Era segunda-feira, 19h em ponto.
Helen se olhava no espelho com as mãos na cintura e uma expressão incerta. Trocou de roupa três vezes. Primeira tentativa: jeans e blusa leve, “chata demais”. Segunda: vestido preto colado, “sedutora demais para uma noite entre amigas”. Terceira e última: saia jeans, bota curta e uma blusa vinho ombro a ombro. Um ponto de equilíbrio entre estilosa e pronta pra dançar no balcão se Zoe provocasse o suficiente.
— Pronta, senhorita Carter? — Zoe apareceu na porta do quarto com um sorriso de orelha a orelha, batendo os saltos no chão como uma diva em desfile.
Helen riu, pegando a bolsa.
— Isso é uma noite entre garotas ou um desfile da Victoria 's Secret?
— Minha filha, se a gente não causar, nem vale sair. Cadê a Tânia?
— Estacionando. Mandou áudio dizendo que está “com fogo nos quadris e sede de confusão”.
Zoe abriu os braços em celebração.
— Já amo a vibe da noite!
As três se encontraram no saguão do prédio com o entusiasmo de quem precisava de uma fuga. Tânia, com seus cachos loiros presos num coque bagunçado e batom vermelho estonteante, chegou dizendo:
— Se eu não dançar hoje, vou chorar em público. Eu imploro: tequila ou karaokê, mas salva minha alma!
— Que tal os dois? — Zoe sugeriu, já chamando o carro pelo aplicativo.
Helen riu, entrando com elas no carro. O motorista, um senhor simpático, as cumprimentou:
— Noite de festa?
— Noite de exorcismo! — Tânia respondeu. — Vamos tirar o tédio da segunda-feira à força!
Zoe virou-se para Helen, maliciosa:
— E então, senhorita “estou casada mas ainda sou fogosa”, como está o ogro do meu irmão?
Helen sorriu, com os olhos brilhando.
— Um perigo.
— Detalha, minha filha — Tânia se intrometeu. — Porque a Zoe já me contou a história do cinema e eu ainda tô tentando entender como vocês não foram presos.
— Zoe contou?!
— Eu mandei em áudio! — Zoe se justificou. — Foi educativo!
Helen cobriu o rosto.
— Vocês são impossíveis.
— E você é minha heroína. — Tânia disse. — Quase tive um orgasmo só de ouvir a narração. Mas me conta, amiga… ele já falou?
— Falou o quê?
Zoe e Tânia responderam em coro:
— “Eu te amo”, Helen!
Helen sorriu com os olhos, deixando escapar um suspiro que denunciava mais do que as palavras.
— Sim, ontem a noite.
— MENTIRA E VOCÊ NEM ME DISSE? — gritou Zoe escandalosa.
— Eu queria contar pessoalmente.
— E o que sentiu? — perguntou Tânia com os olhos marejados,
— A mulher mais feliz desse mundo!
— Amiga, você encontrou o tipo de amor que transforma. E o Ethan… bem, ele se entregou mais do que jamais imaginei. Quando ele te olha, é como se o mundo parasse. — disse Zoe com os olhos marejados.
— Vocês estão emocionadas demais — Tânia disse. — Cadê o álcool? Eu preciso de álcool!
O carro parou em frente ao “La Rosa Noturna” , um bar-balada com drinks coloridos, pista de dança e um pequeno palco para karaokê. As luzes de néon piscavam na fachada, e a fila de entrada já dava sinais de uma segunda-feira animada.
— Esse lugar tem cheiro de confusão — Zoe disse, descendo do carro com elegância.
— Então é aqui mesmo — Tânia respondeu, puxando Helen pela mão.
Entraram no bar como um trio invencível. Logo foram reconhecidas por um garçom que Tânia claramente conhecia.
— Mesa no camarote de sempre, senhoritas? — ele perguntou com um sorriso cúmplice.
— Claro, querido — Tânia piscou. — Hoje a gente veio dançar, beber e talvez cometer alguns pecados leves.
A mesa era perfeita: visão para o palco, drinks liberados, almofadas confortáveis. Em poucos minutos, três tequilas estavam servidas e Tânia ergueu a dela.
— Às mulheres que amam, que se fodem, que se erguem e ainda assim fazem o marido gozar só com um toque!
Helen engasgou.
— Zoe! — gritou, rindo.
— Saúde! — Tânia berrou, virando a dose com destreza.
Helen hesitou, mas então brindou também. Era sua primeira noite entre amigas desde que se casou. E sentia-se viva.
Ao chegar em casa, Helen tirou os sapatos e suspirou, sentando no sofá. Os risos ainda ecoavam. E o coração… estava cheio.
A porta do quarto se abriu devagar. Ethan apareceu, com os cabelos bagunçados, usando apenas uma calça de moletom.
— E aí, fugitiva? — ele disse, sorrindo ao vê-la.
— Oi, ogro.
— Bebeu?
— Rimos até chorar. Eu cantei no karaokê.
— Helen Carter cantando? Eu perdi isso?
— Mas Zoe filmou. Então você vai ouvir minha vergonha.
Ethan se aproximou, abaixou diante dela e segurou seu rosto.
— Eu senti sua falta.
— Eu fiquei fora por quatro horas.
— Tempo demais pro meu coração.
Ela riu, se inclinando para beijá-lo.
— Sabe… as meninas acham que você já me ama.
— Acham?
— E eu também.
— Você sente isso?
Helen assentiu, emocionada.
— Então está tudo certo. Porque amar você, Helen, é inevitável.
Ela fechou os olhos por um segundo. E então sussurrou:
— Eu também te amo.
E enquanto o mundo lá fora ainda girava entre tequila, karaokê e confissões, ali dentro… o amor era silencioso, mas definitivo.
E a noite das garotas? Ah, essa foi só a primeira de muitas.

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