O médico tocou levemente o ombro dela antes de sair, deixando Helen cercada por Zoe, Tânia e Melissa.
O silêncio pesou.
Até que Zoe se aproximou.
— Helen… — disse, com a voz baixa — Você precisa ser forte. Ele precisa sentir que você está aqui.
Helen virou o rosto, as lágrimas escorrendo livres.
— E se eu chegar tarde demais? — sussurrou.
— Não vai — disse Tânia, firme.
— Ele vai lutar, Helen — garantiu Melissa, segurando sua mão.
Helen respirou fundo, tentando se enraizar naquela esperança frágil.
— Eu só queria ter dito a ele… — murmurou. — Que eu ainda o amo. Que eu nunca deixei de amar.
Zoe apertou sua mão com força.
— Então diga, amiga. Agora. Fala pra ele. Mesmo que ele não possa responder. Ele vai ouvir.
Helen fechou os olhos, deixando a dor falar por ela.
— Eu não posso perdê-lo. Eu não posso…
O corredor até a UTI parecia infinito. Cada passo ecoava como um tambor fúnebre nos ouvidos de Helen. Quando finalmente entrou na sala, o coração dela quase parou.
Ethan estava irreconhecível. O rosto machucado, tubos saindo da boca, braços imobilizados, monitores apitando ao lado.
Helen aproximou-se devagar, com os olhos marejados. Pegou a mão dele, fria, frágil e a levou aos lábios.
— Eu estou aqui… — sussurrou. — Não me deixa, Ethan. Por favor.
As lágrimas escorriam livremente agora. Ela não conseguia imaginar um mundo onde ele não existisse. Não importava o passado, não importavam os erros.
Ela o amava.
E diante daquela visão frágil e quebrada do homem que um dia a amou com tanta intensidade, Helen entendeu que o verdadeiro terror não era perdoar.
O verdadeiro terror era perdê-lo para sempre. E ela não estava pronta, nunca estaria.
— Ethan… — ela sussurrou, beijando os dedos dele. — Por favor… luta… por mim… pelo nosso filho…
A sala parecia pequena demais para a quantidade de dor que ela sentia. Melissa, Zoe e Tânia chegaram logo depois, parando na porta, respeitando aquele momento.
Helen acariciava o braço de Ethan, falando baixinho, como se pudesse puxá-lo de volta só com a força do amor.
— Você não pode me deixar, ouviu? — sua voz quebrou. — Eu fui uma idiota, fui orgulhosa. Mas eu te amo, Ethan. Sempre te amei.
Ela apertou a mão dele com força.
— Você vai ser pai… — murmurou, encostando a testa na mão dele. — Nosso bebê precisa de você… Eu preciso de você…
O monitor cardíaco continuava a apitar de maneira irregular, como um lembrete cruel de que ele estava por um fio.
Helen chorava sem vergonha agora, soluçando como nunca chorou na vida. Zoe se aproximou, colocou uma mão no ombro dela.
— Ele vai lutar — disse, com a voz firme. — Porque ele te ama, Helen. Ele nunca deixou de te amar.
Helen ergueu o olhar, com os olhos vermelhos e inchados.
— E se for tarde demais?
— Não é — disse Melissa, aproximando-se também. — Amor assim não termina. Nem mesmo a morte pode levar.
Tânia se ajoelhou ao lado dela.
— Fala com ele, amiga. Ele pode te ouvir.
Helen virou-se de novo para Ethan.
Acariciou o rosto dele, contornou o maxilar forte, agora machucado.
— Você lembra? — sussurrou. — Da primeira vez que você me chamou de “chatinha”? Eu odiei. Eu te odiei naquele dia… e também comecei a te amar.
Um sorriso triste curvou seus lábios.
— Você é o homem mais teimoso que eu conheço. Então, por favor… não me desaponte agora. Não desista de mim. Não desista da gente.
As lágrimas caíam como uma tempestade.
Ela encostou os lábios na testa dele.
— Eu te amo, Ethan Carter. E vou te amar até o meu último suspiro.
O monitor emitiu um apito agudo e Helen se assustou, se levantando num salto.
— O que está acontecendo?! — gritou.
Enquanto isso, perdido em seu próprio mundo, Ethan sonhava.
No silêncio do coma, uma cena diferente o envolvia. Ele estava num jardim, o sol dourava a grama macia. Flores coloridas balançavam sob uma brisa suave.
E ali, ajoelhada entre as plantas, estava Helen. O cabelo dela, solto, reluzia como ouro. Ela usava um vestido simples, azul-claro, e sorria com uma paz que ele mal lembrava de ter visto na sua vida. Ao lado dela, estava um garotinho. Um lindo menino de cabelos loiros e olhos azuis como o céu.
O menino segurava uma pequena regadeira, rindo enquanto molhava as flores e respingava água em Helen, que gargalhava.
— Mamãe! — gritou ele, rindo.
Helen virou o rosto na direção de Ethan, seus olhos o encontraram e o sorriso que ela deu…foi como ser atingido por toda a luz do universo.
— Você demorou… — disse ela, com ternura. Se levantando e retirando as luvas de jardinagem.
Ethan tentou correr até ela. Mas seus pés pareciam presos ao chão.
— Helen… — murmurou. — Eu… eu sinto tanto…
Ela sorriu, caminhando até ele. O garotinho correu atrás dela, abraçando a perna dela com carinho. Helen estendeu a mão para Ethan.
— Nós estamos esperando por você — disse ela, com os olhos brilhando.
E pela primeira vez em muito tempo, Ethan sentiu algo mais forte do que a dor: Esperança, amor, família.
O monitor cardíaco bipou levemente na UTI. Helen, que estava sentada ao lado dele, segurando sua mão, sentiu.
— Ethan…? — sussurrou, inclinando-se para ele.
Mas o médico, de prontidão, apenas olhou os sinais e voltou a ajustar a ventilação. Era cedo demais para despertar, mas Helen sabia. Em algum lugar, Ethan ainda estava lutando.
Ela levou a mão dele aos lábios e fechou os olhos.
— Volta pra mim, Ethan… — sussurrou. — Por favor. Nós precisamos de você.
Do lado de fora, Zoe, Tânia e Melissa aguardavam em silêncio. O tempo, naquele hospital, parecia ter parado. E com cada segundo que passava, o medo de Helen de perdê-lo crescia, implacável, esmagador.
Mas junto com o medo, pulsava também algo novo.
Uma promessa silenciosa.
De que, se ele voltasse, ela jamais o deixaria duvidar de quanto era amado.
Jamais.

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