O elevador subia silencioso pelos andares da Carter Enterprises, cortando os andares como uma flecha prateada. Lá dentro, a luz suave refletia nos cabelos soltos de Helen, que se ajeitava diante do espelho metálico da parede enquanto disfarçava o nervosismo com um sorriso tímido.
Ela ainda se acostumava com o novo ritmo: as mudanças no corpo, os olhares atentos, as reações hormonais inesperadas… mas nada se comparava ao que sentia agora, ao lado dele.
Ethan, recostado ao lado dela, usava o reflexo do vidro para observá-la com um sorriso absolutamente bobo no rosto. Não era o Ethan CEO. Era o Ethan marido apaixonado. E completamente rendido à visão da mulher grávida que carregava seu filho.
— Vai continuar me encarando assim até eu ficar envergonhada? — ela perguntou, de sobrancelha arqueada, tentando soar firme, mas a voz saiu doce demais.
— Não. — respondeu ele, inclinando-se até sua boca quase tocar o lóbulo da orelha dela. — Eu vou continuar te encarando assim… porque você fica envergonhada e você fica ainda mais linda.
— Você é impossível.
— E apaixonado. — completou ele, roçando os lábios em seu ombro nu, onde o vestido mostrava pele demais para o autocontrole dele. — E bobo. Confesso.
O “ding” suave do elevador anunciou a chegada ao último andar. As portas se abriram lentamente e os dois foram recebidos por um verdadeiro coral animado:
— Bom dia, casal poderoso!
— Senhor Carter, senhora Carter! Que honra!
— Parabéns pela gravidez, Helen! Que alegria maravilhosa!
Helen arregalou os olhos, surpresa com o acolhimento inesperado. Mal tinha dado os primeiros passos e já recebia abraços, sorrisos e olhares brilhando de curiosidade e carinho.
— Eu… nossa! Muito obrigada, gente! — ela disse, rindo, com uma das mãos automaticamente pousando sobre o ventre ainda discreto.
Uma das funcionárias apareceu com uma bandeja improvisada:
— Chá de camomila, Helen. E biscoitinho de aveia. Pra acalmar os nervos e alegrar o bebê!
— Gente, vocês são demais! — Helen pegou o copo com as duas mãos, emocionada com o gesto.
Outra funcionária se aproximou, encarando Ethan com um sorriso maroto:
— E o senhor Carter tá com um brilho no olhar que eu nunca vi. Tá explicado o motivo de andar flutuando pelos corredores.
— Ei! — Ethan fingiu indignação. — Eu sou um chefe sério.
— Sério? — Helen virou-se para ele com um olhar provocador.
— Relativamente sério. Tá… medianamente sério. — ele cedeu, rindo, entrelaçando os dedos nos dela. — Com licença, pessoal. Preciso levar minha esposa até a sala dela antes que eu a esconda comigo no escritório o dia inteiro.
Entre risadinhas e suspiros de “que casal”, os dois seguiram pelo corredor com passos sincronizados. Helen, com o salto firme, o vestido azul que realçava sua beleza natural. Ethan, imponente e casual, como um rei orgulhoso desfilando ao lado da rainha.
Quando chegaram à porta da sala de Helen, ele se virou devagar. O brilho nos olhos era o de um menino apaixonado.
— Espera. Antes de entrar…
Ela mal teve tempo de reagir.
Ethan a puxou pela cintura e a beijou com intensidade. Nada casto. Nada discreto. Um beijo de amor declarado, de desejo exposto, de orgulho escancarado.
Os funcionários na recepção praticamente aplaudiram.
— MEU DEUS!
— Eu não aguento vocês. Ele tá muito bobo.
— Ele tá louco por você. — disse Tânia, com um sorriso mais terno. — E, sinceramente, eu nunca vi Ethan tão leve. Ele parece completo. Como se o mundo inteiro tivesse feito sentido pra ele.
Helen olhou para a própria aliança, depois pousou a mão no ventre.
— Eu também me sinto assim. Como se… tivesse finalmente encontrado o meu lugar no mundo.
✲ ✲ ✲
Mas longe dali, em um apartamento escuro, as cortinas cerradas e o ambiente mergulhado num silêncio quase fúnebre, Miranda observava o laptop sobre a mesa.
Os olhos fixos em um vídeo pausado. Ethan beijando Helen na recepção da empresa. O olhar dele para ela. O sorriso, a intensidade, o toque.
Miranda apertou os dedos contra a mesa com tanta força que o anel de prata entalado no indicador afundou na pele.
— Te amo, sua chatinha… — ela repetiu, com a voz carregada de escárnio. — Vamos ver até quando esse amor sobrevive.
A sala estava repleta de papeis, fotos recortadas, cópias de documentos falsos, celulares sem chips. E, no centro, um monitor com imagens da Carter Enterprises transmitidas discretamente por um software de acesso remoto.
Ela digitou algo rápido, com os olhos insanos e o rosto inexpressivo.
Enviar localização.
A mensagem seguiu para um número sem identificação. O plano estava em movimento. E enquanto o mundo sorria ao redor de Ethan e Helen, Miranda já havia dado o primeiro passo. O tipo de passo que não tem volta.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu