A madrugada se arrastava lenta, pesada, cruel. O hospital dormia em meio a máquinas que bipavam, corredores vazios e luzes frias.
Mas dentro da UTI, o tempo parecia ter parado de verdade. O relógio da UTI marcava seis da manhã.
Helen estava sentada ao lado de Ethan, com os olhos fixos no homem que amava mais do que a própria vida. Ele parecia tão frágil, tão longe, mas ainda ali lutando. Já faziam quatro dias após o acidente e Ethan permanecia inconsciente.
A cada batida fraca no monitor cardíaco, Helen sentia uma faísca de esperança crescer em seu peito cansado. Ela segurava a mão dele, passando os polegares de leve sobre a pele fria.
— Oi, meu amor… — sussurrou, a voz rouca de tanto chorar. — Sei que talvez você não consiga me ouvir… mas eu precisava falar.
O bip do monitor respondeu, como se a encorajasse. Helen sorriu fraco, inclinando-se para mais perto dele.
— Você foi… e sempre será… o meu lar. — disse, com as lágrimas escorrendo silenciosas. — Mesmo quando eu quis te odiar. Mesmo quando tentei me afastar… era você. Sempre foi você.
Ela deslizou a mão até o cabelo bagunçado dele, afagando-o com ternura.
— Lembra daquela vez que a gente ficou preso na chuva? — riu entre lágrimas. — E você ficou resmungando, dizendo que detestava molhar o terno… mas no final, me rodopiou no meio da rua como um louco?
As imagens voltavam como um filme.
Helen apertou os olhos, sufocada pela saudade.
— Eu nunca esqueci aquele dia, Ethan. Nunca.
Respirou fundo, sentindo a dor rasgar o peito.
— Eu devia ter dito antes… devia ter gritado… — a voz falhou. — Eu te amo. Te amo tanto que chega a doer.
As lágrimas caíam sem controle agora.
Helen apoiou a cabeça na borda da cama, sem largar a mão dele.
— Por favor… — implorou, num sussurro. — Não me deixa, Ethan. Eu… nós… ainda temos tanto para viver.
A imagem do garotinho loiro, do sonho que Ethan tivera, parecia dançar na mente dela sem que ela soubesse.
Talvez… talvez o destino ainda tivesse planos para eles.
A porta da UTI abriu-se suavemente e Zoe entrou em silêncio, trazendo uma garrafa térmica de café. Tânia e Melissa vinham logo atrás, discretas. Elas se aproximaram com passos silenciosos, respeitando aquele momento. Zoe pousou a mão no ombro da cunhada.
— Trouxe café. Sei que você não vai querer… mas precisa tentar se manter de pé.
Helen ergueu os olhos marejados.
— Obrigada… — disse, com a voz fraca.
— Alguma novidade? — perguntou Tânia, olhando para Ethan com o coração apertado.
Helen balançou a cabeça.
— Nada… só a mão dele… acho que tremeu antes… mas pode ter sido só espasmo.
— Ele… ele se mexeu! Eu juro!
A médica verificou o monitor, os sinais vitais.
— Pupilas reagindo à luz — anunciou, sorrindo. — Reflexo motor espontâneo detectado.
Helen chorava, soluçando.
— Ele está voltando… — sussurrou.
A médica colocou uma mão no ombro dela.
— Ainda é cedo. Ele pode demorar para acordar completamente. Mas isso… isso é um ótimo sinal.
Helen apertou os lábios contra a mão dele, chorando sem vergonha.
— Eu estou aqui, Ethan — murmurou. — Não importa quanto tempo você precise… eu estou aqui.
Duas horas depois Helen estava com a cabeça apoiada na cama enquanto segurava a mão de Ethan com firmeza, foi quando ela sentiu.
E pela primeira vez em dias, ela sentiu que o amor, o verdadeiro amor, era capaz de mover montanhas. De trazer alguém de volta, de florescer mesmo nas terras mais áridas.
Mesmo entre a vida… e a morte.

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