Júlia
… Está na hora da família Bennett conhecer a minha noiva.
Cada vez que penso nessas palavras sinto o meu interior se estremecer. O que David Bennett pretende com tudo isso? Quer dizer, tudo não passa de um jogo, certo? Uma história inventada, uma fantasia que logo chegará ao fim. Pensar nisso me deixa angustiada, porque por algum motivo eu não quero chegar no final. Lembrar que David finalmente derrubou parte dos seus muros para me deixar entrar aquece o meu coração e naquele instante eu conheci outros Davids. O David misterioso e sombrio. O David carente e quebrado. E o David doce, e carinhoso. Uma junção de personalidades partidas em mil pedaços, mas quando todas essas suas partes se uniram conheci a sua intensidade.
Uma batida na porta do meu quarto me desperta dos meus devaneios e eu encaro a governanta através do reflexo do espelho.
— O Senhor Bunnett e o Senhor Alex já a aguardam na sala, Senhorita Ricci. — Lucy avisa com seu tom sério de sempre.
— Obrigada, Lucy!
A doce senhora acena sutilmente para mim e sai, fechando a porta em seguida. Solto um suspiro de pura ansiedade enquanto fito o vestido de alcinhas com um cumprimento na altura dos meus joelhos. Portanto, pego a minha bolsa a tira colo e saio do quarto praticamente escutando as batidas do meu coração dentro dos meus ouvidos. E quando chego no topo da escadaria, percebo o meu filho resfolegar, unindo as suas mãos na frente do seu corpo, enquanto os seus olhos revelam um lindo brilho esfuziante.
— Mamãe, você está linda! — Ele diz sem conter a sua empolgação.
A sua animação chama a atenção do homem imponente e elegante que está de costas. Então Bennett se vira e os nossos olhos se conectam. Eu não havia percebido, mas a sua presença é capaz de abalar toda a minha estrutura e ela rouba o meu ar me fazendo ansiar por estar perto dele. Portanto, começo a descer os degraus sobre o seu olhar tão intenso quanto avaliador e à medida que me aproximo dele, percebo o meu coração bater mais forte dentro do meu peito.
— Você está linda, Júlia! — David fala sem desviar os seus olhos dos meus.
— Obrigada! — sussurro e sem conseguir me conter, os meus olhos descem para a sua boca e me pego ansiando por seus beijos.
Não pode ser! Penso completamente apavorada em meu íntimo. Não posso me apaixonar por esse homem. Não por um homem que não aceita ser amado.
— Vamos? — David me oferece o seu braço e com um sorriso, enlaço o meu braço no seu, enquanto ele segura na mão do meu filho para sairmos.
Como uma família. Céus, eu sonhei tanto com isso para o Alex!
No entanto, à medida que o carro percorre o asfalto começo a me perguntar se estamos fazendo a coisa certa? Conhecer a família de David Bennett é criar mais um laço forte entre nós dois. E depois? Olho para o Alex que parece empolgado com esse jantar de aniversário, enquanto ele abraça com carinho uma caixa embalada para presente. Um afago na minha mão me desperta desses pensamentos assustadores e Bennett beija calidamente a lateral da minha cabeça.
— Você parece preocupada. — Ele comenta baixo demais. Contudo, não lhe respondo, apenas respiro fundo, enquanto fito o lado de fora através da janela. — Não precisa ficar preocupada, querida.
Querida. Santo Deus, é tão bom ouvi-lo falar assim!
— Eu tenho certeza de que a Mary vai te amar assim que pôr os seus olhos em cima de você. E a Lina você já conhece.
— Me fale sobre o seu pai outra vez? — peço um tanto tensa.
— John Bennett é um homem sensato, Júlia. E quando ele te conhecer melhor saberá que você é uma garota especial. E a Mary, ela é o meu porto seguro. — Ouvi-lo dizer isso me faz fitá-lo.
— Seu… porto seguro?
— Ela fez por mim o que a minha mãe não foi capaz de fazer. Então, eu a tomei como minha mãe também. E você vai amar conhecê-la.
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