Sal, Pimenta e Amor(Completo) romance Capítulo 15

– Sério que você vai me levar para comer numa das filiais da sua rede? – Perguntei revirando os olhos e completando: – Já conheço todos os pratos, Alexander. – Disse o fazendo rir enquanto negava:

– Hoje não. Hoje não. Vamos num dos meus amigos. A senhora, já ouviu falar? – Concordei enquanto o respondia:

– Sim, quando o Falcão está cheio, os fregueses optam por ele. – Alexander concordou mexendo a cabeça. Ainda estava dirigindo e percebi que ele realmente passou direto pelo restaurante da sua franquia.

– Relaxe e vamos ver o quão bom o seu paladar está, Mi Reina. – Disse Alexander enquanto diminuía a velocidade parando de frente ao restaurante. Em frente ao mesmo, havia um manobrista e nós logo saímos do carro para que o homem colocasse o carro dele em alguma vaga.

Concordei enquanto seguia ao lado dele. Adentramos o restaurante e fomos recebidos por um homem que logo que reconheceu Alexander já o disse:

– Vou chamar o Chef. – E Alexander concordou enquanto como se fosse de casa, no caso, como se fosse do restaurante, seguia em direção a uma mesa mais afastada e eu fui ao seu encalço.

– Você vai gostar daqui. A comida do Gustavo tem um toque bem apimentado, digno de baiano, mas é muito boa. – Disse Alexander como se lesse alguma coisa em mim de que eu estivesse julgando algo. Eu apenas aproveitava a paisagem, captando um pouco da ambientalização do ambiente. Nunca julgaria uma comida sem antes experimentá-la.

Não demorou para que o tal Gustavo aparecesse. Era um homem de pouco mais de trinta e poucos anos e usava um avental branco. Tinha os olhos bem escuros e uma pele amorenada. Tinha uma barriguinha avantajada de cozinheiro, mas sorria tanto que logo me afeiçoei a ele.

– Finalmente Alexander dá o ar de sua presença. – Zomba Gustavo e então seus olhos voltam para mim, com certa estranheza, já que ele não me conhece, enquanto ele pergunta sorrindo: – E quem seria a dama ao lado do vagabundo? – Pergunta e Alexander ri fazendo uma piadinha logo em seguida.

– O vagabundo que vai pagar as suas contas de hoje, Gustavo traíra. – Disse e Gustavo pareceu fingir ignorar o amigo enquanto encabulada eu respondia:

– Sara, eu... – E antes que eu pudesse concluir qualquer coisa, Alexander se meteu com um sorriso cínico no rosto enquanto respondia:

– Essa é a Sara, a minha namorada. – E Gustavo pareceu perplexo enquanto arregalava os olhos. Aparentemente estava acostumado que Alexander trouxesse os seus casinhos para aquele restaurante e parecia alarmado que agora não fosse um caso qualquer. Quer dizer, era um caso qualquer, mas não na visão dos outros.

– Você então...? – Perguntou Gustavo e Alexander balançou a cabeça concordando.

– Sim. Eu fiz isso Gustavo. – E Alexander e Gustavo trocaram alguns olhares antes que Gustavo voltasse a atenção novamente para mim e sorrisse novamente dizendo:

– Vou trazer o especial da casa. – E saiu deixando a mim e a Alexander sozinhos novamente na mesa.

O jantar, de fato, foi agradável. A comida maravilhosa. No fim, quando já estávamos prestes a sair, um fotógrafo nos interceptou perguntando se podia tirar uma foto e Alexander rapidamente passou a mão pela minha cintura me trazendo para mais perto dele.

O toque fez meu corpo reagir efusivamente, contraindo tudo o que poderia contrair dentro de mim. Engoli em seco, pedindo aos céus que Alexander não tivesse percebido isso, porque isso não tinha nada de profissional no que tínhamos combinado.

– Só deixe claro em escrever que esta é a Sara, minha namorada. – Disse Alexander piscando para o jovem fotógrafo que concordou com um pequeno sorriso nos lábios enquanto se posicionava para tirar a foto.

Era mais do que perceptível a mão de Alexander na minha cintura. Não que a sensação fosse ruim. Era até bom demais para ser verdade! A sensação continuou pior quando os dedos de Alexander começaram a percorrer em círculo ao redor do ossinho da bacia percorrendo inocentemente um círculo por ali, que parecia piorar tudo ainda mais. Senti minhas bochechas ficando vermelhas e eu só consegui pensar em como a falta de um relacionamento estava mexendo completamente com todas as minhas bases.

– Quer ficar parada Sara? – E dito isso eu fiquei parada, me prensando contra a porta do carro, enquanto Alexander soltava o cinto dele e se aproximava de mim com o dedo. Não consegui desviar o olhar do dele enquanto ele aproximava o dedo da minha bochecha e parecia limpar algo que estava sujo compenetrado demais.

Por que um homem desses tinha que ser tão cheiroso? Ou será que ser cheiroso era o que fazia as mulheres se atraíssem por ele? Seja como fosse, o cheiro dele parecia impregnar as minhas narinas tirando o último resquício de sanidade que eu ainda achava que tinha em mim enquanto eu inconscientemente fechava meus malditos olhos.

O dedo de Alexander parecia formigar sobre minha pele, talvez o contato da minha tão gelada com a sua tão quente fosse o responsável por todo o desejo. Ele parecia compenetrado em limpar a sujeira e eu só conseguia pensar em como esse maldito trato podia dar errado se eu fizesse a besteira de o beijar naquele momento. Mas o extinto parecia falar mais alto e a vontade parecia ser cada vez maior.

– Pronto. – Ouço a voz de Alexander e percebo que ele está tirando o dedo do meu rosto. Alarmada de ser pega no flagra, abro os meus olhos. Mas acho que Alexander já percebeu que eu estava de olhos fechados, já que há um sorriso irônico estampado na sua face. Só sinto vontade de batê-lo, mas Alexander zomba de mim: – Não se preocupe Sara, ninguém resiste ao meu charme. – E ele pisca enquanto transtornada e cheia de raiva eu bato a porta do carro de Alexander, saindo para longe da presença do elegante, mas completamente sarcástico Alexander, o zombeteiro.

Entro no meu apartamento ainda sentindo os efeitos de segundos atrás. Meu corpo ainda está arrepiado, o cheiro dele ainda não sumiu por completo das minhas narinas e eu só quero esganá-lo por achar que pode se sentir tanto assim. Argh!

– Sara! Por que você não chamou o Alexander para subir? – Ouço minha vó perguntar da cozinha, limpando as mãos num pano de prato. Ela não está com as melhores das caras e eu também não estou nem afim de conversar.

– Já jantamos vó. – Respondo grosseiramente fazendo minha vó falar raivosamente:

– Ora essa. Menina malcriada. Homem se compra pela barriga, minha filha. Até parece que não é uma Bulhon de verdade! Não quer casar? Vai deixar esse homem partir, Sara? Ah, mas se eu não te amaldiçoo pelo resto da vida menina! Vamos, convide ele para jantar aqui amanhã. Afinal, A Aninha ta namorando aquele médico, sabe? E você quer ficar para trás? – E minha vó quando tendia a falar, ela não parava de falar mais. Bronca da minha vó era pior do que da família inteira. Até porque em nenhum momento eu tinha dito para ela que isso era uma competição e, em nenhum momento, eu quis que isso fosse uma competição! De onde minha vó tinha tirado que eu precisava ser melhor que minha prima em algo tão supérfluo como ter um marido? Ao menos eu não era dona de Casa/ modelo como Aninha! Que saco!

Entrei no banheiro sem querer ouvir minha vó. Tive que ligar o chuveiro antes mesmo de tirar a roupa para que abafasse o som de minha vó falando e enchendo o saco do quanto eu precisava logo de um casamento para me ajeitar a vida. Se vovó soubesse que eu não queria um casamento, mas alguém que me somasse, alguém que deixasse eu ser independente como eu queria, ela ficaria mais louca do que já é quando quer me enfiar isso na cabeça. No mais, não havia muito o que eu fazer. Teria que aceitar que vovó era das antigas e que muita gente da minha família, infelizmente, ainda o era também.