MARCUS
Na noite anterior, nós nos despedimos de Ethan. Ele assegurou que o veríamos novamente assim que Olivia decidisse retornar e insistiu para que não o seguíssemos nem tentássemos descobrir para onde ia. Eu desejava fazer exatamente isso, embora, ao mesmo tempo, reconhecesse que Olivia precisava de espaço para se acalmar. Ainda assim, entreguei-lhe uma carta, pedindo que a levasse até ela.
Em seguida, fui ao hospital e passei a noite inteira servindo de pai canguru para minha recém-nascida. A menina continuava sem nome, vinda ao mundo em uma família despedaçada. Jamais quis que ela descobrisse ter sido a razão do afastamento de minha esposa. Preferia acreditar que os verdadeiros culpados eram aquelas pessoas cruéis que provocaram toda a tragédia.
Mas como eu lhe explicaria que se passavam dias, e talvez se transformassem em meses, sem que recebesse um nome, apenas porque eu desejava que sua mãe fosse quem a batizasse? Se Olivia o fizesse, significaria que aceitara minha filha como sua. Ela podia não me querer de volta, e isso não me importaria, contanto que a criança tivesse uma mãe. Entretanto, perder Olivia continuaria a me ferir.
Eu não queria que, algum dia, minha filha se perguntasse por que não tinha mãe ou por que não era amada e desejada. Almejava que crescesse feliz, e dinheiro algum poderia comprar isso. Dinheiro não compra uma mãe, tampouco o amor materno.
— Senhor, posso pegar o bebê agora? Está na hora da mamada. — Era a enfermeira.
Elas me despertavam a cada duas horas para alimentá-la, conferir seus sinais vitais e assegurar-se de que tudo estava bem. A enfermeira a afastou com cuidado do meu peito, sentou-se na outra poltrona e começou a alimentá-la.
Observei cada movimento, decidido a aprender tudo, pois logo teria de assumir cada tarefa sozinho. Só de imaginar isso, meu coração se partia. Alguns poderiam supor que eu desejava minha esposa de volta apenas para delegar-lhe os cuidados da bebê.
Estariam redondamente enganados. Quando Ethan sugeriu essa possibilidade e se recusou a levar a carta até Olivia, senti-me arrasado. Nick acabou persuadindo-o, mas somente sob a condição de que não tentaríamos encontrá-los.
Concordamos, embora eu ansiasse pelo retorno de minha esposa. Não queria importuná-la nem que se sentisse coagida a voltar antes de estar pronta. Apesar disso, a saudade deles me consumia. Samuel e aquele sorriso travesso. Eles faziam uma bagunça enorme à hora do jantar, e a casa soava barulhenta naquele tempo. Depois que partiram, reinou o vazio. Já não era um lar.
A enfermeira trocou a fralda da bebê e anunciou que a recolocaria na incubadora. Eu não queria sair dali, mas ela garantiu que cuidaria de minha filha enquanto eu tomava banho, me trocava e comia algo. Chegou a sugerir que eu dormisse, porém, o sono não viria de qualquer maneira. Hesitei em deixar o hospital, mas acabei saindo.
Olivia e eu costumávamos nos revezar nesses momentos. Contudo, o idiota do marido dela a expulsara de casa. Balançando a cabeça, entrei no carro e parti. Ao chegar, permaneci sentado no veículo, refletindo em quantas vezes Olivia devia ter feito o mesmo: ficar na garagem, temendo atravessar a porta da casa que um dia chamou de lar, receosa de encontrar aquela mulher dando ordens e o próprio marido obedecendo-as sem questionar.


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