Somente Salve a Sua Musa? Filho Morto, Não Chore romance Capítulo 7

...

Quarto VIP do hospital.

— Henrique, no que você está pensando?

Clara Alves observava a figura elegante de pé junto à janela.

Desde que haviam retornado ao quarto, ele permanecia em silêncio, perdido em pensamentos.

— Não é nada.

Henrique Freitas recobrou a atenção.

Com passos longos e firmes, aproximou-se do leito. Ao virar o rosto, seu olhar passou direto, ignorando a silhueta frágil e hesitante que se arrastava no pátio lá embaixo.

Henrique sentou-se ao lado da cama de Clara e ajeitou cuidadosamente a ponta do cobertor.

Sentindo o toque suave como cetim, Clara sorriu.

O edredom era de seda pura, escolhido às pressas por Henrique em uma loja de departamentos. Temendo que Clara se sentisse desconfortável no hospital, ele até providenciara uma televisão na cabeceira de sua cama.

Ao se lembrar desses detalhes, Clara sentiu o peito aquecido.

Em sua mente, voltou a imagem de Estrela Rocha, pálida e desamparada, parada à porta do quarto momentos antes.

O sorriso de Clara se desfez. Instintivamente, ela ergueu a mão, querendo tocar o rosto de Henrique.

Mas ele, como se previsse o gesto, recuou discretamente.

A mão dela ficou suspensa no ar, constrangida.

Henrique, porém, agiu como se nada tivesse acontecido e perguntou com naturalidade:

— Pretende ficar quanto tempo aqui no país desta vez?

Ao ouvir, Clara sentiu-se frustrada.

Não entendia por que Henrique, tão atento e cuidadoso, a ponto de lembrar até o período do seu ciclo, evitava sempre qualquer aproximação.

Reprimiu o descontentamento e tentou brincar:

— E você, Henrique? Quando quer que eu vá embora?

Henrique permaneceu em silêncio.

Clara, no entanto, entendeu o recado e sorriu levemente:

— Dessa vez, não pretendo voltar. Afinal, a pessoa de quem gosto ainda está aqui.

Ela mantinha o olhar fixo em Henrique.

Ele desviou, desconfortável, levantando-se para evitar seu olhar:

— Não faça isso, Clara. Eu sou casado.

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