Júlia
Por essa eu não esperava. Penso quando chego aos portões largos e encontro a quietude na entrada do casarão. Nada de operários. A obra quase finalizada está parada e me pergunto onde ele está agora? Fito as rosas vermelhas se balançarem ao vento e me forço a dar alguns passos pela longa passarela de concreto, até encontrar o gazebo decorado com as flores que eu escolhi no dia anterior. Estou com vontade de chorar, mas quero sorrir também. No entanto, puxo a respiração e me forço a continuar. Algumas cadeiras ornadas com tules entram no meu campo de visão e em seguida, algumas pessoas que eu conheço.
— Júlia? — Uma voz masculina me faz olhar para trás e pressiono os lábios quando o seu olhar vagueia de cima a baixo pelo vestido de noiva, parando bem no meu rosto.
— Paco? — Ele força um sorriso pequeno e sem graça.
— Nossa, você está linda! — Apenas suspiro baixo e olho rapidamente para trás.
— Ah, obrigada!
— Aquele cara ali no altar é um homem de muita sorte. — Forço um sorriso de boca fechada. — Eu quero dizer que espero que seja muito feliz nesse casamento.
— E… eu desejo o mesmo para você, Paco. Desejo que encontre alguém que te ame de verdade e que te faça muito feliz.
— Quem sabe? — Paco sorri, mas é um sorriso fraco e sem graça. — Será… que eu posso abraçar a noiva? Em… despedida.
— É claro.
— Vem cá, pequena. — E logo os seus braços me envolvem, e na sequência sinto um beijo cálido nos meus cabelos. — Eu fui um grande babaca com você e com a Melissa. Pensei que te amar era o suficiente para nós dois, mas no fundo, nunca seria. Você merece mais, Júlia. — Então ele se afasta. — Enfim, eu… vim para me despedir.
— Se despedir?
— Recebi uma proposta de sociedade irrecusável em Nova York.
— Oh!
— Pois é, está na hora de trilhar o meu próprio caminho.
— A Melissa já sabe? — Ele faz um não como resposta.
— Você que eu odeio despedidas.
— Bom, nesse caso, desejo boa sorte, Paco.
— Seja feliz, Júlia e ponha juízo na cabeça da Melissa. — Sorrio outra vez. — Ela é meio maluca, mas é a melhor pessoa desse mundo. — O silêncio se instala entre nós. — Adeus, Júlia!
— Adeus, Paco!
E quando ele se vai, me viro para encarar o meu futuro. Contudo, após dar alguns poucos passos para dentro do jardim um som instrumental começa a tocar, chamando a atenção de todos para mim. Entretanto, os meus olhos estão fixos no homem em pé diante de um pequeno altar improvisado. Nossos olhos estão conectados de uma forma que é difícil desviá-los e antes de seguir ao seu encontro, Alex surge bem na minha frente.
— Você está parecendo uma princesa, mamãe. — Ele fala e nossa, ele está tão lindo dentro de um fraque negro!
— Obrigada, meu amor! E você está igual a um lindo príncipe.
— Você pode me dá a sua mão para que eu te leve até o meu pai?
Meu coração para uma batida.
— O seu… pai?
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