Ok. Eu não ia me divertir.
Enquanto as meninas estavam pulando na pista da boate que tínhamos entrado, eu só conseguia me sentir deslocada no meio daquilo tudo. Até agora não conseguia compreender como eu tinha aceitado entrar ali e o que eu estava fazendo num lugar como aquele, que não me completava, sabe?
Então eu apenas liguei para Fernanda e contei para ela que tinha feito essa burrada e ela me disse para tomar uns goles e sair dali então. Por que ali não era espaço para mim mesmo. Como uma mãe. Me dando conselhos. E eu não tinha gostado nada disso. Desliguei o telefone e decidi mostrar para Fer que aquele podia ser sim o meu lugar e que as pessoas só sabiam fazer pouco caso de mim e achar que eu era de uma maneira, quando eu não era.
Eu podia ser quem eu quisesse ser.
E agora, eu queria ser a menina que ficava ali até quando pudesse.
Pedi mais um drink para o barman enquanto não me importava em beber álcool. Eu tinha bebido poucas vezes na minha vida e sabia que era muito fraca para qualquer coisa assim. Novamente, a menina certinha que nunca bebe nada. Mas não estava nem aí. Comecei a beber a contragosto. Céus, o gosto daquelas coisas era muito ruim.
Mas nada mudou. Eu continuava sendo a chata de sempre. Nem bebendo eu conseguia parecer um pouco legal que fosse.
– Vamos dançar. – Chamaram as meninas e me puxaram para o meio da roda. Mas eu estava sem vontade e só fiz por que elas pediram. Marina me entregou outro copo de bebida e eu engoli por inteiro, sem me importar. E continuamos pulando.
E então eu passei a sorrir, e a pular com elas, sem ligar para mais nada. Que o mundo explodisse! Eu estava feliz! Eu estava pulando sem me preocupar com o dia de amanhã! E continuei pulando e rindo com elas, porque agora tudo estava muito mais bonito! O mundo, enfim, estava cor de rosa para mim.
– A gente tem que quebrar o carro dele! – Voltou a sugerir Joana e as outras e eu rimos com aquela ideia que parecia muito melhor agora que estávamos bêbadas.
– Que coisa, Jo. – Disse eu achando tudo muito engraçado.
– Eu gosto da ideia. – Disse Bianca. Marina começou a rir.
– Eu também! – Disse Marina.
– Então vamos! – Eu, dessa vez, sugeri.
E saímos pulando e rindo da boate porque agora tínhamos tido uma ideia brilhante e tudo parecia maravilhosamente bem. Eu não me importava que não soubesse para onde estava seguindo. A ideia parecia muito boa para eu fugir.
Meus pés pareciam não me obedecer, porque por vezes precisei me apoiar nas meninas enquanto ria e dizia algo como “opa” e elas riam junto de mim e nós quase parecíamos quatro meninas caindo no meio da calçada. Mas eu não liguei. Não conhecia elas de longo tempo, mas parecia que já fazia tanto! De repente, me sentia uma amiga delas de muitos anos.
– Acho que o chão ta rodando. – Disse Bianca e caiu de bunda sentada no chão. As outras meninas começaram a rir e eu comecei a gargalhar altamente. Marina se segurou no poste fino que estava ali e tentou começar um poli dance, mas estava tão bêbada e não sabia nem porque tinha começado tudo aquilo que quando foi tentar levantar a perna, caiu para trás também.
Agora eu e Joana ríamos das duas tentando se ajudar a se levantarem, porque o salto não permitia que elas conseguissem isso com destreza.
Joana então teve uma esplêndida ideia e disse para elas tirarem o sapato. De repente, olhei para minhas botas, pensando se deveria tirá-las também, mas olhar para baixo me deixava tonta, então desisti de o fazer. Joana, contudo, tentou puxar o salto com as mãos e começou a pular de um lado para o outro até conseguir tirar um pé e cair. Eu comecei a rir, tontamente.
Marina e Bianca estavam tão bêbadas que pareciam estar brigando com os saltos para tirá-los. E ainda assim o humor continuava, porque continuavam rindo muito e eu achei tudo muito hilário porque comecei a rir e falar:
– Agora é a minha vez de tentar! – Disse e me aproximei do poste que Marina estava perto. Marina riu e assoviou:
– Vai linda! Mostra esse corpinho, minha filha! – E eu decidi dar o agrado da minha beleza para elas, por que eu era dessas e sorri.
– Vou mostrar para vocês. – Comecei e percebi que estava trocando as línguas todas, porque tinha começado a falar em inglês. – Vou mostrar a vocês como uma mulher de verdade tem que fazer! – Disse e Marina riu.
– Mostra como você faz com o seu boy! – Ela disse assoviando e Joana que tinha conseguido arrancar o outro pé, também passou a fazer. Eu que não estava entendendo muito, sincera como a bebida conseguia deixar, decidi falar:
– Eu to bebendo. To parecendo o meu pai. – E ri disso, embora não fosse engraçado. Pelo contrário, era trágico e meu cérebro de bêbada decidiu esquecer disso, por ora. – Agora vou mostrar como faria com o boy. Por que ainda sou virgem meninas! – Gritei e passei a rir e as meninas também passaram a gargalhar. Bianca disse:
– Virgem danadinhaaaaaa! Uiiiii! Mostra para gente, o que você é?! – Ela gritou e depois emendou: – Eu sou uma linda safada! – E as outras garotas passaram a rir. E eu voltei a rir. Olhei para o poste e tentei analisar como colocar a minha perna ali, mas desatei a rir enquanto falava:
– Eu disse que não ia fazer como papai, mas eu sou uma bêbada como ele, não é mesmo? – Perguntei ao vento e as meninas concordaram fazendo sons de “Uhu!” “É isso aí” e acho que, na verdade não me ouviam. E eu não ligava. Decidi que ia tentar fazer o que Marina estava fazendo. Coloquei o meu joelho sobre o poste e tentei me equilibrar. Tirei a perna tontamente porque percebi que não ia conseguir, mas comecei a andar para trás cambaleante, prestes a cair no chão como as meninas, tropeçando nos meus próprios pés.
– O que você ta fazendo, Agnes? – Ouvi uma voz grave perguntar-me e parecia muito furiosa brigando comigo. As mãos da voz estavam me segurando por trás, pelos meus braços, mas minhas pernas pareciam gelatina e eu não sabia quanto tempo demoraria até eu cambalear ao chão. Achei engraçado pensar nisso. Cambalear. Que palavra engraçada essa. Desatei a rir.
– Agnes. – A voz pediu novamente, dessa vez mais séria ainda se fosse possível. O detentor da voz grave e máscula me virou para ele ao ponto de poder me olhar para ter certeza que era eu. Olhei aquela figura que eu tinha certeza que conhecia, mas ainda estava buscando no meu cérebro de onde era. Ora, eu conseguia lembrar. Era só um pouquinho de esforço.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Sheikh e Eu(Completo)
adorei a historia......