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Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu romance Capítulo 110

Os dias tinham perdido a cor.

Helen caminhava como quem não queria ser vista, como se o mundo ao redor fosse feito de vidro rachado, qualquer passo em falso, e tudo se estilhaçaria. O tempo nublado da cidade costeira onde havia se refugiado parecia ter se sincronizado com o que havia dentro dela. Era como se o universo soubesse: ela não suportava mais ver o sol.

Chegou à cidade sem avisar ninguém. Alugou um quarto pequeno nos fundos de uma pousada discreta, onde o silêncio era um velho companheiro. Só o som das ondas ao longe e os rangidos da madeira velha do piso a acompanhavam. Não havia chamadas, não havia respostas. O celular estava desligado desde o táxi da fuga, quando as lágrimas não paravam de cair e a respiração doía no peito.

Ela não sabia para onde estava indo, só sabia que precisava sair dali. Longe de Ethan. Longe daquela imagem que a assombrava desde a noite anterior.

Ethan na cama, nu com Miranda deitada em seus braços.

Ela queria gritar que era mentira, mas a dor era tão cortante, tão real, que as palavras morriam na garganta. Tinha voltado mais cedo da viagem para surpreendê-lo. Chegou com flores na mão, um sorriso no rosto e o coração pulsando de saudade.

Mas foi ela quem foi surpreendida e desde então, só restava o vazio.

***

Na manhã do terceiro dia, Helen saiu para caminhar. Vestia uma calça de moletom, um casaco leve e o cabelo preso de qualquer jeito. O rosto continuava abatido. A boca, sem batom, os olhos… haviam perdido o brilho.

Enviou apenas uma mensagem para a irmã dizendo que estava bem, mas que precisava de um tempo sozinha. Sabia que estava sendo injusta com Zoe, mas não queria nada que lembrasse Ethan. Pediu apenas para Melissa avisar a Zoe e Tânia que ela estava segura.

Encontrou uma cafeteria simples numa rua pouco movimentada. Pediu um cappuccino e se sentou num canto, próxima à janela, observando as gotas de chuva se acumulando no vidro.

As pessoas passavam lá fora, vidas que continuavam, sorrisos de desconhecidos. Casais de mãos dadas, jovens com fones de ouvido, crianças pulando em poças de água. E ela ali… estagnada.

Pegou o celular, hesitante.

A tela ainda mostrava a última mensagem de Ethan, que ela não teve coragem de apagar.

“Por favor, amor… foi uma armadilha. Me ouve. Eu nunca… nunca te trairia.”

Helen apertou o botão e bloqueou a tela. Não conseguia lidar com mais palavras. Pagou a conta, agradeceu ao atendente com um aceno leve e saiu.

A chuva fina havia cessado, mas o ar continuava denso, úmido. O vento trouxe um arrepio que não era apenas físico. Ao dar dois passos fora da cafeteria, sentiu o estômago revirar e parou levantando a mão até a boca e sentiu o mundo girar, as pernas falharem e o corpo começou a ceder.

— Ai…

Tudo ficou embaçado. Os ruídos distantes se tornaram um zumbido abafado. A visão escureceu por um instante. E antes que o chão a recebesse, ela sentiu braços fortes, firmes e protetores envolvendo sua cintura.

— Ei! — uma voz masculina disse, rouca, preocupada. — Helen?

Ela tentou abrir os olhos, confusa. Sentia o rosto quente, o corpo trêmulo, mas a voz… aquela voz… Quando finalmente conseguiu levantar o rosto, os olhos dela encontraram os dele.

Intensos, profundos, assustados e familiares.

— James? — sussurrou, num fio de voz.

O homem a sustentava com um dos braços nas costas e a outra mão em seu braço, como se ela fosse algo precioso demais para cair.

— Está bem. Você não precisa falar agora, mas não vou te deixar sozinha.

Ela fechou os olhos por um instante e um tremor atravessou seu corpo.

— Eu pensei que nunca mais te veria — murmurou.

James sorriu de leve.

— Eu nunca fui embora de verdade, Helen.

Houve um silêncio entre eles.

Não constrangedor, mas carregado de algo antigo, familiar, quente.

James afastou uma mecha do rosto dela e disse com gentileza:

— Vem comigo. Você precisa descansar.

Ela não resistiu e aceitou sua mão estendida. E, pela primeira vez em dias, Helen permitiu que alguém a guiasse novamente para longe da dor.

Mal sabia que aquele reencontro traria à tona muito mais do que lembranças.

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