Helen estava em silêncio. A comida à sua frente já esfriava, e nem mesmo as provocações de Zoe conseguiam trazê-la de volta ao clima leve e animado de antes. Ethan notou cada mudança: o jeito como ela passou a mão pela nuca pela terceira vez, como seus olhos vagavam pelas janelas, inquietos, e como o sorriso já não alcançava os olhos.
Ele se inclinou para perto.
— Helen… o que foi?
Ela hesitou, como se não quisesse soar paranoica, mas por fim falou, em voz baixa:
— Eu juro que senti alguém me observando.
Zoe parou de mexer no milk-shake e encarou a cunhada.
— Tipo… sensação real ou coisa de grávida cheia de hormônio?
— Real. — disse Helen, séria. — Foi como um arrepio. Um calafrio que começou no meio das costas e subiu até a nuca. Eu nunca senti algo assim.
Ethan automaticamente ficou alerta. Seus olhos buscavam reflexos nas janelas, as ruas do lado de fora, os carros, os rostos. Mas nada chamou atenção. Ainda assim, ele conhecia Helen o suficiente para saber quando ela estava tentando ser racional sobre algo que a afetava profundamente.
— Tem certeza de que não viu ninguém?
— Não. Mas… era como se tivesse alguém do lado de fora me olhando com… raiva. — ela mordeu o lábio inferior. — Eu sei que parece absurdo.
— Não parece. — disse ele, firme, colocando a mão sobre a dela. — E mesmo que seja só intuição, eu vou confiar em você.
— Ethan… — ela sussurrou, tocada pela reação dele.
— A partir de agora, você não vai a lugar nenhum sozinha. Nem até a esquina.
— Talvez seja só cansaço. Os exames, os hormônios…
— Helen. — ele disse com ternura, mas em tom decidido. — Mesmo que seja tudo isso… eu prefiro exagerar na proteção do que me arrepender depois.
Zoe suspirou, pegando o celular e abrindo o aplicativo de mensagens.
— Eu vou pedir pra mamãe marcar um café com a gente essa semana. Ela vai saber se isso é coisa de gravidez ou não. E se ela disser que tem algo estranho, a gente parte para investigação com a CIA. — ela piscou.
Helen sorriu, mais por gratidão do que por alívio.
Liam, que observava em silêncio, tomou a palavra:
— Vocês estão passando por um momento delicado. Ainda que seja só paranoia… é bom estarem atentos. O instinto não mente.
Ethan assentiu, ainda com o olhar varrendo os arredores pela janela.

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