Uma vez me disseram que a melhor forma de você vencer um medo é o encarando. Acredito que deve ser a mesma coisa sobre o ato de pensar. E eu realmente me sentia no dever de fazer algo a respeito disso.
Agnes estava bem melhor, já brincava, já estava agindo mais como ela mesma, mas uma coisa parecia ainda bem longe de mudar com ela: Pensar. Era difícil para ela mesma admitir até mesmo para ela mesma o quanto ela pensava e não deixava de pensar. Para nada! Para qualquer coisa ela insistia em colocar um monte de pensamentos louquinhos na cabeça! E era difícil ela tomar uma decisão sem antes pensar em um monte de prós e principalmente em milhares de contra. Por que parecia que a mente de Agnes só considerava as piores hipóteses sempre.
Mas acho que nesse quesito eu também poderia dar um jeito. Ao menos era o que eu tentaria fazer, claro. Não era certeza de nada. Mas eu tinha uma ideia maravilhosa e foi com ela em mente que vendei Agnes decidido a levar para o local mais especial para isso.
Obviamente ela não levou isso com tranquilidade e eu precisei ouvir durante uma hora de longa viagem com Alfred Agnes reclamando no meu ouvido do jeito louquinho que ela costumava fazer:
— Eu não sei porque tenho que ficar vendada. Eu já disse que posso ser uma boa menina. Eu juro que não roubei o bombom da Sophia por maldade! Ela te contou, não foi mesmo? Mas não é verdade! Quer dizer... É verdade! Eu roubei o bombom dela! Mas foi estritamente necessário! Você não chegava nunca e eu fiquei de TPM e ansiedade e saudade. Poxa, que mal há em comer um bombom? Eu ainda não escolhi meu vestido de casamento, nem tem problema em ficar gorda. Poxa, por que eu não posso? Viu? Eu admiti! Agora posso tirar a venda? — Ao que revirando os olhos eu respondia:
— Não, Ag. — E ela também bufava porque não estava a fim de continuar do jeito que eu tinha a deixado.
— Mas eu já admiti. Não devia ter feito isso. Agora admiti que comi o bombom de Sophia. Por que estou vendada, Sethhhhhh? — Ela me perguntava e eu juro que podia sentir meus neurônios morrendo um a um. Mas que diabos que havia em algumas mulheres que quando decidiam falar não calavam a boca de jeito nenhum?
— Por que eu quero te ensinar uma coisa daqui a pouco. — Respondo fazendo Agnes bufar contrariada enquanto cruzava os braços como uma criança mimada. Não pude deixar de rir diante do cenário em questão.
— Já sei! Você quer que eu aprenda a ser uma pessoa cega? Eu sei que não devia ter dito para o Al que ele precisava aparar a barba... — Arqueei a sobrancelha olhando para Al sem acreditar no que Agnes dizia.
— Você o que? — E Al ria enquanto dirigia sem acreditar que Agnes admitia uma coisa dessas.
— Ué. Mas a barba dele não combinava com ele. E que bom que ele me ouviu. Você viu como ele ficou melhor sem a barba? Mas tudo bem, eu não vou reparar mais nas pessoas. Vou ficar cega. Agora pode tirar a venda que eu já aprendi. — E eu realmente pensei que estava numa espécie de tortura particular que parecia não acabar nunca. Ri.
— Agnes, Você só está se complicando. Pare de pensar no porque da venda e relaxe um pouco! — Digo o que a faz ficar mais alterada ainda para meu azar.
— Não! Como alguém pode relaxar com uma venda no rosto, Seth? Essa coisa cutuca o olho, é terrível e eu me sinto como se o homem do saco estivesse me levando para vender meus órgãos! — Ela disse o que me fez franzir o cenho.
— Homem do saco? — Mas eu realmente não entendia de onde Agnes tirava algumas expressões. O que ela queria dizer com isso?
— É uma lenda comum no Brasil. Dizem que se uma criança aceita o doce de um adulto que não seja conhecido o homem do saco a pega e leva para vender os órgãos dela. — E eu arqueei uma sobrancelha realmente transtornado com essa lenda.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Sheikh no Brasil
Maravilhoso, amei a história. Parabéns a autora, soube prender minha atenção com comedia, ação, drama e romance na medida certa....