Vingança Após o Divorcio romance Capítulo 222

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MARCUS

Eu percebia a raiva estampada no rosto de Luke, mas aquilo não importava. Um sorriso surgiu em meus lábios, não por algo que ele tivesse feito, e sim pelo simples fato de ele estar ali. Pouco me importava o quão intimidador ele parecia, fitando-me do outro lado do quarto. Eu me sentia feliz por sua chegada, aliviado porque minha esposa não mudara de ideia e, acima de tudo, grato porque minha filha logo estaria nos braços da mãe.

A irritação de Luke não significava nada naquele instante. Que valor tinha a cólera dele diante da alegria que me inundava só porque ele aparecera? Eu reconhecia meu próprio egoísmo, porém agora era pai e minha filha necessitava de uma mãe, e ninguém era melhor do que Olivia, filha de Luke e minha esposa. Ambos almejávamos o melhor para a nossa garotinha.

Luke precisaria perdoar esse meu egoísmo e encontrar um modo de assumir o papel de avô da filha que Olivia teve comigo. Ele avançou pelo quarto em passos deliberados, calculados, como se se aproximasse de um inimigo ou caçasse uma presa sem alertá-la da presença dele, o que chegava a ser cômico, pois todos podiam vê-lo.

Quando enfim parou diante de mim, percorreu o ambiente com o olhar. Notei que procurava a bebê, adormecida sobre o meu peito. Como ele não perguntou por ela, resolvi lhe mostrar. Assim que afastei o lençol, ele deu um passo atrás, quase como se tivesse levado um susto ou temesse o que via. Perguntei-me se ela o intimidava tanto assim. Será que Nick tinha razão ao chamá-la de rato?

— Acho que essa coisa não deveria sair daqui. Pode nem sobreviver. — Disse Ele, recuando vários passos, com a voz marcada por incerteza.

O lobo mau, o vovô Luke, praticamente batia em retirada, esforçando-se para esconder o quanto estava abalado. Era difícil não rir: aquele homem, que nada temia, recuava diante de um bebê minúsculo.

Vê-lo assim foi, sem dúvida, inesperado. Nick não suportou e explodiu em gargalhadas, segurando o estômago enquanto se curvava. Eu precisei conter o próprio riso, pois ainda estava em maus lençóis com Luke.

— Se eu soubesse que o rato ia deixar você desse jeito, teria demorado para me arrumar em casa. — Zombou Nick, ainda rindo.

— Ora, eu podia ter cozinhado e comido ele em vez de ter corrido para cá.

Luke lançou um olhar fulminante para Nick, mas foi em vão. Nick tinha razão: o homem estava com medo.

— Nick, pare de ser palhaço e deixe os médicos examinarem ela. Todo mundo para fora, agora!

Luke bradou a ordem, claramente com dificuldade para se referir à minha filha.

Quanto a mim, eu enxergava apenas um ser humano diminuto, uma criaturinha perfeita. Apesar disso, mal podia esperar que ela crescesse e passasse a exigir tudo de Luke. Eu sabia que ela o teria na palma da mão, e ele não conseguiria escapar.

Nick e eu permanecemos na enfermaria enquanto os médicos, tanto os que Luke trouxera quanto os do hospital que vinham cuidando da minha filha, se reuniram ao redor. Eles a pegaram de mim com cuidado e a colocaram na cama para iniciar o exame.

Mesmo assim, algo estava errado. Não gostei da maneira como alguns médicos pareciam rudes com ela. Ela era tão pequena, tão frágil... Como a podiam tratar com tamanha displicência? Nick já precisara me segurar duas vezes, quando quase saltei sobre um deles por ser bruto demais.

— É melhor deixar esses médicos fazerem o trabalho deles se você quiser que aprovem a saída dela. Caso contrário, pode dar adeus ao sonho de vê-la criada por Olivia. — Disse Nick, e eu detestei admitir que ele estava certo.

Eu me acostumara ao Nick de antigamente, impulsivo, aquele que vivia cometendo erros; essa versão racional e sensata ainda era novidade.