Ethan Carter
Essa é a única palavra que define como me sinto hoje. Como pude agir daquela maneira com Helen? Ela não merecia isso, nunca mereceu.
Agora, por minha culpa, todos na empresa a olham de maneira diferente. Os sussurros, os olhares carregados de malícia, os comentários maldosos…
Tudo por minha irresponsabilidade. Tudo porque fui um egoísta.
Minha imprudência a expôs de uma forma cruel, e eu nem sequer tentei impedir. Eu preciso consertar isso. Mesmo que não saiba como.
O som metálico do elevador anunciando a chegada à cobertura me tira dos meus pensamentos. As portas se abrem, e eu sigo direto para minha sala, tentando organizar minha mente antes que a culpa me sufoque de vez.
— Bom dia, senhor Carter. — Simone, minha secretária, me cumprimenta assim que passo pela recepção. — Sua reunião com o senhor Moretti será em trinta minutos.
— Ótimo. Quando todos chegarem, me avise. — O tom da minha voz sai seco, mas não por impaciência é exaustão. Antes de entrar na minha sala, me viro para Simone e pergunto:
— O senhor Owes já chegou?
— Ainda não.
— Entre em contato com a secretária dele e diga que, assim que chegar, venha até minha sala.
— Sim, senhor.
Dou um passo para entrar na sala, mas paro antes de fechar a porta e digo:
— Ah, Simone… — Ela me encara, esperando minha ordem. — Traga um café forte. E aspirinas.
Ela apenas assente, e eu finalmente entro. O cansaço me atinge como um golpe pesado. Coloco minha pasta sobre a mesa e desabo na cadeira, afrouxando o nó da gravata. Por Deus, como deixei isso chegar a esse ponto?
Respiro fundo, tentando afastar os pensamentos, mas ao pegar o celular para verificar minhas mensagens, me deparo com o descanso de tela.
Uma foto de Miranda.
— Droga!
Minha mandíbula se contrai, e, sem hesitar, eu a substituo por uma imagem qualquer. O risco de alguém ver e suspeitar é grande demais. Mas por que diabos minha vida precisa ser tão complicada? Fecho os olhos por um instante, tentando aliviar o peso no peito.
Mas não adianta, porque a culpa ainda está lá, e pior… pela primeira vez, estou disposto a encará-la. Eu amava Miranda, mas não poderia continuar magoando Helen dessa maneira.
A porta da minha sala se abre sem aviso, e um suspiro irritado escapa antes mesmo de eu ver quem entrou.
— Pela sua cara… — A voz carregada de sarcasmo denúncia Liam.
Abro os olhos e o encaro, cansado demais para discutir. Ele se senta na cadeira à minha frente, cruza as pernas com tranquilidade e me observa.
— Você não fazia ideia? — Ele pergunta, arqueando a sobrancelha.
Minha garganta seca e respiro fundo antes de admitir:
— Não.
Ele gargalhou alto, e minha irritação só cresceu.
— Você está me deixando ainda pior! — Rosno irritado.
— Cara… há há há! — Ele tenta recuperar o fôlego. — Desculpa, mas isso foi divertido!
Cruzo os braços, lançando um olhar mortal para ele e digo irritado:
— Eu não vejo graça.
— Pensa só. — Ele limpa uma lágrima do canto do olho. — Helen sempre teve o pior de você. Sempre foi ignorada, desprezada e de repente, você acorda e resolve ser o marido perfeito? Qualquer pessoa desconfiaria.
Eu não respondo, porque por mais que me doa admitir, ele tem razão. Helen não tem motivos para acreditar em mim. Não depois de tudo que fiz. Encosto minhas costas na cadeira e digo irritado:
— Definitivamente, você não está me ajudando. — Murmuro, massageando as têmporas.
— Deixa de bobagem. — Ele se levanta, esticando os braços. — Você vai ver. Daqui a pouco, vocês estão trocando confidências e… quem sabe algo a mais?
Levanto os olhos imediatamente, lançando um olhar sério.
— Não diga asneiras.
Liam apenas sorri de canto. Porque ele sabe de algo que eu ainda me recuso a admitir. E por mais que eu tente negar…
Talvez, no fundo, uma parte de mim já esteja torcendo para que ele esteja certo.

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