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Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu romance Capítulo 112

A casa de James era silenciosa, envolta por uma paz acolhedora que contrastava violentamente com o turbilhão no peito de Helen. Era um lugar seguro. E ela, pela primeira vez em dias, se permitia respirar, ainda que com dificuldade.

Depois que se encontraram, e James descobriu que Helen estava numa pousada, resolveu convidar Helen para ficar com ele na sua casa. Depois de muito insistir, ele conseguiu convencê-la, porque no fundo, o que Helen precisava no momento era de um ombro amigo.

O sofá era macio. As janelas abertas deixavam entrar uma brisa leve, que fazia as cortinas dançarem com suavidade. Mas nada daquilo parecia real. Helen estava ali, sentada, envolta por um cobertor que James lhe havia dado, mas o mundo continuava girando sem ela.

James voltou da cozinha com uma caneca de chá nas mãos. Seus passos eram calmos, cuidadosos, como se soubesse que qualquer movimento brusco poderia despedaçá-la ainda mais.

— Está quente — disse ele, com a voz suave, estendendo a caneca.

Helen pegou com as mãos trêmulas e assentiu num sussurro.

— Obrigada.

James se sentou ao lado dela, sem pressa. Não tentou forçar palavras. Apenas ficou ali, presente, com os olhos atentos ao menor sinal de dor. Sabia que ela falaria quando estivesse pronta. E quando ela finalmente falou, sua voz veio quebrada, como vidro esmagado.

— Eu achei que estava tudo bem… que finalmente as coisas estavam se encaixando.

James virou o rosto na direção dela.

Helen encarava o líquido fumegante da xícara, mas não parecia vê-lo. Os olhos estavam úmidos.

— Eu amava ele, James. Eu ainda amo. E… quando cheguei naquela noite, só queria surpreendê-lo. Eu… estava com saudades. — Ela engoliu em seco. — Mas então… eu abri a porta. E vi.

James não disse nada. Mas seu maxilar se contraiu levemente.

— Miranda estava deitada sobre ele. Os dois nus. Taças de champanhe, roupas no chão… e ele dormindo. Como se… como se nada mais importasse.

Helen balançou a cabeça, as lágrimas caindo silenciosas agora.

— Eu… eu fiquei sem chão, James. Dias antes fizemos amor e ele tinha me dito pela primeira vez que me amava… como ele pode ser tão mentiroso? Foi apenas necessário eu me afastar para que ele novamente se deitasse com ela. E tudo o que vivemos nesses últimos meses? Foi tudo uma mentira?

James estendeu o braço e, com a ponta dos dedos, limpou as lágrimas que escorriam.

— Não foi teatro. Não da sua parte — disse ele, com firmeza.

Helen olhou para ele, com os olhos tão cheios de dor que pareciam implorar por algum sentido.

— Como você sabe?

James hesitou por um segundo. Depois respirou fundo.

— Porque eu te conheço. Eu te conheço há mais tempo do que qualquer pessoa. Eu te vi crescer, sonhar, cair… e nunca, nunca vi você amar alguém como amou o Ethan. Você se entregou. Você foi verdadeira.

Ela fechou os olhos, chorando em silêncio.

— E ainda assim… não foi suficiente.

— Não. — James se aproximou mais e segurou suas mãos. — O erro não foi seu. O erro foi de quem não soube proteger o que tinha. Ou… de quem deixou você sofrer por algo que não merece.

Helen o encarou, surpresa com a doçura e a certeza na voz dele.

— Eu não consigo odiá-lo, James.

— Você não precisa.

Um silêncio terno se instalou entre eles. Até que Helen não resistiu. Encostou a cabeça no ombro dele e, com um suspiro sofrido, finalmente desabou.

— Você não precisa dizer nada.

Eles se olharam por um tempo, e então Helen tentou se levantar.

Mas assim que ficou em pé, a visão escureceu. O estômago revirou. O chão pareceu girar. E então, sem conseguir se manter de pé, ela caiu para frente.

— Helen!

James a segurou antes que ela caísse.

— Ei, ei, ei… você está bem? Helen?

Ela não respondeu, estava desacordada.

James a puxou nos braços, como se seu corpo fosse feito de vidro, e a deitou por um segundo no sofá. Checou a pulsação, estava fraca, mas estável. Sem pensar duas vezes, a recolheu nos braços e saiu.

Do lado de fora, o mundo continuava. Mas para James, só havia ela. Carregava Helen como se estivesse segurando a própria vida.

A pele dela estava quente. O rosto, pálido. Os cabelos soltos escorriam por seus braços, e cada traço parecia ainda mais delicado à luz fraca da rua.

Ele caminhava com passos firmes e o coração disparado. Mas em meio à urgência, houve um instante, pequeno, íntimo, congelado no tempo, em que ele parou no meio da calçada, com Helen nos braços e apenas a admirou.

O rosto sereno mesmo na dor, os lábios entreabertos, a beleza daquela mulher que ele amou em silêncio por anos e agora estava ali vulnerável em seus braços.

— Você vai ficar bem — sussurrou. — Eu juro.

Ele não sabia como seria o amanhã. Se ela voltaria para Ethan, se o perdoaria. Se seguiria em frente sozinha. Mas naquele momento… ela era dele. E ele faria de tudo para protegê-la.

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