A tempestade que se anunciava não era feita apenas de nuvens e vento. O céu, denso, carregava tons metálicos que pareciam refletir exatamente o que se espalhava silenciosamente dentro da torre da Carter Enterprises: o pressentimento de que o inimigo havia cruzado os limites.
Helen e Ethan chegaram cedo, como de costume. O elevador subiu com suavidade, como se ainda não soubesse do que estava prestes a acontecer. Lá dentro, eles trocaram sorrisos, toques nos dedos, olhares cúmplices. Mas por trás das gentilezas, havia tensão. Uma inquietação quase instintiva. O tipo de silêncio que precede a queda.
— Dormiu bem? — Ethan perguntou, apertando levemente a mão dela.
— Tentei. Mas… — Helen fez uma pausa, olhando para a luz fria do teto. — Sinto como se algo estivesse por vir. E não é o bebê.
Ethan puxou-a suavemente para perto.
— Nada vai te tocar, Helen. Nem a você, nem ao nosso filho.
Ela apenas assentiu, mas o frio na espinha não passou.
Enquanto isso, no subsolo do prédio, Liam assistia em silêncio às gravações de segurança da empresa. O ambiente era escuro, iluminado apenas pelas luzes dos monitores e pela tensão que se instalava entre as paredes.
— Volta. — disse ele, com os olhos cravados na tela. — Trinta segundos antes. Pausa ali.
O operador de segurança obedeceu.
O vídeo congelou em uma imagem: o corredor do 12º andar, no fim do expediente da noite anterior. Uma mulher de cabelos presos, sobretudo negro e uma mochila atravessada no ombro caminhava como quem pertencia àquele lugar. Mas algo estava errado. O crachá estava desalinhado e, o mais assustador: ela entrou na sala de Helen.
— Ela ficou exatamente quatro minutos. — disse o operador, inquieto. — Depois disso, houve interferência nas câmeras. Quinze segundos. E então… nada. Como se tivesse evaporado.
Liam se levantou da cadeira com um movimento brusco.
— Manda isso pro meu e-mail. Agora. Bloqueia esse trecho no sistema. Ninguém além de mim e do Ethan pode ver isso.
— Sim, senhor.
O celular de Liam vibrou no bolso.
Notificação da recepção.
“Sr. Owes, uma entrega anônima chegou agora para Helen Carter. Foi deixada na recepção sem identificação. Está sendo levada à sala dela.”
Liam sentiu o estômago gelar.
— Merda…
✲ ✲ ✲
Helen estava sentada à sua mesa, terminando de responder a um e-mail de um fornecedor, quando bateram à porta.
— Pode entrar!
Tânia entrou com um sorriso breve, equilibrando uma caixa branca nas mãos.
— Chegou isso pra você, Helen. Acabaram de entregar lá embaixo.
Helen franziu o cenho.
— Quem mandou?
— Ninguém soube dizer. Só deixaram com seu nome.
— Deixa aqui. Eu vejo depois.
A caixa foi colocada sobre a mesa. Era de papelão reforçado, sem marcas comerciais, com um laço vermelho simples. Havia algo nela que incomodava e Helen não sabia explicar exatamente o quê.
— Quer que eu abra? — perguntou Tânia preocupada com a amiga.
— Não. — ela respondeu, engolindo em seco. — Pode deixar comigo.
Tânia saiu, deixando a sala mergulhada em um silêncio cortante.
Helen ficou olhando para a caixa por longos segundos. O coração batia mais rápido, e o ar parecia mais denso. Uma parte dela queria sair correndo. Outra, precisava saber o que havia ali dentro. Finalmente, com os dedos trêmulos, ela puxou o laço vermelho e abriu a tampa.
O grito morreu na garganta.

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