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Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu romance Capítulo 119

O ponteiro do relógio da sala de reuniões parecia zombar de Ethan Carter. Cada tic-tac era uma punhalada silenciosa, uma lembrança cruel de tudo o que ele havia perdido e de tudo o que ainda poderia perder.

O espaço à sua volta parecia distorcido, como um eco longínquo de uma vida que ele não conseguia mais tocar.

Apresentações em slides, gráficos brilhando nas telas, vozes impostoras discutindo estratégias e lucros… tudo soava vazio.

Ele estava ali de corpo presente, mas a alma … a alma de Ethan ainda vagava do outro lado da cidade, onde o nome que assombrava seus pensamentos havia finalmente retornado.

Helen…

Respirando o mesmo ar, andando pelas mesmas ruas, tão perto que a simples ideia o fazia querer sair correndo daquela sala, explodir as barreiras da razão, e simplesmente se ajoelhar diante dela. O desejo era tão brutal que doía. E, enquanto tentava se concentrar na reunião, naqueles rostos sem importância que riam e falavam banalidades, algo dentro dele se partiu.

Um dos acionistas, talvez ignorante, talvez cruel, soltou uma piadinha infeliz sobre “homens que não sabem controlar suas mulheres”.

O riso ecoou falso e Ethan se levantou e ergueu o olhar devagar.

O silêncio que se seguiu foi mortal.

— Se você soubesse controlar a sua boca da mesma forma talvez não precisasse de três advogados para limpar a sua merda. — disse ele, com uma frieza cortante

O impacto foi imediato, toda a sala paralisou. Olhares arregalados, sussurros abafados. Ninguém ali esperava aquilo, não do Ethan Carter que conheciam. Não do homem sempre cortês, diplomático, respeitado por todos.

Mas aquele Ethan tinha morrido. E em seu lugar, havia apenas um homem quebrado, lutando contra demônios que ninguém ali era capaz de entender.

Liam, sentado ao lado, não precisou de mais nada para agir.

— A reunião está encerrada — disse, levantando-se sem cerimônia, com a autoridade de quem sabia que não havia mais volta.

Os acionistas saíram às pressas, murmurando entre si e Ethan continuou imóvel com as mãos espalmadas na mesa e o olhar vazio e perdido, enquanto seu coração era um campo de batalha silencioso.

Quando todos finalmente deixaram a sala, o peso da solidão caiu sobre ele como um manto gélido. Sem dizer uma palavra, Ethan afrouxou a gravata num gesto brusco e se jogou de volta na cadeira, os ombros tensos como cordas prestes a arrebentar.

Liam permaneceu ali de braços cruzados, encostado na mesa, observando em silêncio.

Ele conhecia Ethan, conhecia o bastante para saber que, quando o cunhado finalmente quebrasse o silêncio, seria para expor feridas tão profundas que até o ar se tornaria pesado.

E, como esperado, Ethan se levantou com rigidez. Caminhou até o pequeno bar no canto da sala. Serviu uma dose generosa de uísque e bebeu de uma vez só, sem piscar. O líquido queimou sua garganta, mas nem assim conseguiu apagar a dor que consumia sua alma.

Passou as mãos pelos cabelos, encarando o vazio por longos segundos e então, murmurou, com a voz rouca:

— Helen voltou hoje.

Liam piscou, surpreso.

— Helen…? — repetiu, o nome soando estranho após tanto tempo.

— Está na casa do pai dela — completou Ethan, como quem pronuncia uma sentença de morte.

O silêncio pairou pesado entre eles.

Ethan apoiou-se na beira da mesa, com o copo vazio girando entre os dedos. Cada movimento seu era um reflexo de exaustão, não apenas física, mas espiritual.

— A Zoe me contou — disse, com a voz baixa. — Ela voltou ontem à noite… mas… — ele apertou os olhos, engolindo em seco — …não quer me ver. Não agora.

Liam se aproximou, estudando o cunhado como quem avalia um homem prestes a desabar.

— E o que você pretende fazer? — perguntou, sem rodeios.

Ethan respirou fundo, lutando contra as lágrimas. Aquela era a verdade. A verdade cruel e implacável.

— O medo vai continuar aí — disse Liam, com mais suavidade agora. — Mas sabe o que diferencia os covardes dos homens de verdade? É o que eles fazem com esse medo.

Ethan ficou em silêncio sentindo o peso de cada palavra cravar fundo. E então, lentamente, ergueu-se. Endireitou os ombros e respirou uma, duas, três vezes até sentir o peito queimar. Até sentir a determinação começar a inflamar suas veias.

— Eu vou reconquistar a mulher que amo — disse, com a voz grave, carregada de uma força que parecia ter sido esquecida.

Liam sorriu, orgulhoso.

— Esse é o Ethan Carter que eu conheço.

Ethan pegou o casaco, jogando-o sobre os ombros.

— Obrigado, irmão — murmurou, com a voz baixa, mas cheia de gratidão.

Liam apenas assentiu.

— Vá buscar a sua felicidade e não volte sem ela.

Ethan não respondeu, não precisava. Com passos firmes, deixou a sala.

O vento frio da noite bateu em seu rosto assim que atravessou as portas do prédio, mas ele não se importou. Porque agora, cada batida do seu coração gritava apenas um nome.

Helen…

E ele sabia. Dessa vez, não importava o medo, o orgulho, o passado. Ele lutaria até o último suspiro. Porque o amor, o verdadeiro amor, merecia ser defendido e Ethan Carter estava pronto para lutar.

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