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Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu romance Capítulo 117

Ethan Carter

O som do monitor cardíaco era como uma batida dentro da minha cabeça. Não tinha pressa. Não parava. Me lembrava que eu estava vivo, mesmo que tudo dentro de mim parecesse morto.

Abri os olhos com esforço. A claridade feriu minha retina, meu corpo todo doía. E havia um gosto amargo de remorso na boca que nenhum remédio do mundo conseguiria apagar.

Estava num hospital. Um quarto branco demais, frio demais. Como se tudo ali tivesse sido projetado pra esfregar na cara o quanto eu tinha me perdido.

Mas foi quando vi minha irmã… que a dor se intensificou de um jeito mais real.

Zoe estava sentada numa poltrona. Visivelmente abatida e cansada, seus olhos estavam inchados e tinha um livro caído no colo, que obviamente ela não estava lendo. Como sempre estava ao meu lado.

Quando meus olhos se abriram, ela notou. E respirou como quem estava segurando o fôlego há dias.

— Ethan… — a voz saiu baixa, mas cheia de alívio e exaustão.

Ela se levantou, se aproximou da cama e pegou minha mão com firmeza. Não disse muito no começo. Só ficou ali, me ancorando, me trazendo de volta.

— Onde…?

— No hospital — ela respondeu, com a voz quebrada. — Você teve um colapso. Estava desidratado, febril, com sinais de exaustão grave. Melissa e eu te encontramos desmaiado, nu, sujo no chão da sala.

Fechei os olhos.

A vergonha queimava mais do que qualquer febre. A lembrança do chão gelado, o gosto do álcool, a náusea, o vazio… e o nome que não parava de pulsar na minha mente.

Helen.

Tentei me erguer, mas o corpo não respondeu. Ainda assim, eu murmurei o nome dela com os lábios partidos.

— Helen… ela… ela … eu a perdi Zoe.

Zoe passou a mão pelo meu rosto, e sua expressão ficou mais dura. Mais firme, quase maternal.

— Ethan. Escuta. Eu tenho uma coisa pra te contar. Mas você precisa prometer que vai ouvir até o fim.

— Diz logo… por favor.

Ela inspirou fundo.

— A Helen está bem e segura.

— Onde ela esteve esse tempo todo?

— Na casa de James Foster.

O mundo parou. O ar saiu dos meus pulmões de uma vez. O nome dele… James… entrou como uma faca maldosa entre as costelas.

— James…? O James Foster?

Zoe assentiu com o queixo, devagar.

— Ela desapareceu. Estava em choque. Achava que você tinha traído ela. Que você escolheu a Miranda e James… a encontrou sozinha. Graças a Deus que ele a achou e a levou para a casa dele.

Me virei, engolindo a dor como quem engole cacos de vidro. Tentei esconder, mas Zoe percebeu.

— O que está pensando Ethan? — ela perguntou, encarando-me.

— Eu não sei o que pensar! — rebati, a voz subindo, rouca. — Ela foi pra ele, Zoe. Não pra você. Nem pros pais dela. Foi pra ele. Ele sempre esteve ali… esperando. Observando. Sabe aquela coisa que você sente que tá na espreita? Eu sempre soube que o James ainda tinha algo por ela. E agora ela está lá. Nos braços dele. E eu… aqui.

— Você tá com ciúmes?

— Eu tô com medo! — gritei. — Medo de que ele seja tudo que eu não sou. De que ela olhe pra ele e veja estabilidade, segurança, paz. E olhe pra mim e veja um caos.

Zoe se aproximou mais. Os olhos dela agora tinham fogo.

— Então me escuta bem, Ethan. Porque eu vou te falar o que você precisa ouvir, não o que quer.

Assenti em silêncio, sentindo meu coração acelerar.

— Você ama a Helen? Ótimo. Mas amar não é só se desesperar quando ela vai embora. Amar é cuidar antes dela ir. É não deixar o ciúmes te cegar. É não permitir que a insegurança grite mais alto que o amor.

Ela se inclinou sobre mim, apontando o dedo.

— Você deixou a dor te engolir, você se destruiu, quase morreu. Sabe o que é isso? Ego. Você se afundou na bebida porque não soube lidar com o fato de que a mulher que você ama acreditou em uma mentira.

Assenti com a cabeça. Sentia as lágrimas escorrendo sem parar. Mas agora, junto com a dor… havia algo mais.

Esperança.

Ela ainda me amava e eu estava disposto a tudo para provar a conquistá-la de volta.

Fechei os olhos e não consegui mais conter as lágrimas de saírem.

Entre o silêncio e o bip do monitor, algo mudou em mim. O desespero começou a dar lugar à consciência, à responsabilidade.

— Eu destruí tudo…

— Ainda não. — Zoe disse com firmeza. — Você ainda pode lutar.

Abri os olhos. O azul dela estava firme no meu e pela primeira vez desde aquele dia… eu respirei fundo.

— E quando ela voltar? — perguntei. — O que eu faço?

— Você deixa ela ver que o homem por quem ela se apaixonou ainda existe. Que ele é forte o suficiente para levantar e que está disposto a fazer diferente.

Ficamos em silêncio por um tempo.

E então, com um esforço maior do que imaginei ter, eu me ergui na cama. Pus os pés no chão. O frio do azulejo subiu pelas minhas pernas, mas não tremi.

— O que você tá fazendo? — Zoe perguntou, assustada.

— Me levantando. Pela primeira vez… com propósito.

Ela sorriu de lado.

— Agora sim… eu reconheço meu irmão.

E naquele instante, não importava mais James, não importava o passado.

Só uma coisa importava: Helen ainda me amava e eu ainda estava aqui.

E dessa vez, eu ia lutar direito.

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