Minha consciência ia e vinha, se perdendo no que aconteceu e temendo encontrar o monstro de olhos vermelhos.
Revivi memórias dos dias anteriores em que eu caminhava em direção ao escritório da alcatéia segurando uma bandeja de bebidas com toda a minha força.
Sentia que poderia desabar a qualquer momento, mesmo assim tentava fazer o meu trabalho para que nada desse errado. Por que se isso acontecesse seria o meu fim.
- Sirva e saia, sua coisa imunda. – a voz autoritária do alfa Alexander ressoou pela sala.
Deixei cada copo de bebida na frente de cada convidado, alguns deles não disfarçavam sua devassidão e me tocavam, enfiando a mão por baixo do meu vestido gasto.
O conselho das matilhas começou, e eu saí o mais rápido que pude daquela sala. Quanto mais tempo ficava perto deles, mais chances teria de ser um alvo.
Fechei a porta atrás de mim, com um suspiro silencioso.
- O que está fazendo aí parada, seu pedaço de merda inútil?! – abaixei a cabeça imediatamente ao ouvir a voz da Luna Celeste. Ela não tolerava que uma empregada olhasse diretamente em seus olhos.
- Eu..eu acabei de servir as bebidas, Luna. – respondi hesitante.
A surra que levei de manhã pelas mãos de Celeste ainda estava causando estragos. Eu não me curava como os demais lobos, eu era uma falha em todos os sentidos.
Senti o tapa cortar meu rosto, mesmo assim não levantei meu rosto. Agarrada a bandeja, eu só pensava em correr para a cozinha onde ficaria longe das vistas de todos eles.
- Acha que não sei o que você faz em todo conselho? – Celeste agarra meu cabelo puxando com toda força. – Você se oferece para os outros alfas como a m*****a sem vergonha que você é.
Ela me jogou no chão, chutando minhas costas esqueléticas. Arfei de dor, uma das minhas costelas estava quebrada a dias, resultado da última vez que me deparei com o alfa sozinha.
- Essas suas artimanhas não vão funcionar. Todos os nossos aliados sabem que você é amaldiçoada. Eles sabem o que você fez, o que acontece com todo mundo que chega perto de você. Ninguém seria estupido o suficiente para se aproximar de uma coisa dessas.
Celeste estava certa, eu era uma órfã amaldiçoada. Cresci vendo as pessoas que tentavam se aproximar de mim morrerem sem motivo algum.
Meus pais morreram quando eu tinha apenas quatro anos, e não me lembro de nada. Mas o que me disseram é que eu mesma os matei quando a maldição foi ativada.
Todos que tentaram cuidar de mim depois disso, ficando muito tempo sob o mesmo teto que eu, morreram. E eu me acostumei com o rótulo que eu tinha na minha alcatéia. A Escrava amaldiçoada.
As imagens mudaram…
Era uma voz masculina. Disso tinha certeza.
- Como ela se chama? – ele perguntou para alguém.
Não houve resposta, mas por alguma razão eu sabia que já tinham dito o que ele queria saber. Um calafrio percorreu minha espinha, eu encolhi em uma bola. Esperava pelo meu fim nas mãos desses monstros.
O carro parou repentinamente. As portas se abriram, e eu fui pega novamente. Desta vez senti o vento da noite com maior intensidade. Um pequeno percurso e logo eu percebi que estavam subindo escadas.
Barulho alto de um motor potente, diferente de um carro ou caminhão. Me sentaram em uma cadeira macia e algo prendeu meu corpo nela.
O cheiro estranho inundou minhas narinas, eu senti a respiração de alguém bem próximo ao meu rosto. Não era como a dos lobos que estavam sempre farejando o ar, também não era como a dos humanos.
A presença se afastou, e eu soltei o ar que estava prendendo.
- Abra os olhos. – a ordem foi proferida, e imediatamente meus olhos se abriram contra a minha vontade. – Olhe para mim.
Novamente eu não tinha controle sobre meus movimentos. Minha cabeça se levantou, e nesse momento encontrei a imagem mais bela e mais aterrorizante que eu poderia imaginar.
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