Álvaro
— Senhora Abravanel, o jantar já será servido. — Lídia, nossa empregada avisa no mesmo instante que a campainha começa a tocar outra vez. Entretanto, troco olhares com a Melissa e dou de ombros.
— Deixe que eu atendo a porta — digo e ela assente.
— Está esperando mais alguém para essa noite? — David procura saber.
— Não. Deveria ser somente nós — ralho e quando a campainha fica insistente, resolvo ir abrir a porta de vez. Contudo, o meu sorriso feliz se desfaz ao abri-la quando encontro a minha irmã caçula em pé na minha frente, segurando algumas sacolas e ela abre aquele sorriso que diz: surpresa!!!
— Nique? — Praticamente me engasgo.
— Oi! — Ela cantarola. — Feliz natal, irmãozinho! — Então ela me abraça do jeito que pode. Entretanto, estou ainda mais surpreso ao perceber a sua barriga protuberante, vestida com uma bata de grávida e um casaco de lá grossa por cima dela. — Não vai me convidar para entrar? — Desperto do meu estado de torpor com essa indagação e volto a encará-la.
— É que… eu… estou com visitas.
— Ótimo! Imagino que tia Valery também está aqui.
Balbucio.
— Sim, ela está.
— Mas isso é perfeito!
— Pronto, querida, peguei. — Uma voz masculina diz, surgindo atrás dela e encaro um par de olhos castanhos escuros.
— Ah, esse é o Paco… meu marido.
… Meu marido.
Que porra é essa? Exaspero mentalmente.
— Seu… marido? — Nique abre um sorriso gigante, acenando um sim com a cabeça.
— Ah, e você vai ser titio. — Ela leva uma mão para a barriga avantajada e os meus olhos acompanham esse gesto.
— Quem é, Ursinho? — A voz de Melissa cantarola atrás de mim. — Oh! — Ela sibila, fitando o casal nada provável.
— Oi, cunhadinha! — Nique age com uma naturalidade impressionante.
— Oi, Melissa! — Paco parece desconcertado.
— Oh… ah… oi! — Melissa não sabe ao certo o que dizer. Entretanto, ela encara a barriga da minha irmã e diz o óbvio. — Você está grávida.
— De sete meses.
— Oh! Isso é… maravilhoso… eu acho.
— Então, podemos entrar, ou…
Trocamos olhares outra vez.
— Está frio e… está nevando também. — Mel titubeia. — É claro que podem entrar! — Lanço lhe um olhar repreensivo, mas ela rebate com um olhar que diz; o que quer que eu faça?!
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Proposta do Sr. Bennett