Tudo acontece tão rápido que minha cabeça gira, e mal consigo recuperar o fôlego. O fato de termos marcado um ao outro faz com que a cerimônia acabe mais cedo. Os Santo me arrastam até um carro que os aguardava; em seguida, jogam as roupas em minha cara e ordenam que eu vá para a casa da alcateia e fique quieta.
O alvoroço é grande, como se eu tivesse cometido o crime do século e isso tivesse afetado todos os presentes. Juan explodiu de forma magnífica com a possibilidade de nosso futuro Alfa ter ficado noivo de alguém de um dos mais inferiores bandos. Também não estou exatamente feliz com isso.
Mantive a cabeça baixa por dez anos, fiquei fora de vista e vivi nas sombras, longe do drama, diferente dos outros que são como eu. Tornei-me quase invisível e não fiz amigos de verdade, tudo com o objetivo de escapar deste lugar sem chamar atenção. Mas, no final, fui colocada sob os holofotes na noite mais importante da minha vida, na frente de todos os bandos na montanha, só para ver todos os meus sonhos se despedaçarem na minha frente.
Isso não pode estar acontecendo! Entro em pânico e fico ofegante quando cai a ficha de que essa m*rda não é reversível, e não é algo pequeno que posso ignorar e seguir com a minha vida. Uma marca é para sempre, e só há uma saída: a morte!
Isso NÃO é uma opção para mim. Se escolhermos deixar isso de lado e seguir os nossos próprios caminhos, o vínculo não só não vai se quebrar, como vai aumentar ainda mais o desejo de ficarmos juntos. É assim que funciona, e todo mundo sabe disso. Se eu for embora, vou ansiar por ele pelo resto da minha vida, até que isso me leve à loucura ou à morte, de tão triste que ficarei. Se eu ficar aqui, não vou poder lutar contra a necessidade de estar com ele, e Juan deixou bem claro que isso nunca vai acontecer.
Sou rapidamente jogada para fora do carro, para um beco escuro, e me dão apenas alguns segundos para colocar minhas roupas debaixo do cobertor antes de ser empurrada à força por uma porta lateral e quase cair de cara no chão em um corredor claro. Os homens encarregados de me levar até lá não estão sendo nada hospitaleiros e me empurram e me tratam com crueldade. Sinto que estou coberta de hematomas e ainda tenho um pouco de sangue no corpo e no rosto. Gemo ao cair no chão duro; meu corpo está cansado e fraco depois do que suportei esta noite.
Ainda estou me recuperando das drogas e da primeira transformação da minha vida, além de estar nervosa, irritada e tendo que lidar com o trauma de estar basicamente sendo sequestrada. Sinto-me como se estivesse presa em algum tipo de pesadelo, do qual só quero acordar antes de ter um surto completo.
Somos recebidos por uma loira alta e atraente no hall. Ela caminha em minha direção e, sem nem mesmo hesitar, me dá um tapa tão forte no rosto que me faz voar para longe até bater contra a parede. Minha bochecha e meu olho queimam, e eu gemo de dor quando o calor começa a se espalhar pela cabeça e pelo meu pescoço, fazendo com que eu perca os sentidos por um segundo. Ligeiramente atordoada com a força do golpe daquela vadia, tento me levantar, mas não consigo depois que alguém pisa em minhas costas e me empurra de volta para o chão.
"Como ousa!! Como você se atreve, sua p*ta! Ele é meu... Nós namoramos por dois anos, e você acha que pode simplesmente chegar e roubar ele de mim?! Você não é p*rra nenhuma, e não tem direito de ficar com ele!" Ela está vermelha de raiva e se abaixa, virando-me e subindo em cima de mim antes de colocar as mãos em volta de minha garganta, como uma psicopata que perdeu a cabeça. Entro em pânico e tento me defender, mas ela é maior e mais forte do que eu, e o brilho âmbar em seus olhos me diz que ela está prestes a se transformar. Essa garota é outra que se transformou quando era uma criança e tem os próprios dons sob controle, enquanto eu ainda nem comecei a explorar os meus. “Vou te matar antes de te deixar roubar ele de mim!” Ela começa a apertar ainda mais forte, e tentei arranhar o rosto dela, desesperada, lutando para respirar. No momento em que vou perder a consciência, ela é tirada de cima de mim e levantada no ar por dois braços fortes.
"Já chega! Eu e ela somos igualmente culpados!" A voz de Colton a faz parar de gritar histericamente. Ele a coloca no chão, longe de mim, e fica entre nós duas enquanto tenta calá-la com argumentos lógicos. O corpo dele está todo tenso e alerta, como se ele estivesse pronto para enfrentá-la em uma briga, e não posso afirmar que isso não vai acontecer. As fêmeas, quando perdem a calma, tendem a se transformar e atacar até mesmo as pessoas que amam. É assim que as disputas são resolvidas na maioria das vezes entre os lobos. Agressão física é comum, mesmo entre companheiros. “Volta pra casa, Carmen. A gente vai cuidar disso. Os anciãos e o xamã estão vindo pra cá com o meu pai. Vai embora e deixa a gente resolver isso." Ele parece chateado, e a voz grossa revela aquele tom dominador, tão parecido com o de seu pai, mas com um quê de menino.
"Por que vocês só não matam ela e acabam com isso? Ela não é nada pro bando”, lamenta ela, desesperada. A voz dela faz meus ouvidos formigarem; estremeço e gemo enquanto tento cobri-los e me pergunto se isso ocorreu por conta da mudança em meus sentidos. É normal ouvir as coisas sentindo essa dor?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Te Amo com Minha Alma