“Ele pode escolher cortar o vínculo se quiser, mas a história nos mostra que, quando os companheiros fazem isso... Ambos morrem! A única outra opção é se negar a consumar o vínculo. Eles podem optar por seguirem com as próprias vidas, sem fazer a marca física, sem realizar a união, e negar completamente o vínculo. Mas ele vai continuar ali, e os dois vão passar as vidas inteiras desejando um ao outro, não importa com quem eles fiquem. É isso que você quer para o seu filho?”
Todos os olhos se voltam para Juan. Há muita tensão na sala enquanto os mais velhos conversam telepaticamente, porém não posso ouvi-los. Colton se mexe com nervosismo e percebo que ele está a par do que está sendo dito. Afinal, eles são do mesmo bando, e os dois são família: pai e tio. Ele não parece feliz, e sinto as ondas de raiva me envolverem e afetarem minha própria sanidade. O calor que sinto começa a ser substituído pela raiva dele.
Não aguento mais. Conforme os minutos passam e meus nervos ficam à flor da pele, o nervosismo e a loucura são grandes demais para mim.
"Vou embora. Também não quero isso", deixo escapar, rompendo o silêncio mortal e deixando as emoções se apoderarem de mim. Literalmente todos ficam chocados e olham em minha direção, como se de repente tivessem se lembrado de que eu estava aqui neste canto.
Sei que acabei de falar fora de hora e desrespeitei a todos nesta sala, mas estou sentada aqui, toda suja de sangue seco, sem saber como me sentir e completamente exausta. Estou horrivelmente confusa e, em meia hora, descobri que ser virgem não significa que você não pode ter o desejo insano de tirar as roupas e se jogar em alguém, mesmo que tenha feito de tudo para evitar essa pessoa até então. Eu o imaginei nu pelo menos duas vezes, mesmo sem querer, já que ele me deu todas as suas memórias íntimas, e algumas delas são dele tomando banho.
"O quê?"
"O quê?"
Em uníssono, Colton me pergunta por telepatia, e o pai dele o faz verbalmente. Entro em pânico por ter acabado de falar isso em voz alta.
“Era o meu plano, as minhas intenções. Digo, depois da minha... A coisa... que aconteceu hoje à noite. A minha transformação. Eu ia embora. Isso não precisa mudar". Eu pareço uma louca. Estou balbuciando como uma maluca que não sabe o que está dizendo e vejo que todos estão julgando minha falta de eloquência com esse discurso fraco. Eu deveria ter saído correndo quando tive a oportunidade, mesmo que isso fosse estragar a cerimônia.
“Isso não vai quebrar o vínculo. A gente ainda vai estar conectado. Só vamos estar infelizes. Você não entende? O que aconteceu hoje à noite mudou tudo, pra nós dois." Colton soa desanimado, e vejo uma memória dele e de Carmen juntos, beijando-se, direto da cabeça dele para a minha. Tento me livrar dela quando um ciúme insano surge dentro de mim, provando que ele tem razão. Irracional, ilógico, mas não tem o que fazer; ele sequer quis projetar os pensamentos tristes sobre ela para a minha cabeça.
“Você tem pelos brancos, e, agora, o Cole viu o vermelho nos seus olhos. Isso é importante. É melhor mostrar pra gente, ou vou te obrigar a se transformar, e você não vai gostar disso." Ele vem furioso em minha direção, e o tom hostil faz com que eu me encolha e fique com medo. Colton reage de forma instintiva à ameaça velada, e a situação se torna ainda mais caótica. Em um piscar de olhos, ele está entre mim e o ancião, rosnando, os olhos brilhando de forma descontroloda. O corpo dele está maior, e a tensão se torna evidente quando ele encara o velho e o adverte com a voz rouca.
"É a minha companheira... Minha! Se você colocar a mão nela... Vou exercer o meu direito de te mutilar ou de te matar pra proteger ela. Não dou a mínima pra sua posição nessa alcateia!” A voz dele engrossa a níveis satânicos, e, atrás dele, recuo. Vejo a espinha dele se contorcer, e ele começa a se transformar de forma agressiva. Meu estômago revira, e me sinto fraca, paralisada de medo e sem saber o que mais fazer. Felizmente, o xamã intervém.
"Viram? É isso que acontece quando se atrasa um vínculo. O desejo se torna cada vez maior, quanto mais você o nega. A necessidade de proteger, a necessidade de se unir; isso causa loucura. Colton, acalme-se. Ninguém vai tocar na sua companheira sem a sua permissão. Só queremos ver os olhos dela. Respire fundo e volte para nós.” Ele coloca a mão no ombro de Colton e gentilmente o traz para o meu lado, antes de pegar minha mão e colocá-la na de Colton. Em seguida, dá um tapinha no ombro de ambos e nos deixa. A faísca que acontece nesse instante e o calor que é gerado entre nós me causam uma sensação de segurança e familiaridade que eu não sentia há quase dez anos. Não desde a última vez em que vi meus pais vivos e seguros em casa. Ele parece sentir o mesmo, e os olhos voltam a ficar castanhos; Por fim, Colton respira fundo, trazendo paz de volta a nós. “A companheira dele é a pessoa capaz de acalmá-lo. Continuem assim por enquanto. Nós precisamos conversar sem vocês dois aqui. Vão para aquela outra sala."
O Xamã aponta para uma porta na parede, e Colton segura com força meus dedos. Sinto a energia dele pulsar pela minha mão, e é o que parece impedi-lo de se transformar. Não sei explicar, mas segurar a mão dele traz à tona um sentimento de afeto que eu não sentia por alguém faz muito tempo. Sinto que encontrei o meu lugar; o lugar que perdi no dia em que minha família se foi.

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