Anjo Protetor romance Capítulo 7

A estrada parece mais longa hoje do que o habitual, constato. Porém, sei que essa fadiga e impaciência é devido ao cansaço por causa do longo plantão que tive no Centro Médico.

Passo uma mão pelo rosto para espantar o sono que quer me dominar. Apesar de estar dirigindo devagar pela estrada, resolvo parar um pouco, mesmo estando a alguns minutos da minha cabana. Sei que deveria ter parado para tomar um café antes de ir para casa, mas o desejo de chegar logo no meu paraíso particular foi mais forte que qualquer coisa.

Paro o jipe no acostamento e passo mais uma vez as mãos pelo rosto tentando despertar quando, de repente, um som estranho corta o silêncio. É algo parecido com um gemido de dor. Olho ao redor para ver se há algum animal ferido por perto, mas não vejo nada, então decido sair do carro a fim de procurar melhor, apesar de saber que estou me ariscando muito, pois o gemido pode ser de algum animal perigoso.

Caminho um pouco à frente do carro, olhando para todos os lados, sem conseguir identificar nada, porém, andando um pouco mais, ouço outro gemido e é, então, que consigo enxergar um pé sobre um monte de folhas secas. Apresso-me até a pessoa caída no meio do mato e coberta de folhas.

Ao chegar lá, ajoelho-me ao lado do corpo e vou tirando as folhas de cima da pessoa, e é aí que meu espanto é enorme ao identificar a freira que vi ontem, a filha do meu amigo Dr. Evans, Melanie. Ela está quase inconsciente, com muito sangue por toda sua roupa. Fico de pé e pego-a nos braços, sem muito esforço, levando-a até meu carro.

─ Aguenta firme! Já já estaremos no Centro Médico e você ficará boa. ─ Sussurro para que ela consiga me ouvir e não desista de lutar.

─ Não! Hospital não, por favor! ─ Ela consegue dizer em um sopro, mas devido ao esforço, desmaia.

Não sei o que faço agora, pois se não a levar até o Centro Médico ela poderá morrer porque perdeu muito sangue. Em contrapartida, ao ouvir que a levaria para o hospital, ela entrou em pânico se debatendo, com o pouco de força que ainda lhe restava.

Coloco-a sobre o banco do passageiro e, após sentar no banco do motorista, observo seu rosto pálido e a quantidade gigantesca de sangue sobre sua roupa de freira. Decido levá-la para minha cabana, pois sei que lá poderei cuidar dela, não com os recursos que, com certeza, teria no Centro Médico, mas no momento o mais importante é tentar salvá-la. Com este pensamento na cabeça, ligo o carro e dou partida em alta velocidade para tentar chegar o mais rápido possível ao meu lar.

Alguns minutos depois estaciono bruscamente em frente à cabana, desço rapidamente e circundo o jipe para pegá-la nos braços do outro lado do carro. Com ela em meu colo, abro a porta e, imediatamente, sigo até meu quarto, depositando-a sobre a cama. Volto até o carro novamente para pegar minha maleta e, com ela em mãos, chego ao quarto preparado para fazer de tudo para salvar a menina.

Lavo as mãos rapidamente e volto ao quarto, abro a maleta e pego uma tesoura para cortar a roupa que cobre seu ferimento, pois preciso ver a gravidade para ter uma dimensão do estrago. Após livrar seu corpo da vestimenta, examino-a e percebo que ela foi ferida de raspão no ombro direito e, pelo formato do ferimento, constato que foi uma bala que a atingiu. O que me deixa bastante intrigado mas, sem tempo para refletir sobre o assunto, decido questioná-la quando ela despertar.

Começo a limpar a ferida para depois esterilizar o local, em seguida dou alguns pontos e após concluir a sutura, faço um curativo. Cubro seu corpo e sento-me na poltrona ao lado da cama observando seu sono. Continuo intrigado pelo fato de saber que ela tenha sido baleada, além do fato de encontrá-la desmaiada no meio da floresta. Então, um pensamento aterrorizante me passa pela cabeça: como a encontrei logo cedo desacordada no acostamento da estrada, com toda certeza ela deve ter estado naquele local desde o dia anterior.

─ Porra! Ela poderia ter sido devorada por algum animal selvagem. ─ Passo as mãos freneticamente pelo rosto e cabelo.

Decidido a não pensar mais, levanto-me e vou até o banheiro tomar uma ducha. Cogitei a ideia de ir até a cachoeira nadar um pouco para tirar o estresse, mas na mesma hora desisti, pois não é bom deixar a menina sozinha na situação em que se encontra. Entro no banheiro, retiro toda a roupa e me enfio debaixo do jato de água quente.

Após o banho, vou de toalha até o guarda-roupa, pego uma calça de moletom e uma regata branca, mas ao fazer o caminho de volta para o banheiro a fim de me trocar, paro e observo a garota sobre minha cama, ainda dormindo. Meus olhos pousam sobre o rosto angelical, a pele morena imaculada.

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