A cobertura dos Carter parecia suspensa no tempo naquele começo de noite. Havia algo de mágico no ar, um misto de alívio, paixão e recomeço. E no centro de tudo isso, estava ele: Ethan Carter, CEO implacável, marido apaixonado e paciente teimoso em processo de recuperação.
Ainda mancando e com a muleta como parceira fiel, Ethan avançou pelos corredores da casa como se estivesse em uma missão secreta ou prestes a conquistar um território inexplorado. Mas o que o esperava na cozinha não era um novo negócio, nem um contrato milionário.
Era ela, sua adorável e tentadora esposa.
Vestindo uma camisola curta demais para a moral e uma calcinha pequena demais para a sanidade de qualquer homem, ela estava de costas para ele, mexendo o café na xícara com movimentos distraídos. Os cabelos ainda úmidos escorriam pelo pescoço e grudavam nas costas, e seus quadris faziam um leve movimento de dança, como se seguissem uma trilha sonora invisível.
Ethan parou na entrada, apoiando-se no batente da porta, e soltou um palavrão baixo e apaixonado.
— Porra… — murmurou, com a voz rouca como se tivesse engolido areia quente. — Isso devia ser ilegal.
Helen, sem virar, sorriu. Sabia exatamente o que causava. E adorava cada segundo disso.
— Bom dia pra você também, Senhor Carter. — disse com um tom melódico, como se estivesse num musical particular.
— Bom dia é o caralho. — rebateu ele, ofegante. — Você tá me matando logo cedo com essa… essa… camisola indecente e essa calcinha microscópica que mais parece uma ilusão de ótica.
Ela virou devagar, apoiando-se na bancada e cruzando os braços, fazendo a camisola subir ainda mais nas coxas.
— Essa calcinha foi presente seu, lembra? Você que disse que adorava quando quase dava pra ver tudo.
— Adoro. Mas não às oito da manhã, com meu joelho lascado e um gesso encharcado! — ele gemeu, teatral. — Isso é tortura emocional. É um atentado ao meu sistema nervoso. É uma crueldade conjugal!
— Ué, achei que você fosse um homem forte, CEO de mil empresas, estrategista implacável… e agora tá aí, derrotado por uma rendinha branca?
— Derrotado? — Ele riu, passando a mão nos cabelos. — Eu tô aniquilado, Helen. Você tá aí parecendo uma miragem erótica, e eu aqui de pau duro e com uma perna só.
Helen gargalhou, indo até ele com passos lentos e sensuais. Quando parou à frente dele, olhou nos olhos do marido como se o conhecesse desde sempre, porque conhecia.
— Quer que eu te ajude a esquecer da dor?
— Mulher, você fala isso e meu cérebro entra em curto. — disse ele, colocando a mão no peito. — Você quer me matar, é isso.
Ela deslizou a mão pelo peito dele, subindo lentamente a camisa de malha do pijama. O toque leve, quase preguiçoso, provocava calafrios em Ethan, que a olhava como se ela fosse um milagre.
— Você tá precisando de ajuda? — disse ela com um sorrisinho malicioso.
— Preciso é de um exorcismo. Porque se você continuar com essa voz, eu vou te jogar em cima dessa bancada e arriscar o resto do meu corpo.
— Duvido. — provocou, puxando a camiseta dele para fora da calça e passando as mãos por dentro.
— Testa pra ver.
Ela mordeu o lábio, como se refletisse, e depois beijou o ombro dele com uma doçura que contrastava com o desejo que borbulhava entre os dois.
— A gente devia estar tomando café.
— Café não me excita, Helen. Você sim e muito.
— Mas café me mantém acordada.
— E eu te mantenho viva.
Ela deu risada, beijando o pescoço dele.
— Poético. Safado, mas poético.
— Não sou safado, sou… visual. — Ethan disse, apontando para a camisola dela. — E você claramente não quer que eu durma de novo. Porque se eu dormir agora, eu acordo no hospital. De novo.
— A culpa é toda sua, você que começou com o “foda-se o gesso”.
— E faria de novo. — ele respondeu com orgulho. — Por aquele banho, eu enfrentava outra cirurgia.
Helen passou os braços ao redor dele com delicadeza, ajudando-o a caminhar de volta para o quarto. Ele mancava, resmungava, mas sorria. E ela, mesmo exausta, mesmo rindo da própria fraqueza nas pernas, sentia o coração aquecido só de tê-la ali. Vivo e inteiro. Desejando-a como se fosse a primeira vez e a última, ao mesmo tempo.
No quarto, ele se jogou com cuidado na cama, com as pernas erguidas sobre travesseiros.
— Agora deita. — disse ela, pegando uma toalha seca e jogando sobre a cadeira. — Respira fundo. E se prepara. Porque você vai dormir sozinho hoje.
— Não… — gemeu ele, estendendo o braço em súplica. — Não faça isso comigo. Dorme comigo, vai. Só hoje.
— Dormir? — ela arqueou uma sobrancelha. — Você quer que eu “durma” com você?
— Exatamente — respondeu, tentando manter o tom inocente. — Deitar cobertinha. Uma Helen no lado esquerdo da cama. Um Ethan no direito. Nada mais.
— Só dormir?
— Palavra de escoteiro. — disse ele, com a cara mais cínica do planeta.
— Você nunca foi escoteiro.
Ela bufou, fingindo indignação.
— Você é tão convencido.
— Eu te conheço, chatinha. Você adora meu cheiro, adora minha pele, adora quando eu sussurro no seu ouvido que você é minha. E quando eu digo que vou te fazer esquecer até seu nome… você derrete.
— E você acha que eu vou ficar aqui ouvindo isso e simplesmente dormir?
— Não — ele sorriu. — Eu acho que daqui a cinco minutos, a gente vai estar com as mãos erradas nos lugares certos.
Helen virou o rosto para ele e o encarou com um olhar brilhante.
— Idiota.
— Seu idiota — respondeu ele, puxando-a para um beijo demorado.
— Ethan…
— Tá bom. Só um beijo a cada dez minutos. Regulamentado…Assinado.
Ela sorriu, fechando os olhos.
— Se você me acordar no meio da madrugada…
— Eu digo que foi sonambulismo hormonal, diagnóstico grave, infelizmente sem cura.
— E se você me beijar enquanto eu estiver dormindo?
— Culpado. Sem remorso.
Helen subiu na cama, sentando-se ao lado dele.
— Ethan, você é um perigo!
— E você dormindo do meu lado? Isso é tortura emocional — ele disse, pegando a mão dela e a puxando devagar para que deitasse. Ela deitou, aninhando-se com cuidado no peito dele. Ela riu mais uma vez, e ele a abraçou com firmeza, como quem não queria deixá-la escapar nem em sonho.
E assim, entre provocações, beijos e o calor dos corpos entrelaçados, a noite que era só para dormir se tornou mais uma prova de amor, com todas as suas cores, toques e sorrisos secretos.
Porque com Ethan e Helen, o amor era sempre brincadeira, desejo e promessas sussurradas entre lençois. E para quem assistia de fora, até o silêncio entre eles parecia apaixonado.

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