Agnes tinha o dom de me tirar do sério.
Se havia pessoa melhor para transformar os meus nervos em frangalhos, Agnes era essa pessoa. A escolhida. Ela conseguia me deixar louco, se isso era possível. E tudo começava por sua independência idiota, quando eu sabia que embora ela tivesse o direito de ser independente, eu não queria deixa-la insegura em nenhum momento.
Agnes poderia estar tão preocupada com a irmã dela que não conseguia pensar como eu nas consequências dos atos dela se ela não aceitasse a segurança que eu queria dá-la. E ela realmente não enxergava o quanto isso era necessário. Talvez, por não saber ainda me expressar da melhor maneira possível, eu não saiba transmitir a ela o quão tenebroso é para a minha mente a ideia de perde-la. E isso, principalmente agora, me é tão forte que eu simplesmente não consigo pensar nada com clareza em pensar que ela pode ser tirada de mim se não for mantida segura.
E não adiantava o discurso dela de que sabia se cuidar sozinha. Isso não colava comigo. Invariavelmente, sempre que ela dizia isso, eu só sentia os meus nós dos dedos latejarem e clamarem por se desfazerem novamente no rosto de Matheus. Ah, mas ela não tinha ideia do como eu odiava aquele idiota do antigo namorado dela.
Ele que se cuidasse se eu o visse novamente. Estava ficando febril em pensar em destruí-lo completamente por ter tocado na minha Agnes. Por ter feito tudo aquilo com ela. Por ter sido um péssimo de um filho da mãe de um namorado.
E mesmo que Agnes quisesse me provar o contrário, de que ela conseguia se virar, eu só conseguia pensar no ser frágil depois de Matheus quase tê-la destruído em pequenas partículas de pedras preciosas, de ter machucado-a duas vezes e o quão frágil Agnes estava enquanto chorava para mim e isso, sim, me despedaçava por inteiro. E isso sim aumentava ainda mais a minha ira.
Por que Agnes tinha algum imã para confusão. Se havia Agnes, alguma coisa de ruim acontecia. E eu não conseguia mais imaginar o que poderia acontecer com ela. E, pior: Ela estando sozinha, sem eu podendo a proteger desses perigos que ela atraia, muita das vezes sem perceber.
Mas Agnes não percebia que era um furacão. Que atraia tudo para próximo dela. E eu tinha medo de que, por não perceber isso, eu não estivesse presente se outro problema acontecesse a Agnes.
Afinal, nesse mundo idiota, Matheus ainda não está preso. E ele a machucou tremendamente. Desiree, foi a primeira a machucá-la. O meu mundo e o de Agnes começou com a porrada que Agnes recebeu de Desiree — a bem dizer, obrigado Desiree por ter feito isso e permitido que Agnes então passasse como governanta. Mas esse não era o único caso que Agnes, o furacão, tinha passado e causado problemas.
Agnes começou a me causar problemas ali, no momento que ultrapassou a autoridade que eu achava que tinha. Depois, recebeu uma porrada gigante. Depois disso, a festa, o vomito, a menina de biquíni. Tudo com Agnes por perto. Até então os gritos entre nós, a enfrenta com Nadirah, a demonstração, por parte de Agnes, que não era frágil, quando queria. Que ela era independente e não ia baixar a cabeça só por que uma pessoa a maltratou. Ela sabia pedir respeito.
E então, Agnes, a tão frágil Agnes que me comoveu até a alma. Sempre considerei Agnes mais forte do que eu. Até então, sempre esnobe, pois via em Agnes uma ameaça, uma pessoa que estava aos poucos quebrando os meus paradigmas. Afinal, gostar de uma governanta? Um Sheik? Isso não parecia muito comigo.
E então Agnes mostrou que talvez fosse tão humana e frágil como eu. Primeiramente, ao tocar o seu corpo, ao perceber que ela confiava ao ponto de permitir que eu a levasse até o seu quarto depois do jantar. Depois, ao perceber que ela bêbada, novamente, confiava em mim. Eu que sempre fui um cafajeste, idiota. E então, as cenas que não gosto de lembrar sem que eu queira bater em Matheus até vê-lo morto.
E, por fim, os radicais na feira. O perigo que Agnes correu. Eu não conseguia permitir que Agnes andasse sozinha. Não quando ela era um alvo de confusão. E isso só parecia afundar ainda mais na minha cabeça enquanto eu pensava que tinha que proteger Agnes dela mesmo.
— Eu não quero ninguém me acompanhando por aí, Seth. Ao menos não aqui no Brasil. Quanto a Omã, se houver Omã, a gente conversa depois. — Ela disse séria. E eu só consegui suspirar.
— Nem mesmo acompanhando o seu quarteirão? — Perguntei afoito, prestes a morrer ao ver que minha amada preferia correr perigo.
— Não. — Ela disse sonoramente. Eu só sentia a raiva me percorrendo. Os dentes trincando, a vontade de mostra-la o quanto era importante a segurança dela!
— Laser. — Disse-me Alfred baixinho para que Agnes não ouvisse, um tipo de codinome que a gente tinha, que significava, rastreamento de celular. Minha família toda tinha e era como nos referíamos aos nossos próprios lasers. De repente, mesmo que fosse pouco, era alguma forma de saber onde Agnes estava. Enquanto eu estivesse no Brasil, talvez fosse com o que eu tivesse que contar. Aparentemente, teria que dar a independência que Agnes queria.
Não estava mentindo. Estava omitindo um possível rastreamento do celular dela. Não era nada demais, claro.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Sheikh no Brasil
Maravilhoso, amei a história. Parabéns a autora, soube prender minha atenção com comedia, ação, drama e romance na medida certa....