Sete dias.
Esse era o número que piscava silenciosamente na mente de Ethan a cada manhã.
Sete longos, sufocantes e angustiantes dias desde que Helen desapareceu.
Ninguém sabia onde ela estava. Nenhuma mensagem, nenhuma pista, nenhuma explicação, apenas o silêncio. O silêncio que consome por dentro, que arranha a garganta, que torna a saudade uma dor física.
Ethan acordava todos os dias como se fosse o mesmo. O mesmo apartamento gelado, o mesmo travesseiro sem perfume, o mesmo som abafado de um coração tentando continuar batendo.
Sete dias sem ouvir a voz dela.
Sem ver os olhos dela.
Sem ser chamado de “amor” ou “idiota”.
Na manhã do oitavo dia, Ethan estava sentado em sua sala na empresa, diante de uma pilha de documentos que ele sequer conseguia ler. A luz natural entrava pelas janelas altas, mas a claridade parecia zombar dele, contrastando com a escuridão interna que não passava.
Usava um paletó amarrotado. Os cabelos estavam desalinhados, como se tivesse passado a mão por eles dezenas de vezes. A barba por fazer já tomava forma, escurecendo o maxilar firme. As olheiras profundas denunciavam as noites em claro. Os olhos… estavam mortos. Vazios. Carregando o peso do arrependimento, da saudade e da culpa.
Liam, sentado à frente da mesa, o observava com discrição.
— Você precisa descansar, Ethan. Já faz dias que não dorme direito. Está pálido… exausto.
— Estou ótimo. — a voz dele saiu rouca, baixa.
Liam franziu o cenho, apoiando os cotovelos na perna.
— Nós temos uma reunião importante às duas da tarde com o conselho de investidores. É sobre o novo projeto que você e Helen iniciaram juntos. Você lembra?
Ethan não respondeu. Apenas ficou ali, olhando para a tela desligada do notebook, como se ela fosse uma janela para o que poderia ter sido e nunca seria.
— Ethan… — Liam insistiu. — Eu sei que está difícil, mas precisa tentar seguir. É o que ela ia querer.
— Ela não está morta. — Ethan rebateu, num tom frio e baixo.
Liam se calou. Sim, Helen não estava morta. Mas a ausência dela havia matado algo em Ethan. E era visível.
O silêncio tomou a sala por alguns segundos. O tique-taque do relógio se arrastava como um lembrete cruel da lentidão do tempo quando se está sofrendo.
Foi quando a porta da sala se abriu abruptamente e ambos se viraram em direção ao som.
E então, Michael surgiu.
O olhar flamejante, o maxilar trincado, os punhos cerrados.
— O que foi que você fez com a minha prima, Carter?
A voz ecoou pelas paredes como um tiro. Liam se levantou de imediato.
— Michael, calma…
Mas Michael não o ouviu. Caminhou com passos firmes até a mesa. O olhar cravado em Ethan como uma lança pronta para perfurar.
Ethan, por sua vez, não se mexeu. Apenas ergueu os olhos para encarar o outro homem, mas não disse nada, não havia mais nada a ser dito.
— Responde, porra! — Michael gritou. — O que você fez com a minha prima?
Liam deu a volta na mesa, tentando intervir.
— Michael, escuta. Não é assim…
Mas Michael empurrou Liam para o lado e agarrou Ethan pelo colarinho, puxando-o com brutalidade.
— DIZ, SEU COVARDE! FILHO DA PUTA! — rugiu, com os olhos a centímetros dos de Ethan. — DORMIU COM AQUELA VAGABUNDA DE NOVO, NÃO FOI? FEZ A MINHA PRIMA SOFRER E AGORA ELA SUMIU! SUMIU, POR SUA CULPA!
Ethan não resistiu.
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