Perdição de Vizinho romance Capítulo 5

Ella

Como pode uma pessoa ser tão irritante e gostoso ao mesmo tempo? Não sei a resposta para essa pergunta, mas se eu fosse descrever o meu vizinho, seria exatamente assim. E olha que desde que comecei a delirar por ele, só trocamos umas palavrinhas duas vezes. Uma ontem a noite e outra hoje.

— E você ainda insiste em gostar dele, não é mesmo, Tom? — converso com meu gato, como se ele fosse me responder, enquanto visto meu pijama após o banho.

Ele mia. 

— O que quer? Está com fome? Vai lá pedir comida a ele, duvido que tenha uma ração tão boa quanto a que eu te dou, seu pilantra. — Tom mia novamente, dessa vez, roçando em minha perna.

Mesmo querendo ficar aborrecida com ele, seria impossível, sou apaixonada nessa bola de pelos que não faz nada além de comer, fazer cocô, xixi e pedir comida. Aliás, devo admitir que ele já me livrou de alguns ratos e baratas, apesar de raramente aparecerem aqui.

— Vamos lá comer. — chamo-o e olho de soslaio pela janela, vejo o Justin de costas, porém, peladão.

Salivo e sinto minhas pernas fraquejarem.

Esse homem deve ser que eu vivo o admirando através dessa janela, por isso anda pelado em casa.

Balanço a cabeça, me livrando desses pensamentos, fecho a cortina e vou para a cozinha, porque estou varada de fome.

Encho o pote do Tom de ração, ele me olha como se agradecesse, esse gesto me deixa com o coração quentinho. Então vou preparar algo para comer, necessito de uma boa comida caseira.

Abro a geladeira e pego um recipiente onde sempre guardo queijo e presunto, deixo do lado de fora para estar em temperatura ambiente quando eu for usar. Pego também um frango desfiado que deixei no congelador — já que minha vida é corrida, preciso facilitar meu dia a dia — coloco no micro-ondas para descongelar e eu conseguir usá-lo.

Enquanto isso, preparo o tempero do frango e um molho se tomate.

Após alguns minutos, o micro-ondas apita, vou até ele, retiro o frango, tempero com o molho que preparei e monto uma lasanha com massa pré-cozida. Ponho no forno, deixo lá e vou procurar algo para assistir.

Sento com as pernas dobradas no sofá, porque se eu deitar, certamente irei dormir. Aperto o botão da Netflix, controle da televisão e rolo a tela até encontrar algo que me interesse. Ou seja, nada, porque sou chata demais para me interessar por um filme ou série facilmente.

Meu celular toca, notificando que acabou de chegar uma mensagem no WhatsApp. Toco na notificação e vai direto para o grupo dos meus amigos.

Alexia: E aí, gatos! Bora cair na noitada? 

Rio da mensagem da mais louca de todas.

Oliver: Por mim, tá fechado. Nem preciso pensar, tenho mesmo que dar uns pegas em uns boys magia.

Barbara: Nem se animem demais, porque daqui a pouquinho a estraga prazeres se pronuncia, melando nosso esquema.

Fico alguns minutos apenas observando a conversa deles.

Oliver: Querida, nem finja que não visualizou, porque o WhatsApp é mais esperto que nós quatro juntos.

Solto uma gargalhada, inclinando a cabeça para trás, sei que ele está falando comigo.

Eu: Olá, amores da minha vida! Senti falta de vocês, como estão?

Alexia: Lá vem você com papo furado, nem vem que não tem, Ella. Só nos chame depois de ler as mensagens anteriores. Obrigada, de nada. Beijos de luz. 

Barbara: Não adianta, Lexi. Ella sempre ferra com nossa amizade…

Oliver: Parem de falar mal da minha rainha, a única pessoa que pode fazer isso sou eu. Ella, meu anjo, se você não responder essa porra, eu chego em seu apartamento em dez minutos e não me pergunte como farei isso.

Eu: Estou cansada e acabei de colocar uma lasanha no forno… 

Alexia: Lasanha? Sério, Ella? Tenha dó, amada. Você precisa encher a cara e mexer esse esqueleto. Ah, esqueci de mencionar o mais importante, transar.

Eu: Prometo sair com vocês no próximo final de semana, eu juro. Poderão me levar para onde quiserem. 

Oliver: Nada de próximo final de semana, amanhã às oito, pegamos você. Nem um minuto a mais e sem desculpas, querida. 

Bufo, revirando os olhos porque sei que nada do que eu diga irá convencê-los.

Eu: Ok, ok. Tá bom, vocês venceram, agora me deixem descansar, pelo amor de Deus.

Tento me livrar deles, já sabendo qual será o próximo assunto. 

Vou até à cozinha para olhar a lasanha, e notando que já está boa, desligo o forno. Pego um copo e o encho de água para beber.

Oliver: Tem visto o vizinho gostoso? A propósito, quando puder, tire uma foto dele, de preferência pelado, para avaliarmos a qualidade do material.

Ao ler essa mensagem, rio, cuspindo toda a água e molhando o chão e um pouco do meu pijama.

— Que droga, Oliver! — ponho a mão na barriga, controlando o riso.

Oliver: Ella? Não fuja, queremos saber do seu futuro boy magia.

Eu: Não tem nada para saber.

Alexia: Você nos fode, sabia? É a única que pode ver o gostosão e nem nos conta sobre ele. 

Barbara: Amiga, já pensou numa transa com ele, deve ser espetacular aqueles braços te segurando forte. Uiii! Senti a tensão no meio das pernas aqui.

Eu: Deixem de ser fogosas! Nos falamos amanhã, vou comer e dormir. Beijoooos!!!

Nem espero por resposta deles, bloqueio o celular e repouso no balcão da cozinha americana.

Não os culpo por pensarem assim sobre meu vizinho, se até eu já estou ficando louca e subindo as paredes só em imaginar como seria ter aquele homem em minha cama.

Retiro o refratário do forno, coloco uma fatia de lasanha em meu prato e pego suco de laranja para acompanhar. Sento na banqueta atrás do balcão e me delicio com o sabor da minha comida. Já que nem sempre consigo me alimentar direito, devido à correria do dia a dia.

Quando estou terminando de comer, sinto falta de algo, mas não consigo perceber do que se trata. Até me dar conta de que não ouço o som do miado do Tom há algum tempo.

— Onde esse pilantra se meteu? Deve ter ido namorar. Até meu gato namora e eu não. 

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