Um Sheikh no Brasil romance Capítulo 5

Não sabia como Seth ia encarar o que eu ia pedir para ele naquele momento, mas era algo muito importante para mim e muita coisa mudaria, muita coisa estava em jogo se eu aceitasse logo de cara. Afinal, minha mãe sequer sabia da existência de Seth na minha vida. Minha irmã então? Ainda estava em coma e eu não sabia se teria condições de conta-la sobre isso. E isso me despedaçava.

— Eu só poderia aceitar com o consentimento da minha irmã. Queria muito que ela te conhecesse e... — E as palavras pareciam sumir da minha boca, como se nunca tivessem existido. A dor me apunhalava de uma maneira que me fazia me sentir como se eu estivesse morrendo no lugar de Sofia. Aparentemente, contudo, suspirando e parecendo mais aliviado, Seth pareceu entender o que eu dizia.

— Eu compreendo. E eu não me preocupo em esperar. Por Alá, Sofia sairá do coma e então poderei pedir a sua mão em casamento para ela, não é mesmo? — Ele perguntou piscando, me fazendo corar e lembrar do fato de que estávamos sozinhos no meu apartamento e que antes de mais nada, Seth precisava me dar um tempo.

— Eu espero. — Respondo num fio de voz, pois não sei há quanto tempo venho pedindo para que ela melhore. Acrescento: — Embora Você não possa afirmar que ela sairá do coma, Seth. — Respondo amargamente, porque essa dor já dói no meu peito, já me apunhala, já me desfaz. Seth parece perceber isso enquanto nega com a cabeça.

— Não desconfie de Deus, Amira. Não há porque não confiar. Não enxergamos o que ele pode enxergar, por isso, não podemos dizer o que não sabemos. De fato, posso estar afirmando algo que não é verdade, mas Deus é bom, Amira. E irei mostra-la um dia o quão vale a pena nele confiar. — Diz Seth seriamente. Não discuto, porque só consigo em uma coisa pensar.

Se tenho tanto que confiar em Deus, porque então ele já não me mostrou ser digno de confiança? Por que está tentando levar minha irmã, minha adorável irmã, que amo tanto? Por que quer tirar o meu tesouro de mim e me fazer entristecer até o último resquício da minha alma? Eu não conseguia aceitar que ele tivesse feito isso com a minha irmã.

— Poderei estar indo contigo visitar sua irmã? — Ele perguntou parecendo ainda um pouco assustado com a hipótese de que eu desse outro não. Mas que mal haveria? Quer dizer, fora minha mãe, que seria um problema que eu teria que enfrentar depois. Mas com ela seria mais fácil. Eu arrumaria uma desculpa. Diria que Sra. Zilena pediu para Seth vir para ver se precisávamos de ajuda com dinheiro para o tratamento. Qualquer coisa assim. Ainda não era o momento de falar sobre Seth futuro algo a mais para a minha mãe. Não com coisas mais importantes como Sophia com as quais me preocupar. E outra, eu ainda sequer tinha contado de Matheus para a minha mãe. Imagina sobre um noivo árabe? Eu poderia matar a minha mãe do coração.

Acabei balançando a cabeça concordando. Não seria mal Seth ir. Mesmo que eu achasse que não houvesse a necessidade de ele ficar no Brasil esperando a melhora da minha irmã. Pensando nisso, acabei decidindo falar sobre isso:

— Seth, se Você quiser, pode ficar em Omã e quando minha irmã acordar, voltar. Eu lembro de quando trabalhava lá, o quanto Você trabalhava. E sei que Você está acumulando todo o seu trabalho ficando aqui. Não quero ser culpa disso. — Digo tentando convencê-lo a cuidar dos negócios dele. Talvez fosse perigoso andar com um Seth por aí, alvo de bandidos. Afinal, São Paulo não era o lugar mais seguro do mundo, pelo contrário, e, embora eu morasse numa área tranquila, nunca se sabia. Perto de metro, éramos sempre alvo fáceis, qualquer morador.

Seth pareceu achar graça da minha proposta, já que riu do que eu tinha proposto e se aproximava rapidamente de mim. Eu tinha esquecido por um momento o como a sua aproximação me deixava com o estomago embrulhado, as entranhas pulando, e os calafrios de um calor que subia subitamente. Seth era quase um fogo se aproximando de mim.

— Amira, eu não vou voltar. Você não vai se ver livre tão facilmente assim de mim. Eu a quero, compreende? — Ele perguntou e enquanto falava uma das suas mãos se entrelaçou por trás, pela minha cintura, enquanto outra roçava lentamente pela minha bochecha, me fazendo respirar forçosamente.

Seth se tornara um vício no segundo que o seu cheiro apimentado e amadeirado se impregnava em mim e se chocava com o meu corpo, quase a se chocar com meu desejo por ele. Algo que eu nunca tinha sentido até então.

— Compreendes? — Perguntou Seth num fio de voz, seus lábios muito próximos dos meus. Não havia pensamentos lúcidos. Só aquele homem, extremamente galanteador, que eu estava prestes a agarrar...

E da mesma forma que tinha se aproximado, Seth se afastou de mim. Ainda mais rápido. Parecia que eu tinha uma doença contagiosa, porque ele se afastou tão rápido que eu fiquei assustada, levemente perdida, tendo que dizer ao meu corpo para se acalmar que aquele era um momento impróprio para pensar em Seth.

E então comecei a me xingar por isso. Porque meus únicos pensamentos deviam ser para Sophia e não para Seth. Meus desejos não eram importantes. Somente Sophia era. E Seth, por sua vez, já foi então abrindo a porta da minha casa, saindo na frente para apertar o botão do elevador.

Só então pude perceber que não tinha o olhado com atenção. Ele estava tentando parecer o mais casual brasileiro possível. Estava com uma calça jeans larga e uma blusa de meia manga bem como um tênis. Os cabelos estavam penteados e muito bonitos e ele estava de tirar o fôlego, como ele sempre estava na maioria das vezes.

E novamente eu estava pensando em Seth em vez de Sophia.

— Gostando do que vê? — Ele me pergunta tentando fazer graça e eu o empurro com a mão, pois estou morrendo de vergonha de ele ter percebido que eu estava olhando para ele. Com um cuidado cálido, Seth beija a minha testa, me puxando na sua direção e eu não consigo dizer não enquanto fico na curva do seu pescoço, sentindo seu aroma apimentado e seu doce cheiro do qual eu estava sentindo muita falta.

Uma falta que até doía.

O elevador se fecha e eu deixo-me ser mantida nesse calor cálido dos seus braços, que me apresentam proteção.

É uma sensação tão agradável, que eu só consigo pensar em como o mundo poderia ser só isso: Os braços de Seth me protegendo de todo o mal que o mundo pode dar. Mas eu sei que as coisas não são assim. Eu sei que há muitos problemas que preciso enfrentar, uma hora ou outra.

Quando o elevador se abre, percebo que continuamos nele. Seth está de olhos fechados e por alguns segundos fica assim. Quando os abre, há uma nítida tristeza estampada nele e ele logo me compartilha porque:

— Gostaria de que pudesse sentir o seu perfume para sempre. Mas temos que ir. — E então eu rio enquanto comento:

— Vai pegar metro comigo? — Pergunto e Seth franze o cenho enquanto parece pensar de onde eu tirei essa ideia maluca. Novamente, ainda mais agora que Seth está sob roupas casuais, eu quase imaginei que ele pudesse ser de um mundo parecido comigo. Mas Seth não é, ainda que eu tenha esquecido por alguns segundos.

— Infelizmente, ou talvez felizmente, amira, não. Meus guardas nunca permitiriam. As ordens são claras para me protegerem. No metro a dificuldade para isso aumenta. — Ele responde como se quisesse deixar claro para mim o porquê isso não seria possível. Eu só assinto. Não consigo deixar de pensar nas nossas diferenças sociais. É algo gritante.

— Você pensa demais, Ag. Relaxe um pouco. Ou Você quer que eu te relaxe? — Pergunta Seth enquanto arqueia uma sobrancelha da maneira mais cafajeste possível. Não consigo deixar de corar, pega de surpresa por suas palavras.

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