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Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu romance Capítulo 138

O sábado amanheceu preguiçoso, com uma brisa leve entrando pelas frestas das janelas do apartamento. Helen havia acordado com o rosto enterrado no pescoço de Ethan, o corpo enroscado no dele, como se o universo inteiro se resumisse àquele abraço lento e quente.

Ethan estava acordado antes dela, coisa rara e passava a ponta dos dedos nas costas nuas dela, desenhando círculos invisíveis com paciência e prazer.

— Bom dia, chatinha.

Helen gemeu, virando o rosto no travesseiro, tentando esconder o sorriso.

— Já são horas decentes pra você me provocar?

— Qualquer hora é hora. Inclusive… — ele apontou para o gesso ainda parcialmente enfaixado na perna, com uma fita frouxa amarrada de forma improvisada. — Eu sonhei que a gente tirava isso hoje. E no sonho, você tava de calcinha e um corpete branco, com uma tesoura na mão. Foi sexy.

— Isso é um fetiche ortopédico? — ela riu, se levantando na cama com os cabelos bagunçados e os olhos semicerrados. — Não acredito que você tá me convencendo a brincar de enfermeira sexy pra arrancar esse troço do seu pé.

— Helen, por favor… o gesso já tá pedindo socorro. Ele sobreviveu a uma sessão intensa de amor no banheiro. Ele merece aposentadoria.

— Ok. Mas sem desculpas depois dizendo que eu te mutilei, hein?

— Confio em você. — disse ele, piscando. — E se doer, eu grito “Chatinha, me beija que melhora.”

Helen levantou, prendeu o cabelo com um coque desajeitado e foi até a cozinha buscar a tesoura pequena que usava para cortar embalagens. Ao voltar, Ethan já havia se sentado na beira da cama com a perna esticada e um sorrisinho de garoto travesso.

— Pronto para sua cirurgia de libertação?

— Pronto para você me tocar mais uma vez.

Helen balançou a cabeça e se ajoelhou diante dele.

— Fica quieto. Um movimento falso e eu te coloco uma tala nova.

Ela começou a cortar a fita com cuidado. Ethan observava com os olhos concentrados nela, a forma como mordia os lábios enquanto ela puxava a bandagem molenga com precisão, tentando não machucar. Cada vez que ela passava a mão na perna dele, mesmo que fosse pelo bem da recuperação, ele sentia o coração acelerar.

— Sabe o que é sexy em você, Helen?

— O quê?

— Esse seu jeitinho mandona quando tá cuidando de mim. Me faz querer desobedecer só pra ser punido.

— Ethan…

— Tô falando sério. Olha você aí, toda concentrada, brava, linda… Se você me pedisse pra amputar esse gesso com os dentes, eu aceitava.

Helen soltou uma risada, quase cortando torto de tanto rir.

— Você tem sérios problemas.

— E você é a minha cura. — retrucou ele, encarando-a com um olhar tão suave que a fez parar o que estava fazendo por um instante.

— Por que tá me olhando assim?

— Porque eu te amo. E porque quando você tá de camisola indecente e com a cara amassada de sono, é a mulher mais linda que eu já vi.

Helen desviou os olhos, meio sem jeito, mas o sorriso no canto da boca a denunciava.

— Pronto. — disse, finalmente tirando o último pedaço de gaze e revelando a perna marcada, agora livre do gesso.

Ethan flexionou o tornozelo com cuidado e soltou um suspiro exagerado.

— Liberdade! Sinto que vou sair correndo por esse apartamento agora.

— Vai devagar, herói. Você ainda tá em recuperação.

— Eu sei. Mas sabe o que eu fiquei imaginando? — ele disse, olhando para a perna e depois voltando os olhos para ela. — Um dia… eu e você sentados aqui… e nosso filho correndo por esse apartamento.

Helen sorriu sentindo o coração se aquecer.

— O quê?

— Nosso filho. Ou filha. Correndo por aqui, descalço, rindo alto, fazendo bagunça no meio da sala. E você rindo igual você ri agora… com essa cara de “eu não aguento mais” e o coração transbordando.

Era uma imagem tão simples, tão verdadeira, tão perfeita. Ela não respondeu de imediato. Só olhou para ele, com os olhos brilhando com algo novo, com algo profundo.

— Você realmente pensa nisso?

— Penso o tempo todo. — disse ele, com os dedos alcançando os dela. — Desde que descobri que vou ser pai, eu não consigo imaginar outra coisa. Quero nossa família, Helen. Quero essa casa cheia, você me xingando porque eu deixei a mamadeira cair e molhei o tapete, ouvir esse bebê chamando você de “mamãe” e me chamando de “papai tonto”.

Ela riu, emocionada, colocando a testa contra a dele.

— Ethan…

— E quero você exatamente assim. De joelhos, com a tesoura na mão… me salvando de tudo. Gesso, medo, vazio.

— Você é um bobo.

— Sou. Mas sou seu.

Helen caiu de novo sobre o peito dele, agora com os dois respirando forte.

— Amor…

— Hum… diz de novo. — sussurrou já colocando a mão por baixo da camisola de Helen e acariciando o seio esquerdo numa tortura deliciosa.

— A-Amor…

— Oi minha princesa…

— Ethan, a Zoe e o Liam daqui a pouco chegam para almoçar conosco…

— Ah chatinha, eu sei. Mas seu corpo não parece ter recebido esse memorando comunicando sobre esse evento.

Ela o encarou, quase desafiadora.

— E o seu?

— O meu corpo está em estado de calamidade pública desde que você acordou.

Helen soltou um risinho e levantou, ajeitando os cabelos.

— Eu vou preparar café. Você… fica aqui. Controla esse monstro.

— Você fala como se eu tivesse um dragão preso no short.

— Não tá longe.

Ela se afastou caminhando, ciente do olhar dele grudado em suas pernas nuas. Antes de sair do quarto, virou-se por sobre o ombro e lançou:

— A propósito… amo esse short cinza, mas prefiro quando você dorme sem nada!

Ethan fechou os olhos, rindo.

— É melhor correr, senhora Carter, porque se eu te pego…

Helen correu do quarto e entre risos e olhos marejados, soube naquele instante que aquele era o amor com o qual sempre sonhou.

Feito de toques, de tropeços, de gessos molhados e declarações desajeitadas.

Mas, acima de tudo, feito para durar.

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