A claridade do quarto era suave, filtrada por cortinas brancas que dançavam com a brisa da manhã. O som distante de monitores cardíacos, passos calmos de enfermeiros e um leve cheiro de álcool no ar compunham a atmosfera silenciosa do hospital. Tudo ali parecia suspenso, como se o tempo tivesse parado para respirar com ela.
Helen despertou lentamente, os olhos pesados e a cabeça latejando. A primeira coisa que sentiu foi o calor de uma mão envolvendo a sua.
James.
Estava ali, ao lado da cama, com os olhos fixos no rosto dela e uma expressão de alívio que a fez querer chorar.
— Você acordou — ele disse, com a voz baixa e embargada.
Ela piscou, tentando organizar os pensamentos.
— O que… aconteceu?
James se inclinou levemente para a frente.
— Você desmaiou. Estava muito fraca, Helen. Eu te trouxe para o hospital. Eles te reidrataram, estabilizaram seus sinais… você está segura agora.
Ela tentou se erguer, mas sentiu o corpo fraco demais. James a impediu com delicadeza.
— Devagar. Você precisa descansar.
Helen assentiu com um movimento sutil da cabeça, os olhos se enchendo de lágrimas.
— Desculpa… por isso. Por tudo.
— Não, por favor — ele respondeu, apertando suavemente a mão dela. — Não tem que se desculpar. Eu faria tudo de novo. Quantas vezes fossem necessárias.
Helen respirou fundo, olhando ao redor.
— Quanto tempo fiquei desacordada?
— Algumas horas. Eles queriam que você descansasse antes de fazer os exames… — James hesitou, passando a mão pelos cabelos. — O médico virá falar com você. Disse que era importante.
Ela franziu o cenho.
— Importante?
James assentiu, mas havia algo no olhar dele que a deixou alerta. Um cuidado excessivo, como se estivesse medindo cada palavra para não causar um novo colapso.
Pouco tempo depois, a porta se abriu e uma médica jovem, de jaleco branco e expressão gentil, entrou no quarto com uma prancheta nas mãos.
— Senhora Carter — disse ela com um sorriso. — É bom vê-la acordada. Eu sou a Dra. Marcela, responsável pelo seu caso. Podemos conversar um pouco?
James se levantou, pronto para dar espaço, mas Helen apertou sua mão, mantendo-o ali.
— Pode falar — disse ela, olhando da médica para James. — Ele pode ficar.
A doutora assentiu.
— Tudo bem. Nós fizemos alguns exames de rotina devido ao seu quadro de desmaio, e encontramos algo que talvez a senhora não esperasse… mas que pode explicar muito do que você está sentindo.
Helen arregalou os olhos, sentindo o coração disparar.
— O quê?
A médica sorriu com doçura.
— Você está grávida, Helen.
Silêncio.
— Eu não sei o que fazer — Helen disse, deitada, com os olhos fixos no teto. — Eu não sei como reagir. Como me sentir. Como seguir.
James respirou fundo.
— Você não precisa decidir nada agora.
— Mas esse bebê… — ela virou o rosto para ele. — Ele é do Ethan.
James assentiu, devagar.
— Sim. Mas isso não muda quem você é. O que você sente. E, principalmente… não muda o fato de que você não está sozinha.
Ela se emocionou.
— Você sempre foi isso pra mim, não é?
— O quê?
— Refúgio.
James desviou os olhos por um instante. Quando voltou a encará-la, havia um brilho forte ali, alem de dor e amor.
— Eu só quero que você saiba… que eu estou aqui. Com ou sem bebê, com ou sem Ethan. Se um dia você quiser… eu vou estar aqui.
Ela estendeu a mão, e ele segurou.
Ali, naquela troca silenciosa, havia mais do que consolo, havia uma promessa.
De que o amor, mesmo o mais silencioso, podia ser o que salvava alguém da escuridão.

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