e capotar sete vezes no deserto e morrer sem ter dito oi para minha mãe e minha irmã. Óbvio que não. Eu não era o tipo de pessoa que morria de medo de morrer.

– Vamos lá. – Disse Seth e voltou seu olhar para mim. Eu estava do lado dele e ele começou a rir vendo-me de cinto de segurança. – Não há necessidade disso, Agnes. Não há carros aqui. – Ele disse como se fosse algo que eu não tivesse percebido antes.

– Claro que precisa. – Ralhei. – Coloque o cinto também. – Pedi, mas acho que pareceu mais uma ordem, porque Seth fez uma careta. – Por favor? – Ok. Eu não era de pedir por favor. O que estava acontecendo comigo?

– Você sabe que não precisa?

– Você sabe que eu não vou te salvar se a gente sofrer um acidente né? – Disse e Seth gargalhou voltando seus olhos de cílios maravilhosos para mim. De repente o clima tinha ficado quente e eu sentia minhas bochechas queimarem profundamente. Voltei meus olhos para minha sapatilha no pé.

– Como assim? Vai deixar eu morrer sozinho? – Ele perguntou fingindo-se de ofendido. Dei um sorriso zombeteiro.

– Eu até poderia pensar em te salvar, se você estivesse de cinto, Sr. Riquinho! – Respondi e cruzei os braços. Seth revirou os olhos. Parecia não querer mais discutir.

– Tudo bem, seu desejo é uma ordem, habib qulbaa. – Disse Seth colocando o cinto e ligando o carro. Tentei respirar calmamente. Afinal, o ar tinha ficado rarefeito.

Olhar aquele deserto a minha frente só me fez sentir ainda mais medo. Ainda que o farol do carro estivesse iluminando a poeira que se levantava da areia ao redor, um pavor por conta de não haver calçamento parecia me percorrer por inteira. Parecia que a qualquer momento íamos adentrar uma ladeira e cair num abismo. Ou, pior, sem percebermos, íamos bater em algum oásis e eu ia morrer ali.

– Estamos quase chegando. Não é muito longe. – Disse Seth voltando, de soslaio, seus olhos a mim. Assenti tentando fingir que estava tudo bem, mas ainda não estava.

– Ainda não confia que eu conheço aqui e não vou te matar? – Eu não tinha pensando desse jeito. Agora que ele dava essas ideias para minha cabeça, parecia ficar difícil optar por outra linha de pensamento.

– Na verdade, pensando agora, acho que aqui é tão deserto que a possibilidade de você me matar e deixar meu corpo abandonado por aí, está me matando de medo. Eu não fui tão má esses dias com você para isso né? Por que eu sinceramente só estava fazendo meu trabalho e ser largada aqui… – E de repente eu parecia uma tagarela falando – Seria pior do que me ver angustiada porque… – Mas Seth me interrompeu.

– Hey! Para de pensar um pouquinho, Ok? – Ele pediu e eu apenas meneei a cabeça concordando. Seth gargalhou. – Tenta relaxar uma vez só, Agnes. Sei que pelo seu histórico deve ser difícil, mas que tal você aproveitar o seu desejo e parar de se preocupar em morrer?

– Você promete que não vai me matar? – Perguntei na paranoia mesmo. Seth riu.

– Só se você continuar sendo chata, habib. – Ele disse e eu sorri.

– Ok. – Disse e mal terminei a frase e pelos faróis pude avistar o mini espetáculo que Seth tinha montado para mim.

Havia uma luz de emergência colocada em cima de uma pedra para dar um pouco de luz para o ambiente. Havia uma mesa, com um pano branco, e duas cadeiras apenas. Toda uma louça estava montada em cima dela, convivendo com o vento que fazia meu corpo todo se arrepiar. Percebi que Seth estava certo. Ainda que numa distância considerável, dentro de uma barraquinha, aparentemente montando o jantar, havia dois homens e uma mulher. Não pareciam muito interessados em nós, mas, ao menos, eu não estava jantando sozinha com Seth. Isso parecia ser bom.

– Um jantar no deserto. – Murmurou Seth e percebi que eu ainda estava no carro e que Seth já estava do outro lado. A porta aberta. Corei. Ainda bem que estava escuro, pois assim ele não veria minha humilhação em pessoa. Sai do carro e Seth bateu a porta seguindo comigo para a mesa já montada.

– Tenho que dizer que você as vezes não é tão criança como imaginei que seria. – Disse e Seth riu enquanto se sentava. Sentei-me na minha cadeira também.

– Você não é de todo mal também. – Ele brincou piscando. – Talvez insuportável, chatinha, mas um pouco humana também, pelo que percebo. – Tentei segurar o meu queixo.

– Achava que eu não era humana?

– Ora, vai saber. Você se irrita muito fácil e é muito sincera as vezes, Agnes. – Mantive-me quieta. Isso era um elogio ou uma crítica? – E isso não é algo que estamos encontrando muito por aí, sabe. – Ele disse risonho.

– Você só não está indo no lugar certo, Senhor. – Disse e percebi a minha gafe de chamá-lo de senhor. Às vezes saia sem querer. – Tem que ir no local certo.

– Daí eu só peço um molde de Agnes e aparece? – Ele perguntou tentando esconder o sorriso zombeteiro. Revirei os olhos. Nesse momento Seth estava parecendo uma criança.

– Claro que não! Eu sou a única Agnes. – Rebati e tentei não me matar logo em seguida. Por que com quantas milhares de coisas para falar, eu tinha que falar que eu era a única Agnes, como uma menina mimada faria. Seth soltou uma gargalhada gostosa.

– Percebi. – E mal terminou de falar e um homem chegou com nossa entrada.

Fomos servidos com uma sopa quentinha que parecia ser feita com abóbora e muito tempero de gengibre e açafrão. Havia um gosto agridoce também, mas tudo divinamente bom. Saboreei a minha sopa até a última gota e só percebi que não tinha falado nada entre uma colherada e outra quando terminei de raspar o prato – por que sou dessas – e olhei para Seth que ainda estava na metade da sopa e me olhava atônito.

– O que foi? Nunca viu uma menina comendo? – Perguntei dando de ombros. Eu disse que ia aproveitar minha janta no deserto. E além disso, a comida estava divinamente boa! Eu não podia fazer um desperdício desse com o chefe e não comer até a última gota.

– Nunca vi uma menina esfomeada comendo, você quer dizer. – Ele disse e riu. Ok, aquilo me pegou desprevenida e eu senti uma vergonha imensa. Não tinha lembrado dos meus modos na hora de comer e tinha parecido um mendigo com um mês de fome! Faltava eu só ter lambido a sopa com a língua. Só não fiz porque nesse momento sim lembrei dos meus modos.

Ainda assim, estava começando a corar de vergonha. Achei que podia aproveitar meu jantar. Pelo visto nem comer em paz eu poderia. Seth devia achar que eu era um monstro de boca e barriga gigante!

– Mas achei incrível. – Voltei meu olhar para ele, franzindo o cenho. Do que diabos ele estava falando? – É fantástico quando a gente vê alguém que come de verdade, e não somente que belisca, como muitas por aí. – Ele confessou piscando. Achei inapropriado aquele piscar e instintivamente baixei o olhar. Ele provavelmente fez sem querer, mas meu corpo ainda não estava bem para se acostumar com aquele gesto. – Agora quero ver se você consegue comer mais do que eu. – Ele disse com um brilho no olhar. Um brilho de quem aposta. Meus olhos também brilharam. Eu gostava de apostas.

– Ah, isso a gente vai ter que ver. – Ralhei. – Aparentemente o fracote continua comendo. Já ganhei no primeiro round. – Seth gargalhou.

– Não estamos apostando rapidez, amira. – Respondeu Seth brincalhão. – A pressa é inimiga da perfeição.

– E do vencedor também. – Comuniquei e Seth negou com a cabeça, mas nada falou.

Rapidamente, o segundo prato chegou. Esse era incrivelmente mais elaborado e cheiroso. O que era de espantar. Cada prato parecia ser melhor que o outro. Havia um pedaço de carne no canto do prato com temperos verdes e tomates cereja grelhados por cima da carne exalando um cheiro maravilhoso. Havia também o que parecia ser uma salada suculenta, com pedaços de manga, que, quando contrastados com o gosto da carne, pareciam deixar tudo espetacular. Para completar, ainda havia um creme verde, que tinha gosto de espinafre e que parecia cheirar também a hortelã. E, nesse momento, também fomos servidos por suco de uva.

Novamente, me vi sem fala diante do afrodisíaco dos sabores. Era tão bom que eu só conseguia saborear e engolir tudo, maravilhada com todos aqueles gostos. Quase soltei um “hummm". Estava divino!

Abri meus olhos que até então não tinha percebido que estavam fechados, encontrando o olhar de Seth. Ele estava me olhando fixamente e encabulada acabei batendo meu pé na mesa e a mesa tremeu por inteira. Para completar minha mão voou para o garfo que deu um salto triplo carpado escapulindo de mim até a areia e, se não bastasse a besteira que eu tinha causado, ao tentar buscar o garfo da areia, não percebi que o garçom que estava perto tentou fazer o mesmo, e acabamos dando cabeçadas enquanto os sucos de uva entornavam para tudo quanto é lado e a gente perdia o fim da refeição. Por que eu sou assim. Se tem como piorar o que era para ser bom para mim, eu consigo.

– Ai! – Respondi ao mesmo tempo que o rapaz tocava a cabeça e desistia daquele espetáculo todo. Seth começou a rir do meu jeito abestalhado, mas eu não consegui segurar o meu nervoso.

– A culpa é toda sua! – Respondi tocando a minha testa. Certamente faria um ovo ali. Seth não se conteve e passou a gargalhar monstruosamente enquanto perguntava:

– Eu? Por que eu? – Ria – Você faz esse estrago sozinha e quer me culpar? – Senti meus lábios tremerem de raiva. Eu não queria admitir que tinha feito aquilo tudo sozinha, mas se não o fizesse teria que admitir que ele tinha causado meu abobamento quando ficou me olhando comer. Eu não gostava que me olhassem comendo!

– Você... – As palavras fugiram da minha boca. Ah, que o mundo se avante. Eu ia dizer a verdade. – Você estava me olhando comer. Não gosto que me olhem comer. Minhas bochechas se enchem de comida mesmo, como um esquilo, qual o problema? – Perguntei e fiz Seth segurar seus braços ao redor da barriga tentando aguentar o riso descontrolável que saia dele. Eu já estava com minha cara de poucos amigos. Por que me humilhar ainda mais?

– Vamos. – Seth enxugou uma lágrima que quase saiu do olho dele de tanto que ele ria. Pedi silenciosamente que Deus ouvisse minhas preces e que fizesse Seth se engasgar com sua própria língua de tanto rir. Mas Deus não me ouviu e Seth continuou a falar. – A gente come a sobremesa daqui a pouco. Vem cá. Tenho algo para te mostrar. – E tão somente Seth disse isso, como um menino, ele passou a escalar a pedra que estava no meio do deserto a nossa frente.

Era uma pedra de uma altura pequena. Cerca de um metro e pouquinho apenas. Era larga e Seth se apoiou em parte dela enquanto estendia a mão. Fiquei fitando a mão dele estendida para mim, mas não peguei. Eu não era uma menina indefesa precisando de ajuda.

– Idiota. Fica rindo da desgraça alheia. Senhor Deus me salve. – Falei enquanto usava minhas mãos para escalar a rocha. Não precisava de ajuda para essas coisas. Demostrei isso quando rapidamente me meti ao lado de Seth na pedra de um metro e sorri.

– Você sempre xinga os seus amigos, ou só eu que ganho o ar da graça?

– Hm... – Pensei. – Só você mesmo, senhor. – Disse e Seth revirou os olhos.

– Oh. – Soltei sem querer ao perceber que o hijab de Karen tinha se soltado e estava dando espirais pelo vento. Instintivamente, dei um pulo salto de ninja da pedra e tentei agarrar o véu pelo ar, mas minha capacidade motora me impediu de continuar quando o vento forte levou o véu para longe de mim. Ótimo. Agora estava devendo um véu de presente para Karen. Ela ia me matar depois disso.

– Às vezes acho que a sorte não está com você. – Refletiu Seth, alto. Cruzei os braços. Não podia admitir que achava o mesmo que ele. Mas acho que estava estampado.

– Descobriu agora, Senhor Riquinho? – Disse enquanto retornava para a pedra onde estávamos. Agora a minha juba maravilhosa estava a amostra no vento.

– Olhe. – Disse Seth quando me sentei ao seu lado. Olhei para onde seus dedos estavam apontando. Meus olhos foram pegos pela belíssima pintura que se formava a minha frente.

As estrelas eram tão lindas naquele local. Variadas, brilhosas, constantes em todo o céu. Meus olhos encheram-se de lágrimas ao lembrar do que eu e minha irmã fazíamos e eu tive que me segurar muito para não chorar na frente de Seth. Ele pareceu perceber isso, quando disse:

Inna zayyanna alssamaa

alddunya bizeenatin alkawakibi

Olhei para Seth que tinha acabado de falar em árabe. Eu não compreendia muito do que ele falava e por isso acabei ficando curiosa:

– O que falas? – Perguntei e Seth pareceu voltar a si me olhando. A gente não estava tão próximos, mas, mesmo assim, senti alguma coisa se revirar dentro de mim dando cambalhotas. Já Seth, demorou a compreender a pergunta e me deu um acalentado sorriso antes de me responder, calmamente:

– Eu disse: Em verdade, adornamos o céu aparente com o esplendor das estrelas. – Disse Seth e eu fiquei ainda o contemplando. Devia parar de ficar olhando bobamente para o meu chefe, mas, sobre a luz do luar, sua pele parecia de uma cor de oliva, brilhando lindamente sexy e profana. Pronta para ser atacada. – Uma das passagens que gosto, do alcorão. – Solucionou e eu sorri sem saber muito bem o que falar. Ainda estava sem fala tanto pela beleza à minha frente, quanto pela beleza que lhe saia pelos lábios.

Nunca tinha lido o alcorão. O pouco que sabia acredito que a maioria que queria viver no mundo árabe conhecia também. Dessa forma, me sentia um pouco burra e deslocada, ainda necessitando de muito conhecimento para o mundo no qual Seth já se encontrava.

– Ah. – Ele disse me tirando dos meus devaneios. Virou-se para mim como um sorriso brincalhão e parecia estar aprontando alguma coisa. – Você não me disse o que aconteceu, quando sai, entre você e Nadirah. – Meu rosto estampou-se em escarlate. A verdade é que eu preferia nem lembrar disso, mas aparentemente Seth queria a minha versão.

– Você não entenderia. – Tentei desconversar.

– Poderia tentar se você me contasse a sua versão.

– Acho melhor não. – Tentei mais uma vez. Seth deu de ombros.

– Acredito que a sua seja muito melhor do que Nadirah dizendo que você a chamou de suíno e ainda disse que a nossa religião deveria nunca existir. – Ele parecia certo. – Estou errado quando acredito que você não seria capaz de uma coisa dessas?

– Como é que é? – Acabei deixando soltar. Meus lábios ainda formavam um grande “O” tentando acreditar na mentira que Nadirah tinha inventado, mas parecia muito para minha cabeça. De repente me senti como sísifo, carregando a pedra para cima sempre. – Ela disse que eu disse isso? – Perguntei só para confirmar mais uma vez e Seth assentiu sem nada dizer.

– E o que você falou? – Perguntei atônita e Seth deu de ombros.

– Apenas pedi que se acalmasse, pois quem poderia resolver isso era a Senhora Zilena e eu esperaria ela chegar para contá-la. Isso parece ter deixado minha noiva calma. – Ele disse e a palavra noiva pareceu sair sem entusiasmo nenhum.

Não percebi quando os cozinheiros tinham acabado de arrumar as suas coisas e estavam agora conversando para entrar no carro. Meus olhos pesavam muito e eu procurei Seth, encontrando-o novamente na rocha, que aparentemente não era tão distante assim da mansão, e ele continuava no telefone. Parecia bem familiarizado com aquele lugar, como se já tivesse vindo nele várias vezes. Meus olhos começaram a pesar, querendo se fechar mesmo contra minha vontade. Eu já estava ficando grogue.

Tentei bater na minha cara e me beliscar para ver se os meus olhos abriam. Mas sabe quando vem aquele sono terrível, que parece impossível abrir os olhos? Que você tenta, tenta, tenta, mas parece que não tem escapatória? Você acaba dormindo, babando, na maioria das vezes, em cima de um livro ou do seu laptop depois de tentar estudar de madrugada na vã tentativa de desacumular uma matéria de prova? Pois é. Era eu nesse momento.

Não sei quando já não conseguia mais ter estimulo para nada. A escuridão me engoliu por inteira. Na minha mente ainda tinha o meado do pensamento que eu tinha tentado construir até então. Eu tinha dito algo como não acreditar.... No que eu não tinha que acreditar? Parecia ainda muito distante, como se o pensamento estivesse fugindo de mim e eu correndo até ele, querendo alcançar aquele fio de voz.

Acho que grunhi baixinho, alguma coisa inaudível, certamente, porque ouvi a voz de Seth muito gentil ao meu lado, murmurando:

– Já estamos chegando, Ag. Pode dormir mais um pouquinho. – E eu comecei aos poucos a acordar, ainda grogue, sentindo que estava apoiada em algo macio, provavelmente o ombro de Seth, e que, certamente, havia uma baba escorrendo de mim. Devia estar formidável.

– Papai. – Consegui lembrar, mas acabei falando junto o que estava pensando. Era nisso que eu não tinha que acreditar. Ou melhor, era nele.

– O que tem seu pai? – Perguntou-me Seth enquanto continuava dirigindo. Estávamos deslizando e tudo parecia gelatina para mim. Eu ainda estava no mundo idílico dos sonhos.

– Não... – Comecei e tentei encontrar a palavra certa que parecia novamente fugir de mim. – Acreditar. – Consegui falar e senti-me satisfeita comigo mesma.

– Não acreditar no seu pai? – Perguntou-me Seth confuso. E eu nem sabia porque continuava respondendo-o. Acho que era no automático. Grunhi o que pareceu um “Uhum”. E acho que Seth compreendeu o que eu falei, porque ele prontamente perguntou:

– Por que não? – Mas eu não consegui mais respondê-lo. Quis começar a frase, mas que frase que eu queria começar? Parecia que ela tinha corrido de mim novamente e eu só conseguia me encontrar no estranho mundo vazio e negro que povoava a minha mente. Eu estava dormindo de novo.

Não sei exatamente quando a gente parou e há quanto tempo eu estava no carro, porque a voz de Seth parecia um zumbido dentro do meu ouvido:

– Ag? Ag? – Ele perguntava me sacudindo levemente para não me machucar. Novamente, tentando me tocar o menos possível.

– Hum? – Perguntei ranzinza, porque odiava que tentassem me acordar de meu sono de ouro.

– Vamos Ag. Já chegamos. – Pediu Seth e eu apenas concordei continuando de olhos fechados. Ele voltou a me empurrar e eu abri os olhos ainda tonta, falando coisas sem nexo:

– Me deixa. Eu quero dormir. – Disse e me virei para o outro lado. Por que eu não queria mais olhar para o responsável pelo meu acordar. Seth tentou não rir da mimada que eu estava parecendo enquanto voltava a me chamar.

– Ag. Vamos. Você não pode continuar dormindo no carro. – Ele disse como um pai que tentava explicar para uma criança que ela não devia comer seu bolo de aniversário antes dos parabéns. Sem sentido, claro.

– Por que não? – Perguntei.

– Por que você vai acordar toda torta amanhã e ainda vai me xingar por isso que sei. Vem, eu ajudo você. – Ele disse tocando no meu braço. Deixei que ele me puxasse para fora, só para perceber que eu estava mole ainda. Muito mole. Seth deve ter demorado muito no celular, porque eu acho que já estava há mais de uma hora dormindo.

– Aqui está bom. – Disse quando vi que minhas pernas não me responderiam e eu ia cair na areia e dormir ali mesmo. Estava com tanto sono que não me importava. Seth riu baixinho.

– Não está não. – Disse me segurando pelos braços, apoiando-me. Parecia ainda um pouco confuso se isso era certo ou não, mas eu nem sabia mais o que era certo. Não. Eu sabia. Dormir era certo e Seth não estava permitindo que eu continuasse dormindo.

– Vamos, Ag. Colabore, Amira. Você está tão cansada assim que vai me fazer carregá-la até seu quarto? – Perguntou Seth e parecia fazer uma súplica para que eu dissesse não. Mas novamente, estar grogue de sono me fazia parecer pior que grogue de bebida. Eu só queria dormir.

– Mas aqui está bom. Deixa? – Eu pedi e deixei que todo o meu corpo se apoiasse em Seth porque, na verdade, eu queria alcançar o chão. Seth parecia encrencado e bufou exasperado por conta disso.

– Não. Céus, como você é chata até com sono. – Ele disse e eu ri, porque, de repente, achei graça daquilo.

– Eu estou com soninho. – Disse e para minha surpresa, Seth me pegou no colo. Novamente, suas mãos tentavam não me tocar nas partes indevidas. Mas eu estava com tanto sono que nem me importava com mais nada. Nada se acendia de quente. Talvez só meus olhos que odiavam aquela claridade da mansão e fizeram questão de se esconder junto dos meus bracinhos no peito de Seth.

Ele pareceu se enrijecer todo. Era como se, de repente, ele tivesse se metamorfoseado em um robô. Parecia andar ereto e não parecia nada tranquilo com minha cabeça encostada ali nele. Eu talvez fosse me arrepender de tudo de manhã, quando acordasse, mas agora só estava com sono e caindo no mundo idílico dos sonhos.

– Você é tão quentinho. – Eu acabei dizendo no meio daquele sono todo e Seth, que agora se embananava todo tentando abrir a porta com eu no colo, tentou não rir.

– Você fica muito engraçada quando está com sono. – Murmurou e eu neguei.

– Sou um bolinho... – E essa foi a última frase que me lembrei de sair da minha boca até estar no meu quarto. Meus olhos fechados e escondidos na camisa de Seth só conseguiam pensar em como o cheiro dele era inebriante e dava uma vontade imensa de me agarrar ali e continuar ali para sempre.

– Huwa allathee jaAAala lakumu

allayla litaskunoo feehi

waalnnahara mubsiran inna fee

thalika laayatin liqawmin

yasmaAAoona

A voz de Seth me embalou com aquelas palavras que pareciam poesia e, por fim, me vi deitada e quentinha na minha cama, coberta no meio dos lençóis agradáveis. Por fim, ouvi a voz de Seth sussurrando no quarto, enquanto ele fechava a porta:

– Boa noite, Amira. – E eu apenas concordei com a cabeça retornando ao aconchego na qual eu estava instalada. Foi uma noite tranquila e sem sonhos.

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