Zoe chegou no apartamento de Miranda como um furacão. Não disse umas verdades a ela no dia que encontrou ela com o irmão porque pensou que Ethan tinha sido um escroto com a cunhada, mas agora sabendo de toda a verdade, não ficaria mais calada. Aquela vagabunda iria ouvir tudo o que estava entalado na sua garganta.
Passou pelo porteiro sem dizer nada e subiu até o seu andar. Quando saiu do elevador, caminhou até a porta do seu apartamento e sorriu ao ver que Miranda acabava de abrir a porta. Zoe não esperou convite, não pediu licença, simplesmente invadiu.
— Mas o que…
Os saltos ecoaram sobre o chão de mármore como trovões, e o olhar fulminante deixava claro: não havia espaço para sorrisos falsos ou ironias.
Miranda, vestida com um robe de seda branco, os cabelos impecavelmente soltos e a taça de champanhe na mão, a observava com desdém do outro lado da sala. Parecia que já esperava por ela.
— Veio me bater, Zoe? — perguntou, com um sorriso torto. — Ou só dar o sermão de irmãzinha perfeita?
Zoe fechou a porta com força.
— Vim te dar o que você merece.
— E o que você acha que eu mereço? — Miranda ergueu a taça e bebeu, teatralmente.
Zoe se aproximou devagar, como uma leoa pronta para o ataque. Os olhos ardiam, sua voz, porém, saiu fria e controlada.
— A verdade. Mas eu conheço você, Miranda e sei do que é capaz!
— Que drama. — Miranda riu, dando um giro com a taça na mão. — Isso tudo por causa de uma noitada entre adultos? Sua cunhadinha chorona fugiu, e agora vocês querem um vilão pra colocar a culpa?
Zoe se aproximou até que os rostos quase se tocassem.
— Isso tudo por causa da sua doença. Do seu veneno, da sua obsessão. Você drogou meu irmão armando aquela cena nojenta. Fez a Helen achar que foi traída e tudo isso… não foi por amor. Porque você nunca amou o Ethan, não é?
O silêncio que caiu foi mais pesado do que qualquer grito. Miranda sustentou o olhar. E então… riu baixo, em tom de deboche.
— Amor? — repetiu, num sussurro cortante. — O que você acha que é isso, Zoe? Flores? Promessas? Corações partidos?
Ela deu um passo para trás, se afastando com um leve balançar de quadris.
— Eu nunca amei o Ethan. Ele sempre foi só… um troféu. Um meio. Um jeito de tocar onde realmente dói.
Zoe apertou os punhos.
— Dizer isso em voz alta só te faz ainda mais podre.
Miranda se virou, apoiando-se na bancada da cozinha. Deu outro gole na taça e soltou um suspiro teatral.
— Quer saber o que te dói tanto, Zoe? O que todos vocês ignoram? A pobre da Helen sempre foi a boazinha da história. A amada, frágil e perfeita. Mas ninguém vê o que ela faz, o que ela rouba. O que ela leva sem nem perceber.
— Do que você está falando?
Miranda girou o corpo. Os olhos, agora, estavam mais escuros. Mais verdadeiros e perigosos.
— James Foster.
Zoe congelou.
— James?
— É. — Miranda caminhou até a janela, com os olhos fixos em algum ponto distante da cidade. — Ele era meu, desde sempre. O melhor amigo da Helen? Por favor. Ele me olhava como se eu fosse o centro do universo… até ela crescer. Até ela virar a princesa com olhos doces. A menina por quem ele caiu. E ela? Fingiu que nunca percebeu. Ela o ignorou, o rejeitou, o despedaçou. E ele… nunca mais foi o mesmo.
Zoe levou a mão ao peito, sem conseguir responder.
— E então veio Ethan — continuou Miranda. — Sempre foi apaixonado por mim desde o colegial, mas a sonsa da Helen era apaixonada por ele, então o que fiz? Ataquei onde mais doia, no seu coração.
— Você é louca!
— E quando finalmente ela sofria o que merecia ela veio novamente, doce, gentil e amavel e o idiota do seu irmão tambem acabou se rendendo aos seus encantos.
— Louca? Não, vadia. Louca é você.
Miranda tentou empurrá-la, mas Zoe puxou os fios com mais força, fazendo o corpo da outra se curvar.
E então veio o soco.
Seco, violento, certeiro.
O som do impacto ecoou pelo apartamento.
— AH! — gritou Miranda, cambaleando para trás. Levara o soco bem no rosto, e o sangue começou a escorrer da boca no mesmo instante. Um dente caiu no chão de mármore, quicando duas vezes antes de parar entre os estilhaços da taça que havia derrubado antes.
— Você… — balbuciou, com a mão cobrindo a boca. — Você quebrou meu dente!
Zoe respirava ofegante. As mãos ainda trêmulas. Os olhos marejados.
— Isso… foi por cada lágrima da Helen. Por cada noite que ela passou em silêncio, achando que era insuficiente. Por cada segundo em que meu irmão se culpou, se destruiu. E por cada veneno que você destilou acreditando que ninguém jamais iria te cobrar.
Miranda caiu sentada no chão, chorando e cuspindo sangue. O robe branco agora manchado de vermelho.
— Você… é… louca!
— E você é lixo. Só que hoje… o lixo foi recolhido.
Zoe se abaixou, com a voz mais baixa, mas cheia de ódio.
— E só pra você não esquecer: por mais que tente… você nunca vai conseguir separar Ethan da Helen. Porque o que eles têm é amor de verdade. Algo que você nunca vai entender. E nem sentir. Porque mulheres como você não sabem amar. Só sabem destruir. E agora que você perdeu… vai apodrecer sozinha.
Ela se levantou, ajeitou os cabelos, e caminhou até a porta sem olhar para trás. Miranda ficou ali, caída, sangrando, o orgulho em frangalhos. Pela primeira vez… calada.

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